23 novembro 2007
Aeroporto para quê?
Já chamámos aqui, aqui e aqui a atenção para a existência de slots livres -- os blocos de chegadas e partidas de aviões -- na Portela e portanto para o facto de o aeroporto de Lisboa [sobretudo das constantes obras que tem tido desde que foi aberto em 1947] não estar acima da sua capacidade [e até podia ter mais, se as pistas não fossem cruzadas, caso em que as descolagens em simultâneo seriam possíveis, e se houvesse concorrência livre entre operadoras aéreas, em particular se as novas companhias aéreas não fossem discriminadas].
A Comissão Europeia veio dizer algo semelhante, e sobre quase todos os aeroportos.
Em 15.11.2oo7 a Comissão adoptou uma Comunicação sobre a aplicação do já existente Regulamento Comunitário sobre Slots. A ler. E a comparar.
ver
Communication on the application of Regulation (EC) 793/2004 on common rules for the allocation of slots at Community airports
Press release (IP/2007/1703) Airport slot allocation: for a better use of scarce airport capacity in Europe
Council Regulation (EEC) 95/93
Marcadores: aeroporto, Comissão Europeia, concorrência, Lisboa, slots, UE
22 novembro 2007
Arte portuguesa na Sotheby's
De vez em quando acontece: lá aparece uma interessante peça portuguesa num leilão da Sotheby's ou Christie's, e alguns de nós ficam com alguma tentação em comprá-la e fazê-la voltar a Portugal.
Desta vez é o caso deste curioso cofre em tartaruga e estanho, com interessantes motivos florais de lado e uma personagem feminina bem divertida à frente.
Trata-se do lote 2 ['A PORTUGUESE-COLONIAL PEWTER MOUNTED AND ENGRAVED PEWTER INLAID TORTOISESHELL CASKET'], primeira metade do século XVII, com base de licitação em £4,000 [cerca de €6000] e estimativa de £6,000 [€9000], que vai 'à praça' em dia 4.12.2oo7 às 11 horas na Sotheby's em New Bond Street, Londres.
Marcadores: arte, arte indo-portuguesa, arte portuguesa, leilões, patrimonio, sotheby's
21 novembro 2007
Portas gate
Quando parecia adormecido e verdadeiramente neutro para a opinião pública, Paulo Portas reaparece.
Desta vez por ter tirado -- ou mandado tirar -- cópias de documentos no Ministério da Defesa, antes de abandonar o cargo de Ministro, que ocupou por uns meses.
Lê-se no Expresso que 'Empresa entrou sem registo no MDN. Funcionários afirmaram que viram nos documentos inscrições como “Confidencial”. Portas garante que apenas recolheu documentos pessoais'.
Curioso: Pessoais??? Se eram pessoais porque estavam no Ministério? E sendo pessoais, para quê deixá-los lá? E sendo pessoais, qual a necessidade de Paulo Portas copiá-los se já eram seus?
Não faz sentido nenhum.
Refere o Expresso: 'Que documentos mandou digitalizar Paulo Portas no Ministério da Defesa Nacional (MDN) antes de abandonar o cargo de ministro, em Fevereiro de 2005? Esta é uma dúvida presente no processo ‘Portucale’ que o Ministério Público (MP) nunca quis esclarecer. Apesar de existirem nos autos declarações dos funcionários da empresa de digitalização que afirmam terem visto nos documentos expressões como ‘Confidencial’, ‘NATO’, ‘Submarinos’, ‘ONU’ e ‘Iraque’. Ao todo, segundo a descrição que consta na factura emitida pela empresa que realizou o serviço, foram digitalizadas 61.893 páginas'.
Mais de 60 mil páginas de documentos pessoais?
E não foi barato: 'A digitalização dos documentos da Defesa foi paga pelo ex-assessor jurídico André Huet: um cheque de 3000 euros e duas tranches de 600 euros em numerário. Portas disse ao Expresso que depois “acertou contas”'.
Lê-se também no Expresso: 'A primeira testemunha a abordar o assunto foi Ricardo Soares, inquirido a 17 de Outubro de 2005. Questionado pela Polícia Judiciária (PJ) se se recordava do teor dos documentos que recolheu no MDN, respondeu negativamente. “Apenas se recordando que nas lombadas dos respectivos dossiês se encontravam inscrições como ‘Submarinos’ e ‘Iraque’”, lê-se no auto. O mesmo referiu Hernâni Santos, que trabalhou como tarefeiro para a referida empresa: “Apenas se recorda que nas lombadas dos referidos dossiês se encontravam inscrições como ‘Submarinos’, ‘Iraque’, ‘ONU’, ‘NATO’, tendo em muitas dessas pastas a indicação ‘Confidencial’”'.
ONU, NATO, Iraque: assuntos pessoais?
Para cúmulo, 'Nos mesmos depoimentos, algumas destas testemunhas declararam que entraram no MDN entre as 20 e as 21 horas, tendo sido indicado o dia 12 de Fevereiro (um sábado). “Ao entrar pelas traseiras do edifício. como foi indicado, apenas tiveram que dizer que iam ter com o referido assessor do ministro, tendo um militar aberto a cancela e não tendo pedido nenhuma identificação das pessoas que iam na carrinha”, declarou Ricardo Soares'.
Marcadores: cds, documentos, documentos confidenciais, Ministério da Defesa, NATO, ONU, paulo portas, PSD, Santana Lopes, submarinos
20 novembro 2007
Grandes momentos de 2oo7: Prémio Champalimaud ao sistema de Aravind
Marcadores: Aravind, cegueira, Champalimaud, Champalimaud Foundation, Fundação Champalimaud, India, Índia, prize, saúde
19 novembro 2007
A Ordem dos Advogados.
Alguns resultados do Inquérito Nacional aos Jovens Advogados feito por um dos candidatos a Bastonário da Ordem dos Advogados:
64,7% [1142 respostas] dos jovens advogados não se considera representado pela Ordem dos Advogados; e
- 55% [972 respostas] dos jovens advogados não concorda com o actual modelo de organização e funcionamento da sua Ordem.
Marcadores: advocacia, advogados, Ordem dos Advogados
18 novembro 2007
O Fado das Estradas de Portugal
'Povo que lavas no rio
E talhas com o teu machado
As tábuas do meu caixão.
Pode haver quem te defenda
Quem compre o teu chão sagrado
Mas a tua vida não.'
Marcadores: estradas, privatizacao, privatizacoes
Lisboa não sejas...
'Não namores os franceses
Menina, Lisboa,
Portugal é meigo às vezes
Mas certas coisas não perdoa
Vê-te bem no espelho
Desse honrado velho
Que o seu belo exemplo atrai
Vai, segue o seu leal conselho
Não dês desgostos ao teu pai
Lisboa não sejas francesa
Com toda a certeza
Não vais ser feliz
Lisboa, que ideia daninha
Vaidosa, alfacinha,
Casar com Paris
Lisboa, tens cá namorados
Que dizem, coitados,
Com as almas na voz
Lisboa, não sejas francesa
Tu és portuguesa
Tu és só pra nós
Tens amor às lindas fardas
Menina, Lisboa,
Vê lá bem pra quem te guardas
Donzela sem recato, enjoa
Tens aí tenentes,
Bravos e valentes,
Nados e criados cá,
Vá, tenha modos mais decentes
Menina caprichosa e má
Lisboa não sejas francesa'
[O Francesa seria, hoje, Americana ou Chinesa... mas o bold com interpretação actualista e não xenófoba, s.f.f.]
17 novembro 2007
O Lorenzetti não vai fechar já,
como a maioria dos blogs nos últimos tempos.
Passou a 'moda' [felizmente] e agora sobrevivem, espera-se, os bons e os 'legítimos'. A saber, aqueles que não são feitos, desde logo, para autopromoção dos putativos autores, muitos dos quais -- 'os putativos autores' -- até 'evoluíram', para outras páginas [impressas] e para outros locais [empresas, jornais, partidos, etc].
Lorenzetti continua igual a si mesmo.
Escreve do que quer, quando quer. Sem pressão de rankings e audiências. E sem perder de vista que não escreve apenas para si, embora apenas com a sua consciência.
Seja cozinha, literatura, política, sociedade, arquitectura.
Mas agora, Lorenzetti escreve do que quer, quando pode. Muda novamente de cidade e de país, e o seu belo horário britânico vai ser tomado pelos horários continentais: será muito difícil escrever todos os dias.
Até porque Lorenzetti pensa que -- e pratica -- deve escrever-e e falar-se muito, mas para isso há que ler-se e ouvir-se muito mais.
Tendo o ano 365 dias e o dia 24 horas, o tempo de escrita é limitado,como o de leitura [sem esquecer da selecção e compra da leitura] é-o também. E, já não sendo herdeiro -- as famílias têm ciclos, como diz a Senhora minha mãe -- passo horas no escritório.
E algumas em casa, quanto à casa: pois sem criadagem em número e qualidade adequados, não é fácil, sem tempo, manter arrumação como se quer. Qual a empregada doméstica que controla a humidade e temperatura? Que verifica os e.mails e aniversários? Que limpa bem as pratas? Que nada parte? Que recupera molduras? etc. Sobretudo, quando não a maçamos, como não gosto de fazer, a mais que o indispensável.
E assim acontece.
Quanto ao blog, é como diz JPP no seu Abrupto:
'Tudo isto sem comentários abertos, um dos meios mais fáceis para obter "audiências", nem os truques técnicos que abundam hoje, usados por conselheiros especializados de como se sobe nas listas, como se falsificam rankings, listas e lugares no Google . Esta situação do Abrupto incomoda muita gente, que utiliza todos os truques do ofício para arranjar listagens com critérios "subjectivos" que forneçam rankings diferentes, que misturam blogues genuínos com falsos blogues pornográficos, na maioria dos casos com o evidente objectivo de evitar que o Abrupto apareça sempre nos primeiros lugares. Quando os instrumentos de medida que permitem comparar blogues, como o Page Rank, o Google Analytics ou o Technorati, teimam em colocar o Abrupto à frente, atacam os mensageiros, que "como todos sabem, não prestam". A prática deliberada de muitos blogues de fazerem ligações a tudo menos ao Abrupto assim como de citar sem "ligar", tem as suas consequências: o Abrupto é muito mais citado do que "ligado", como se verifica quando se faz uma procura pelo nome do blogue ou do seu autor. Porém, como os milhares de leitores quotidianos do Abrupto estão fora destes pequenos círculos interiores da blogosfera, o blogue continua de boa saúde e recomenda-se. No entanto, não precisam de se afadigar tanto, a lei das coisas é que tudo o que sobe tem que descer e é só esperarem sentados'.
Marcadores: Abrupto, blogs, blogs portugueses, Lorenzetti
Blogs em Portugal.
A coisa não seria de espantar, se a excitação demonstrada pelo bando militante não fizesse a ponte entre a direita engraçada e a esquerda festivaleira. Sem empacho algum, desatam num chorrilho de postumeiras vontades sobre jornais e jornalistas, seguindo o farol da tradição que «inimici sui amicum nemo in amicitias sumit», no que foi acompanhado imediatamente por outros blogs, todos eles numa de «amicus fidelis». Afinal se pretendiam dizer mal do amigo Pacheco Pereira, porque não passaram a publicidade, e deram por bem empregada a pena?'.
O Almocreve das Petas, 20.5.2oo3
Marcadores: Almocreve das Petas, blogs, blogs portugueses
16 novembro 2007
15 novembro 2007
Concessão de 70 e não 90 anos.
Uau.
que 'grande concessão', baixar de 90 para 70 o número de anos e concessão à Estradas de Portugal [além se lembra do caso JAE? Até a PGR fez uma declaração]. Faz lembrar o canalizador que sabemos sofrível e caro, mas o único que conhecemos, e lá vem ele, a pedir 200 porque sabe que assim consegue 150, quando o valor devia ser 100 ou algo do género.
Continua a ser o dobro do normal.
Com mais do dobro da incerteza económica, num mundo em que o petróleo ainda bate nos 100 dólares antes do fim do ano?
As palavras credibilidade e concorrência [para não dizer outras] pode ser apagada dos nossos dicionários. E podemos sublinhar a palavra monopólio. Para não dizer outras...
Ainda por cima com estradas mal construídas, péssimas para o utilizador, com curvas inacreditáveis, tão curtas que parecem [?] para 'poupar' alcatrão, com sinalização marciana, onde mais de 400 pontes tem anomalias graves,
Marcadores: concessão, concorrência, estradas, governo, política, ps
14 novembro 2007
Amadores.
Às vezes penso que vivemos numa sociedade de amadores.
Não porque ache que há uns perfeitos e outros não.
Mas porque tenho a impressão de que há coisas que qualquer um poderia fazer melhor do que os supostos responsáveis.
E não me refiro, por exemplo, ao inglês sofrível de certas tripulações da TAP, por exemplo.
Desta vez, falo simplesmente dos comboios da CP, Lisboa-Cascais, que hoje, dia 15 de Novembro de 2oo7, ainda tinham os relógios com a hora de Verão.
Eram 9h quando, no relógio do comboio que apanhei, estavam escritas 10h.
E a hora mudou no último domingo de Outubro [ver o Observatório Astronómico de Lisboa].
Espero que ninguém tenha entretanto entrado em pânico no comboio, por acreditar na hora que lá vem...
Até porque acertar um relógio [ainda por cima digital] não tem nada de astronómico...
Marcadores: comboio, CP, hora legal, mudança de hora, Observatório Astronómico de Lisboa
Lojas dos Museus, Portugal.
Fica sugestão, retirada da nota de hoje do INSTITUTO DOS MUSEUS E DA CONSERVAÇÃO [IMC]:
'A exemplo de anos anteriores, e tendo em conta o seu assinalável êxito, o Instituto dos Museus e da Conservação (IMC), realiza a campanha “Natal do Livro” que decorrerá de 15 de Novembro a 30 de Dezembro e terá lugar na Loja de Museus no Palácio Foz, em Lisboa e noutras lojas de Museus.
Durante este período, a grande maioria das publicações, designadamente livros de museologia, estudos, monografias, catálogos de colecções e catálogos de exposições temporárias, todos ilustrados com imagens de grande qualidade, reveladoras da riqueza das vastas colecções de arte, arqueologia e etnologia à guarda dos museus nacionais, estarão à venda com descontos muito especiais, e que em muitos casos poderão ascender aos 80% sobre o preço de capa'.
Natal do Livro nos Museus
13 novembro 2007
Mais de 90 anos de concessão?!
Um contrato de mais de 90 anos é algo deveras estranho. Sobretudo uma concessão de estradas e Portugal, ultrapassando em mais do dobro [em alguns casos o triplo] do habitual.
Assim parece acontecer com as Estradas de Portugal. Verdadeiramente estranho, para não dizer pior.
Talvez por este estranho contrato se comece a falar de um estranho financiamento [pois o Ministro Lino diz que não irá sacar fundos ao Orçamento de Estado].
A estranheza do financiamento parece passar pela existência de portagens em tudo o que é estrada [e não apenas as já maçadoras autoestradas].
Não querer acabar com as SCUT, mas ao mesmo criar portagens é ou louco ou bastante suspeito.
PS - não aprecio por aí além o Bloco de Esquerda, como nenhum outro partido, mas nesta questão [ver vídeos acima] foi útil terem colocado a questão [senão talvez não saberíamos dela], apesar de ter sido [erradamente, creio] na sessão sobre o Orçamento de Estado.
Marcadores: autoestradas, concessão, estradas, José Sócrates, Mário Lino, ps
12 novembro 2007
11 novembro 2007
Pluma Caprichosa reloaded.
Já tinha saudades de Clara Ferreira Alves.
A sério.
Não pela literatura -- e os clássicos, os clássicos!!!! -- mas pela ironia.
Aquilo que Clara Ferreira Alves faz melhor [não faço ideia da sua profissão] é ironizar, embora mais com o PSD no governo e menos com o PS [mas com Sócrates, tudo mudou, e CFA ligou novamente o 'modo irónico' mesmo antes de o PSD voltar!].
Crítica social contemporânea, como outrora fizeram actuais gigantes da cultura portuguesa, como o nosso querido Eça ou o vetusto Vieira, os mais ilustres.
Mesmo que isso implique ser odiada por alguns: não que não critique todos, mas num país de analfabetos, há muitos que não a conhecem. E muito menos lêem, sequer, o Expresso [provavelmente Balsemão tê-los-á igualmente como clientes, mas mais na faixa revista Caras, ou pior].
É claro, CFA não escreve livros. Pelo menos que eu saiba, além da sua colectânea de crónicas do Expresso.
Mas também não tem importância.
CFA é mesmo a única razão pela qual pego na revista do Expresso. E qualquer dia, dada a perda de qualidade de conteúdos do 'jornal de referência' dos portugueses, deixo até de ler o caderno principal e o de Economia. Enfim, deixaria de ler o Expresso. Só a última página da revista, a crónica da CFA.
Melhor do que Pulido Valente ou Sousa Tavaes [e como todos três se odeiam...], CFA é uma das poucas que me põe a ler uma revista ou jornal português [o expresso só leio porque todos lêem, e para não perder o contacto com o Portugal 'da rua' como diria Alfredo Pimenta].
Pode soar a arrogante. Mas acho que já tenho idade para me estar nas tintas para isso. Não preciso de provar nada, embora o anonimato de um blog nos possibilite ser mais 'straightforward' sem isso equivaler à morte social... E enfim, mesmo fechados em casa, temos de dar-nos bem com os nossos antiquários, galeristas, merceeiros, cabeleireiros e afins.
CFA fez um artigo delicioso sobre os resorts. Sobre um fraco resort, é certo [mas não tão mau como outros que refere no mesmo texto...]. E dele é especialmente suculenta a parte sobre spa's:
'[...] A spa é, a seguir ao resort, uma das grandes invenções da Humanidade. A spa é um lugar cheio de sugestões tailandesas e brasileiras e caribenhas com um cheirinho de Bali e de Goa. Velas ardem em cantos escuros e tem ofertas para executivos, uma subespécie do turista de resort. Tem a executive massage, a executive pedicure e a executive manicure. E a novidade da manicure com pedras quentes, muito relaxante. A spa tem a reflexologia, o reiki, o shiatsu, e injecções de botox para damas e cavalheiros. Botox? Really? Really.
Um executive entra numa salinha e paga uma consulta com um executante qualificado e sai da spa com a cara toda injectada de botulina tóxica e uma expressão igualzinha à dos guerreiros chineses de terracota que têm milhares de anos e estão muito bem para a idade. Muito bem mesmo. O preço da consulta é descontado no preço do botox. Não se pode pedir mais da vida nem da spa. A spa dá para uma nesga de Mediterrâneo encapelado e uma colina com um cheirinho de Odivelas onde avultam mais resorts mais baratos e sem botox. Na parede, u poster em inglês anuncia o paraíso na terra. English is always spoken [...]'.
Marcadores: Clara Ferreira Alves, crítita social, expresso, Pluma Caprichosa, resort, revistas, spa
O BES e Ronaldo, 'o futebolista português com o ar mais rufia e suburbano'
O programa da SICNotícias referia-se em particular ao facto do BES, um banco 'tradicional' português, ter escolhido para dar a cara' pelo Banco -- no entender do repórter no vídeo acima -- 'o futebolista português com o ar mais rufia e suburbano'.
Esta semana passou-me pelas mãos uma fotografia de Cristiano Ronaldo num colchão em cima de um relvado, fotografia essa que ilustra um anúncio do BES enviado aos seus clientes base.
Diz a ilustração da imagem 'Fixe esta imagem durante alguns instantes. O que é que aconteceu? Nada. Porquê? Porque o Ronaldo é como o dinheiro, parado não rende. Ponha o seu dinheiro a mexer [...]'.
E para subscrições superiores a 2500 euros, há 'oferta de um dvd do Cristiano Ronaldo', mas claro, 'limitado ao stock existente'.
Que excitante.
NOT.
Até o Expresso, outrota 'jornal e referência' publicou um vídeo intitulado ' aNa Cama com Cristiano Ronaldo':
A capa do DVD vem até no anúncio: Ronaldo, bronzeado [aliás, mildly tanned], o título 'Planeta Ronaldo: a ambição de ser o melhor' e um rodapé 'Edição especial Banco Espírito Santo', com o logo do banco.
Acho adorável como um dos princípios base da eficácia da publicidade foi seguido: adequação ao público alvo.
Caso o Eixo do Mal tenha razão, o público alvo ou é o 'rufia suburbano', ou os admiradores de rufias suburbanos. E portanto deitei o anúncio para o lixo. Não fiz porém como um colega meu, que acumula cartas do BES numa pilha, que nunca abriu, e a secretária também parece não o fazer.
Tenha 'Cristiano Ronaldo' ou não um 'look' rufia e suburbano [pelo menos o seu nome é algo não muito longínquo], a utilização de um jogador de futebol em tshirt e calções num colchão [ainda por cima num momento em que a imagem pública do jogador estava associado a alegadas prostitutas inglesas -- e essas terão feito o colchão render... mas não paradas, de facto, e sem receber gorjeta], é de mau gosto.
Não só de mau gosto, como não se viu noutro banco, nem sequer português.
E digo-o porque o BES tem uma tradição positiva face a outros bancos: está associado a uma fundação, a um museu e a uma escola de artes decorativas fundamentais para a arte portuguesa.
É triste ver esta associação a camas e futebolistas. Ou melhor, não por serem futebolistas, mas por terem um ar duvidoso. E porque em qualquer caso -- ou pelo menos no meu -- um futebolista não é propriamente uma referência de vida...
Mas enfim, nem todos podem ser como o Wegelin, ou qualquer outro dos grandes private bankers suíços.
PS - qual é o problema daquelas unhas? Que há ali algo...
Marcadores: BES, Cristiano Ronaldo, Eixo do Mal, publicidade
10 novembro 2007
Curso incompleto por 'falta de tempo'
'1998-1999
Frequentou ainda (sem contudo ter terminado, por falta de tempo) o curso de licenciatura em Filosofia, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto;'
assim li na Almedina.
Marcadores: universidades
09 novembro 2007
Juntas Médicas.
O Governo alterou hoje, finalmente, a composição da juntas médicas: é o DL 377/2007.
Vamos ver se resulta -- tudo depende, como sempre, da aplicação da lei, e não da sua letra...
Podia dizer-se que as juntas médicas têm causado sensação nos últimos tempos, pelos casos escandalosos que têm vindo a público, tipicamente de portugueses com doenças degenerativas muito graves obrigados a desempenhar funções para as quais não têm qualquer perfil clínico, com prejuízo dos próprios e dos utentes dos serviços públicos. Assim acontece no mundo obcecado pelo défice [que não é sequer um requisito nacional, mas algo definido pela Comissão Europeia, onde Estados como França -- mas não Portugal -- intervieram no sentido de salvaguardar os interesses das populações e o Estado Social dos efeitos nocivos de uma obsessão orçamental como se vive em Portugal e que espantosamente ainda não conduziu ao pior, como uma guerra civil ou golpe de Estado. Esperemos que não, mas o tempo o dirá, num país de brandos costumes e na ressaca de 40 anos de ditadura e pobreza extrema, que parece estar a voltar].
O 'último' caso que me recordo de ver na comunicação social era o de uma funcionária de uma junta de freguesia que, como todos os portugueses repararam, tinha um colar cervical permanente [o que, digamos, afecta 'algo' a locomoção e autonomia] além de incapacidade de esforço e movimento constante, devendo estar deitada na maioria do tempo, de modo a não exercer pressão sobre a sua coluna.
Dizia-nos o Público em 4.11.2oo7 que 'Uma funcionária pública que estava de baixa há três anos devido a uma operação cirúrgica mal sucedida, que a deixou fisicamente limitada, foi notificada pela Caixa Geral de Aposentações para se apresentar, segunda-feira, ao serviço.“É uma situação inadmissível, revoltante, injusta e, acima de tudo, desumana”, disse hoje, à Lusa, Ana Maria Brandão, de 43 anos, funcionária administrativa na Junta de Freguesia de Vitorino de Piães. Depois de uma operação mal sucedida a uma hérnia discal, em 1998, Ana Maria é hoje obrigada a usar um colar cervical dia e noite, uma braçadeira no braço direito e uma cinta lombar.“A minha dependência de terceiros é total, mas amanhã, às 9h00, lá estarei, na sede da Junta de Freguesia, para pegar ao serviço”, diz, acrescentando que não consegue escrever, “nem virar uma página”, abrir uma porta, pegar numa pasta, andar mais de 20 metros sem ajuda, ou ir à casa de banho sozinha. Em Fevereiro de 2006, Ana Maria foi a uma junta médica da ADSE, que a terá considerado incapacitada para o trabalho. “Mas entretanto uma outra Junta Médica, na Caixa Geral de Aposentações de Viana do Castelo, disse que não senhora, que ainda podia trabalhar, que ainda era muito nova para a reforma e, na sexta-feira, sou informada pela Junta de Freguesia de que tenho ordens para voltar a pegar ao serviço”, criticou. “Vou ter que ir com o meu pai e ele vai ter que ficar lá o dia todo comigo, porque nem sequer me posso baixar para apanhar um papel que eventualmente deixe cair ao chão”, acrescentou. “Tenho uma lombalgia e uma cervicalgia degenerativas. Se eu peço a reforma é porque sei que não tenho cura. Tomara eu poder sentir-me em condições de voltar ao trabalho e de fazer uma vida normal”, desabafou.Já participou mesmo o seu caso à Procuradoria-Geral da República, que a aconselhou a defender os seus interesses pelas vias judiciais, uma vez que o assunto “não se insere no âmbito da intervenção” daquele organismo. “Não queria ir por aí, porque somos uma família de parcos recursos e toda a gente sabe como os processos em tribunal são morosos e dispendiosos. Mas essa é uma hipótese que tenho que equacionar, em nome da justiça e da minha própria dignidade”, disse ainda.'
Será que uma funcionária com este perfil pode 'funcionar'? Evidentemente que não. E claro que a Junta Médica terá achado o contrário, tanto que o caso veio a público: para ter nova 'baixa', a Senhora teria de exercer funções durante algum tempo. Quando poderiam, perfeitamente, conceder-lhe uma reforma por doença ou uma aposentação compulsiva. E mesmo que não existisse juridicamente essa possibilidade teria de ser criada, pois o Direito é um instrumento do Estado para beneficiar os cidadãos e não um ente autónomo e ditatorial com o qual temos de nos conformar sem limites.
O mais delicioso foi o chefe imediato da referida funcionária ter afirmado que não fazia sentido nenhum ter uma funcionária naquelas condições e que os membros da junta médica em causa deveriam ter sido julgados como qualquer criminoso.
Nem mais.
PS - Depois deste post, foi publicado um artigo de delicioso escárnio da autoria do famoso 'Comendador Marques de Correia', nas Cartas Abertas do Expresso [p.114 da revista Única de 1o.11.2oo7]. Entre outras coisas, diz-se que 'A Junta Médica substituiu, em Porugal, a Santa Inquisição'. 'Hoje, funcionário público debilitado pela doença bate com os costados na Junta Médica e, a menos que se pode que nem um dedo pode mexer, é considerado apto para o trabalho'...
Marcadores: governo, José Sócrates, juntas médicas, ps
08 novembro 2007
1/4 advogados no Paquistão foi preso?
'Outrage over treatment of lawyers in Pakistan
It is reported that at least one in four of all lawyers in Pakistan are now under arrest, including the Chief Justice. The Law Society has called for action, and voiced its concerns alongside the Bar Council and the Association of Muslim Lawyers. Solicitors are encouraged to attend a demonstration opposite Downing Street on Saturday 10 November.
Read more and find out what the Law Society is doing'
Faz lembrar a citação de Shakespeare: 'The first thing we do, let's kill all the lawyers'
Henry VI, Acto IV, Cena II.
imagem: Buddhist Stele. Pakistan, Gandhara (2nd century C.E.), anonymous, doação de Ellnora Krannert ao Museu Krannert, College of Fine and Applied Arts da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign, EUA.
Marcadores: advocacia, advogados, Henry VI, paquistao, Shakespeare
07 novembro 2007
Brasiliana na Biblioteca de Évora
'Por uma Biblioteca Brasiliana Digital é o nome da conferência que se vai realizar na Biblioteca Pública de Évora, na próxima sexta-feira, dia 09. O orador é Pedro Luís Puntoni, Professor da Universidade de São Paulo e Director da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, que deve o seu nome aos beneméritos que doaram o seu espólio a uma das mais conceituadas universidades mundiais.
Em 1927, José Mindlin iniciou sua incessante busca por livros. E após uma longa carreira como bibliófilo, o empresário reuniu mais de 40 mil títulos no seu acervo pessoal, sendo grande parte dele composto de obras raras. De forma significativa, Mindlin sempre manteve o interesse por obras de estudos brasileiros, as chamadas brasilianas. Em 1999, Mindlin decidiu fazer a doação em vida desta parte do seu acervo para a Universidade de São Paulo.
Na “Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin”, os visitantes podem encontrar obras e documentos de cinco séculos de história do Brasil. Entre elas, raridades como um exemplar da primeira edição de O Guarany, de José de Alencar. Esta doação, em conjunto com as obras já pertencentes à USP, formam o maior acervo especializado em estudos brasileiros do mundo, daí o nome de biblioteca brasiliana. Futuramente, os exemplares da biblioteca serão digitalizados e disponibilizados na internet, o que permitirá acesso irrestrito às obras a partir de qualquer parte do mundo.
Preocupado com a perenidade e com o acesso do maior número possível de pessoas, Mindlin escolheu a universidade como receptora da colecção que precisou de uma vida para constituir. “Esta é uma colecção que eu formei em 78 anos e não pode se dispersar. Para refazê-la seria quase impossível, pois ela forma um conjunto indivisível”, explica o bibliófilo responsável por “uma doação sem preço, uma fonte extraordinária de pesquisa e de estudo pela qual nunca conseguiremos agradecer”, nas palavras do bibliotecário e director da Escola de Comunicação e Artes, Luís Milanesi'
Fonte: Universidade de São Paulo / Biblioteca Pública de Évora
Marcadores: biblioteca, Brasil, brasiliana, Évora, livros
06 novembro 2007
SS à portuguesa.
Santana e Sócrates foram os dois S do dia de hoje, no grande circo da política.
Curiosamente, da esquerda à direita, todos parecem estar de acordo: o dia de hoje foi a demonstração da má política. Da política inútil, sem substância, de má forma e em má forma.
A discussão [porque não se tratou de debate] entre Santana Lopes e José Sócrates, às expensas do Estado [i.e. dos eleitores/cidadãos/povo] e no Parlamento não foi mais do que um recreio de miúdos que discutem qual o maior: se o de um ou o de outro.
O país ficou para terceiro lugar, lugar ao qual nunca se chegou no referido 'debate'.
Desde logo nem se falou, a sério, do Orçamento de Estado para 2oo8, que seria o suposto tema do dia.
Assim não vamos mesmo a lado nenhum. Apenas os S's.
imagem: capa da Punch - 'Parliamentary Circus'
Marcadores: José Sócrates, parlamento, política, ps, PSD, Punch, revista, Santana Lopes
05 novembro 2007
L'esprit.
'C’est qu’homme d’esprit ne signifie pas esprit supérieur, talent marqué, et que bel esprit le signifie. Ce mot homme d’esprit n’annonce point de prétention, et le bel esprit est une affiche: c’est un art qui demande de la culture: c’est une espèce de profession, et qui par là expose à l’envie et au ridicule'
'Esprit', section II, Dictionnaire Philosophique de Voltaire, 1769
imagem: Voltaire [1741] Lettres historiques et galantes de Madame du Noyer, Londres
04 novembro 2007
Marcadores: barroco, Le Bourgeois Gentilhomme, Louis XIV, Lully, Marche pour la Céremonie des Turcs, Molière, música, Versailles
03 novembro 2007
Curioso Presidente da AR.
E 'dinossauro' político português...
De facto podiam evacuar a sala.
Marcadores: 69, deputados, gato fedorento, Mota Amaral, parlamento, política, PSD
Tão democratas que nõs éramos...
EU Presidency Statement on the Belarus Social March
The Presidency of the European Union takes note that the Social March scheduled for 4 November 2007 was permitted by the Belarusian authorities.
However, the Presidency remains concerned that the Belarusian authorities have detained one of the organizers of the Social March, along with some youth activists.
The Presidency hopes that this March will be allowed to take place in a climate free of harassment and intimidation, as well as in accordance with Belarusian international obligations, and calls upon the Belarusian authorities to refrain from the use of force in the course of the demonstration.
This would show evidence of a more constructive approach by the Belarusian authorities, which would be evaluated favourably by the EU.
Estou certo que José Sócrates e o 'seu' PS saberão dar o exemplo, no caso português...
... embora haja algum cepticismo:
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02 novembro 2007
01 novembro 2007
O editorial tolo.
O fim da monarquia e o século XX, em particular o pós [2ª] guerra, foram de grande mudanças sociais. Uma delas foi a emergência dos anónimos. Cargos outrora reservados a uma elite [senão económica, pelo menos intelectual], passaram a ser acessíveis a quase todos. Isso trouxe pessoas de qualidade, mas também alguns penetras tristes.
Li um editorial bem tolo do Diário Económico. Era quarta-feira, 24 de Outubro de 2oo4, e estava eu precisamente no aeroporto de Lisboa.
Sob o título de ortografia duvidosa 'O sindicato xiíta' [sic], um senhor chamado André Macedo, referido como 'director adjunto', com a sua foto ao lado [em mangas de camisa, sem casaco, apesar de ter uma gravata], 'escreveu' sobre a greve dos pilotos.
Confesso que não sou piloto e acho que não conheço nenhum da TAP. E até sofri com a última greve: tive de antecipar um voo que tinha para um dos dias de greve.
No entanto, não estou aborrecido. É raro haver greves de pilotos [o que aborrece mesmo é que as façam no Natal, como já sucedeu]. Pessoalmente não me ralo: a confusão nos aeroportos é tal nessa época que me abstenho, se puder, de por lá passar.
No dito editorial, escreve o senhor Macedo que 'Há muito tempo que os sindicatos deixaram de importunar as empresas privadas com greves sucessivas'.
Pergunto-me se a greve da TAP era sucessiva. Creio que não. Isso é a dos funcionários dos museus, que faziam sempre na mesma altura do ano.
Diz o senhor Macedo que 'as empresas paralisadas ficavam em situação ainda mais difícil e eram obrigadas a fechar as portas de vez'. Ora afirmando-se como bom defensor do mercado, não se percebe como é que não aceita isto bem. Eu aceito. Se uma empresa fecha por causa de uma greve, é porque não geriu bem a relação com o seu pessoal e não o manteve estimulado. E se fechou, azar. Haverá outras. É o livre mercado, caro editor do Diário Económico...
Continua o senhor Macedo: 'Como o emprego é cada vez mais um bem escasso, esta forma de protesto perdeu relevância. Hoje está confinada a dois oásis: a função pública e as empresas que ainda funcionam debaixo do tolerante guarda-chuva do Estado. Compreende-se: para estes trabalhadores privilegiados – privilegiados por terem emprego para a vida, sem riscos e sujeitos a fraca concorrência – não há dias de chuva. O posto de trabalho está garantido. O salário chega sempre no dia combinado, certinho e contadinho. Os direitos são sempre mais do que os deveres. E a vida continua, na sua cómoda irresponsabilidade'.
Esta afirmação é ainda mais 'cassete' que a cassete atribuída aos comunistas pelos marretas do Contra Informação.
Tal como outros, o senhor Macedo [há que apontá-lo, uma vez que é ele que assina o artigo e coloca a sua foto, mesmo sendo um editorial] parece ter o complexo de ego, a inveja, de não ter uma situação semelhante. Porém -- sinal de duvidosa inteligência, na minha modesta opinião -- em vez de lutar para ter esses mesmos direitos, escreve um artigo a defender que outros os percam... Peculiar, vraiment.
Então 'trabalhadores privilegiados – privilegiados por terem emprego para a vida, sem riscos e sujeitos a fraca concorrência [...] O posto de trabalho está garantido. O salário chega sempre no dia combinado, certinho e contadinho. Os direitos são sempre mais do que os deveres. E a vida continua, na sua cómoda irresponsabilidade'.
A última frase é típica do ressabiado.
As restantes parecem saídas de uma economia manhosa na África ou na Ásia: para o editor Macedo, parece ser normal não ter estabilidade laboral e sobretudo ter salário ao calhas, sem dia, errado e não contado. E ter muitos deveres e poucos direitos. Sinceramente, caro senhor Macedo, os seus filhos, caso os tenha, devem sofrer... Uma mesada ao calhas, sem dia certo, em valor errado e não contado. E muitos deveres e poucos direitos. Um verdadeiro Torquemada da paternidade [mas sem a cultura de Torquemada]?
Arauto da 'responsabilidade', admira que o autor do artigo tenha como emprego o de editor de um jornal económico em Portugal, um dos países mais pobres da Europa. Com tanta sabedoria de mercado e tendo em conta a sua idade, esperava vê-lo como senior banker ou analyst ou mesmo VP aspirante a director em qualquer dos grandes bancos de investimento em Nova York, Tóquio ou Londres. Mas não. Continua na Rua da Oliveira ao Carmo, a escrever editoriais.
E insiste o senhor Macedo: 'Os pilotos da TAP e o sindicato xiíta [sic] que os representa são assim: irresponsáveis. Não é exagero, é a verdade. Vejamos: o que querem os pilotos. Simples: trabalhar menos, trabalhar até aos 60 anos. Faz sentido? Há razões de segurança que justifiquem este privilégio que outras classes estão a perder e que outras mais perderão? A resposta é simples: não'.
Poderíamos ter achado que o senhor Macedo tinha tido um lapso. Mas não. Aqui repete e reforça a ideia: a reforma aos 60 é um privilégio. Suponho que o senhor Macedo não se queira reformar. Problema seu e de todos os que não têm personalidade própria e capacidade de gerir tempos livres, muitas vezes devido a uma origem social infeliz. Deixe os outros em paz. Diz que 'Há razões de segurança que justifiquem este privilégio que outras classes estão a perder e que outras mais perderão?'. Ora há quem ache que sim. Primeiro quem entenda que não é um privilégio, mas um direito. Segundo, quem entenda que se alguns já o perderam, não devem perder os outros esse direito, que deve ainda ser recuperado para os que o perderam. Chama-se a isto consciência social, ética e princípios, caro senhor Macedo, pilares da qualidade de vida numa sociedade avançada. Contrariamente a si [a atentar ao seu editorial], há quem não deseje ser um joguete de uma economia feudal. Provavelmente até, muitos membros do Diário Económico, mal representados pelo editorial que o senhor assinou.
O senhor Macedo continua os disparates, dos quais acredito que não terá culpa [é uma vítima do sistema e de fraca educação, dirão]: 'Os 670 pilotos da TAP não pensam, no entanto, assim. Representados por um sindicato em chamas, querem continuar a viver numa bolha luxuosa. Querem salários de futebolistas e estatuto de astronautas. Deviam saber: não são uma coisa nem outra. São pilotos de uma empresa que vai ser privatizada em breve – esperemos que depressa. Não há nada que algumas colheradas de mercado e concorrência não resolvam. A vida vai ser dura'.
Pergunto-me o que ganhará o senhor Macedo com estas afirmações disparatadas. Um cargo na direcção de um jornal de um país perdido na Europa? A mim soava a bem pouco.
Continua o discurso do medo e da repreensão. Num misto de 'Ministra da Educação' [em versão masculina] e de 'Donald Trump' [em versão pobre], o senhor Macedo espraia a sua inveja, a sua frustração [nunca conseguiu ser futebolista, quanto mais piloto], e portanto escreve em jornais, de forma [essa sim] incendiária.
Para ele, a privatização é óptima: despedir pessoas vai acalmá-lo um pouco.
Só tem um paradoxo: reduz as receitas do Estado [pois a TAP para ser 'privatizável' tem de ser lucrativa] e vai fazer aumentar os impostos.
Paradoxos do 'neo-liberalismo'.
E ficámos sem saber porque é que o senhor Macedo intitulou o seu editorial de 'O sindicato xiíta' [sic].
Esperemos que não lhe dêem razão. Porque se assim for e os xiitas forem assim tão violentos, o senhor Macedo não estará cá para a semana para escrever outro editorial.
Mas receio que não sejam.
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Aeroporto.
Agora discute-se Alcochete. Já não há paciência. Deixem como está, porque tal investimento num momento de contenção até faz confundir determinação governamental / política com outra coisa bem menos bela... e legal. Depois de 40 anos de obras no aeroporto da Portela [e de um novo terminal este ano], seria interessante aproveitar o investimento.
A actuação do governo português [seja o PS seja o PSD] nesta matéria, como em outras, faz-nos recordar crianças que passam de um brinquedo para outro cada 5 segundos, sobretudo sem arrumar o anterior.
O problema é que Portugal não só não tem dinheiro para brinquedos [diz-nos o próprio Governo], como a altura não é de brincadeiras, o brinquedo em causa não é pedagógico e também não há ama para arrumar a confusão.
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