26 dezembro 2005

SMS, Natal e Ano Novo

$M$ de Natal, $M$ de Ano Novo


€ v€rdad€.

Em plena 'crise', como dizem os jornais, 70 e tal por cento dos Portugueses enviaram SMS a desejar bom Natal.

E não são, já se sabe, pessoas que substituíram o velho cartão; a maioria nem os mandava, sobretudo para tanta gente [leia-se, tantas quantas as pessoas que tem na lista telefónica, de centenas ...].

Não mandei uma única mensagem. Claro que agradeci a maioria [por e.mail].

Como é que num país em crise ainda se mandam SMS destes? Não sei se há crise económica, mas há uma crise de tempo. Há quem não saiba como gastá-lo.

Como dizia alguém no outro dia, 'valha-me Santo Nome'.

15 dezembro 2005

Health e Clubes


Hoje recebi uma carta toda simpática de um health club onde estou inscrito e onde --contrariamente aos mais de 10 mil outros inscritos -- vou com frequência.

OK, muita frequência.

É claro que dos outros 9 mil e tal, só uns quantos também são tão ou mais regulares.

Senão aquilo ficaria mais cheio do que o metro em hora de ponta.

Os 'health clubs', que em Portugal [como em qualquer país atrasado] são uma moda tardia, estão longe de ser clubes [ou clubs, como distinguia alguém].

Praticamente não há clubes em Portugal.

Alguém acredita que um 'ginásio' com mais de 10 mil membros, numa cidade que deve ter um milhão [a trabalhar] é um clube?

E que um health club sem member-cap, aberto a quem quer que se queira inscrever [sem ser preciso, sequer, recomendação de outro membro] é um clube?

Nada.

O único health club em Portugal que está perto de ser um clube é o do Ritz.

O 'quase' deve-se a dois factores: quem quiser pode inscrever-se e as instalações estão obviamente abertas aos hóspedes.

Mas aí os membros não chegam às centenas e pagam bastante bem pelo [óptimo] serviço que recebem. Ao lado do Ritz, os clubes de Lisboa que muita gente acha óptimos [leia-se, os famosos Clube VII e Holmes Place] são verdadeiras espeluncas. Não vamos é comparar o Ritz com congéneres internacionais [tipo a deliciosa piscina do Ritz de Paris, onde também se petiscam delícias] ou os clubes por essas cidades fora.

Mesmo assim, o elemento chave de um clube nunca está presente.

E faz lembrar a célebérrima frase de Groucho Marx: 'Eu não quero fazer parte de nenhum clube que me aceite como membro!'.

Ou, no contexto destas presidenciais: 'se for eleito, demito-me'.

Enfim.

Os clubes [publicamente conhecidos] em Portugal não funcionam. Num país tão pequeno [e continuando nas adaptações livres de citações do mainstream]: 'there is no club like our own homes'.

Parece que vamos ter de continuar a aturar-nos uns aos outros.

14 dezembro 2005

Being a bachelor



Ser solteiro é, como diz a Mafalda quando algo agrada aos seus 15 anos, uma ganda curte.

É verdadeiramente cool.

Mesmo que não estejamos no paraíso financeiro podemos fazer o que nos apetece onde nos apetece.

Nada de tretas de sogras nem de miúdas chatas.

Nada de rotinas más [só as boas, que nós quisermos].

Em Portugal isto cai mal.

Alguém dizia que ser solteiro é ser gay ou indeciso.

Pode dizer-se o que se quiser.

Mas quem é solteiro por opção aprendeu algo extraordinário: sabe viver consigo mesmo.

Faz o que quer, quando quer. Não cede em nada na vida pessoal [e em alguns casos profissional] porque não existe mais ninguém 24 horas, incluindo na própria casa. Pode existir ou não. E uma ou várias. E a prazoos mais ou menos longos. É absolutamente connosco.

O grande luxo do século XXI é mandar na nossa agenda.

O grande desafio do ser humano é saber viver consigo.

Isto consegue-se a solo.

E acreditem, é-se muito feliz e não se tem medo ou vergonha de partilhar a experiência. Mesmo que para alguns pô-la num blog seja uma catarse ou justificação. Não é. É uma dica. E um aviso.

Como dizia Solnado [dos humoristas vêm, muitas das vezes, as palavras mais sábias], agora 'façam favor de serem felizes'.

13 dezembro 2005

putos e política [a política de putos fika p outra]


Esta campanha para as presidenciais dá para rios de posts. Até para discutir se um dos candidatos [e dos grandes] não chegará ao final por falta de assinaturas: é verdade -- 'diz-se' -- que um dos 'neste momento' candidatos não reuniu/reunirá assinaturas suficientes para ser 'formalmente' candidato. Não liguem: rumores, meros boatos. E daí... veremos.

Cavaco Silva
resumiu, no final do 'debate' com Francisco Louçã, a sua candidatura num apelo aos jovens. Louçã também está no partido dos 'jovens'. E Soares diz que é jovem [e que ainda é 'fixe!']. Idem para Alegre, e aspas para as réstias dos candidatos.

Porém, o que liga os jovens à política partidária [e não a política em geral]? Como escolhem eles o seu partido?

Do que temos visto por aqui -- e ainda é qualquer coisa, porque circulamos em meios bem variados -- é a escolha porqué o pai também é, ou a escolha porque é porreiro, ou a escolha porque é p que 'faz sentido'. Esta última seria a mais simpática não é? Mas não é.

A malta do 'que faz sentido' não é a malta do 'pensei e decidi'. É a malta do 'quais é que são mais parecidos comigo?'.

E esta malta escolhe pela onda.

E a malta olha-se de cima a baixo e vê o partido do outro.

Isto é adorável. Testo a teoria todos os dias e nunca falha.

É ir tomar um bellini [por uns belos 16 euros] ao Ritz, de blaser e havano fumegante, e dizem que sou de direita.

É ir ao Lux de ténis Miu Miu e dançar a noite toda a ouvir miss kittin e sou bloquista [senão gay!].

É ir a uma manifestação [que não seja contra o aborto nem de apoio a Paulo Portas] e sou do MRPP, comunista ou, pelo menos, do Bloco de Esquerda.

É recusar comer em tascas e não gostar de Swatch e sou logo um snob de direita.

É ir à Zambujeira e ser um javardo de esquerda.

É ir à Quinta do Lago ou à Marinha e ser um crominho 'reaccionário' de direita.

É ter objectos de design alegadamente minimal e passar por esquerdista liberal pintas que adora New York.

É ter mobiliário barroco e passar por monárquico empedernido que cospe nos 'comunas'.

ISto é exagero. Pois é. É exagero face ao bom senso. Mas também é a realidade. E essa, não tem tido senso [sentido...] nenhum.

Enfim. Se tivesse problemas de ego, com as barbaridades que as 'primeiras impressões' inspiram e eu ouço, já estaria politicamente estrábico.

O que vale é que não tenho problemas de ego. Porra [à esquerda]. Valha-me Nossa Senhora [à direita]. Do you see what I mean? Back to basics.


Imagem: sinal de trânsito, Finlândia. [www.Tiehallinto.fi]

11 dezembro 2005

O Talho


Dançar e curtir um grande som são momentos muito à Lorenzetti. Mas a malta do Lorenzetti anda a ficar com uma certa asma ao entrar em certas discotecas, muitas delas da moda [até porque não há outras, ou, pelo menos, onde não se apanhe um tiro com menos frequência].

Basicamente, ao entrar [e passado um dos típicos bimbos que estão à porta de muitas 'casas'], o sentimento Lorenzetti é de talho.

Aquilo tornou-se [ou a visão Lorenzettiana do mundo tornou-se mais clara!] um talho.

Só se vê carne a saltar de tops e jeans, fumo e javardos com os copos a acharem-se o máximo [como é bom ser cretino, eles nem sabem como é bom ser inconsciente].

E não é só o fenómeno pita, também é o momento 20- acho que sou o máximo; 30-ainda acho que sou o máximo e eles acham k tou no auge, e o momento 40-só vim pk o meu filho que é podre de giro tb veio. E depois, o decrépito momento 50-acho k ainda t p as curvas e a noite yéyé é a minha segunda casa depois da cama [vazia].

Bimbos e bimbas, chatos e chatas, burros e burras, por muito giras que sejam [e infelizmente costuma ser proporcional, não digam que não].

E assim acontece: Lorenzetti está mais numa de fazer festas em casa. É convidar amigos 'decentes' e 'amigas' como as que falamos mesmo lá no fim do post! Discotecas para quê?

Se já não o tivesse espezinhado, nature rerum, o Lorenzetti estaria a ultrapassar o limiar do politicamente correcto, quando diz, abertamente, que está farto de ouvir porcarias de lengalengas de horas só porque uma miúda é gira.

Ah e tal, kero isto, kero akilo, gosto disto, gosto dakilo, hihihi, não é o maximo? Blá Blá blá. E a Francisca é uma porka e o Martim é um cabrão. E agora vou a S.Martinho e na semana passada vim do Brasil, e pá semana vou pa casa do tio Mikas em Santorini, já tá lá o meu gang e vai ser rotten beautiful. Idiotices em série, mais rápidas que uma linha de produção McDonalds.

OOOKKKKK, é gira.

Há miúdas que são MUITO giras e que fazem MUITO negócio com isso.

E ao menos não dizem porcaria. Não há nada como o capitalismo. A noite acaba por sair mais barata [ouvir porcaria faz-me velho mais rápido] e bem mais animada. Ya' know what I mean?
A isto, chamamos eficiência masculina.



PS - também há a versão feminina: não é ao acaso que vemos uma certa amiga nossa de 40 e tal a papar COM putos de 20 anos num certo sushi lounge lisboeta... Assim é k é, kida. Fóççça nisso. Até porque [invertidos os sexos, bem entendido] só temos mesmo isso em comum ;)