31 maio 2007
30 maio 2007
E então? E depois?
Hoje li no DN uma notícia sobre a greve 'geral' em Portugal.
Parte do texto refere o seguinte:
'O dilema do serviço mínimo
Tal como o DN noticiou ontem, os sindicatos preparam-se para furar os serviços mínimos decretados para o sector dos transportes, bem como na Justiça, alegando serem estes "ilegais" e "ilegítimos". Perante isto, as empresas estiveram nos últimos dias a notificar parte dos trabalhadores, pressionando-os a garantir os serviços mínimos estabelecidos pelo sistema de arbitragem obrigatória.
No entanto, aqueles não são, na prática, forçados a desempenhar esses serviços mínimos: embora estejam a violar uma obrigação legal, não é viável do ponto de vista político, e mesmo jurídico, responsabilizar civilmente um trabalhador por esse motivo. Por outro lado, a empresa também não pode aplicar sanções disciplinares aos seus empregado (pelo menos formalmente) que não acatem esta ordem pois a lei determina a suspensão do poder disciplinar em dias de greve'.
Fiquei sem perceber. Recorda-me o 'sketch' do Gato Fedorento sobre Marcelo Rebelo de Sousa e o aborto.
O DN refere que 'aqueles não são, na prática, forçados a desempenhar esses serviços mínimos: embora estejam a violar uma obrigação legal'.
Fico na mesma. Sempre aprendi que não há Direito sem sanção.
Se não se pode punir os trabalhadores por não cumprirem serviços mínimos, como se pode dizer que são obrigados a fazê-lo?
À moda inglesa, há apenas que concluir o seguinte: só um burro é que deixa de fazer algo vantajoso se nada o impede.
A análise económica disto é simples: quem cumpre serviços mínimos não vê bem.
Das duas uma: ou se proibia com sanção, ou não se pode dizer que há uma obrigação legal. Onde? Como? é caso para dizer 'o que é que me acontece?'.
Como responderia Marcelo: 'nada!'.
Marcadores: greve
Portugal, hoje, pela BBC.
[...]
The General Confederation of Portuguese Workers is pitted against a centre-left government elected two years ago on a promise to modernise the country and halt its economic decline.
[...]
The BBC's Paul Legg says Portugal had the lowest rate of growth of any country in Europe last year - 1.3% - and that the Czech Republic, Slovenia, Greece and Malta have all overtaken Portugal in terms of GDP per head.
The government says its policies are already paying off, with the economy starting to grow at a healthier rate.
But strike organisers say these gains are at the expense of workers, as unemployment has risen to more than 8% - the highest figure for 20 years.
Its call for a general strike follows a series of protests marches over the past year culminating in a demonstration in Lisbon in December, which brought 100,000 people onto the streets.
Ah pois é. 'Parafraseando' o PR Sampaio, 'há vida para além do futebol e das jolas'.
Marcadores: portugal
29 maio 2007
Tobacco Ban
Estava no bar mais pequeno do Sketch [com todos os restaurantes cheios à 1 da manhã], acabava de acender um charuto e o barman diz-me que naquela sala só cigarros; para fumar charuto tinha de ir para o bar 'grande', que além de ser uma seca cheia de pseudocriativos é bem menos confortável e bem mais feia.
A amiga que estava comigo, nascida na Estónia, mas educada na Suécia, comentou logo que no Verºao nem no grande nem no pequeno.
Com o 'smoking ban' não pode fumar-se em qualquer local fechado, o que inclui obviamente bares e restaurantes.
Trata-se, creio, de mais uma daquelas leis de chacha, emitidos por um ignorante qualquer de secretaria, que provavelmente nem conhece a realidade social ou que, conhecendo-a ou não, se quer vingar de quem tem uma vida normal, ou de quem tem uma vida que ele achará privilegiada, só porque os charutos não são, em regra, baratos. Puro complexo social a resolver num psiquiatra. Não na actividade supostamente nobre e expectavelmente responsável e informada de legislar.
O fumo, em regra, é horrível. Isso não quer dizer que seja necessário banir os fumadores em absoluto.
É o mesmo do que achar que se alguém incumpre uma regra, deve ser-lhe aplicada a pena de morte, seja qual for a regra, as condições de incumprimento ou o perfil do incumpridor. Faz lembrar certos planetas do Star Trek. Ou algo bem pior, como refere a famosa 'Wikipedia': 'the first modern, nationwide tobacco ban was imposed by the Nazi Party in every German university, post office, military hospital and Nazi Party office, under the auspices of Dr Karl Astel's Institute for Tobacco Hazards Research, created in 1941 under direct orders from Adolf Hitler himself'.
Como fumador ocasional, noto que nunca fumei em salas comuns em casa e que quem gosta de fumar deve ter uma sala para isso. Há muito temppo que existe: chama-se fumoir. Não fumo quando estou com a minha namorada, e muito menos em casa de pessoas que desconfio ou que sei que não gostarão. E num restaurante, já cheguei a mudar de mesa para não incomodar a mesa do lado.
O facto de fumar não quer dizer que se goste do fumo. Detesto-o, e fumo ao ar livre, ou num fumoir, ou numa sala com bom ar condicionado.
Qualquer pessoa minimamente educada faz isto. E é de educação, e não de saúde, que se trata.
Concordo com a proibição de fumar em locais de trabalho [já estive num gabinete com um fumador e é bem terrível]. E creio que os pais devem ser proibidos de fumar junto dos seus filhos, por exemplo.
Mas discordo em absoluto da solução que tem vindo a ser adoptada para bares, restaurantes e clubes, como é o caso no Reino Unido a partir do dia 1 de Julho deste ano de 2oo7.
É evidente que em vez da solução cega e ditatorial do 'smoking ban', seria democrático e minimamente inteligente e equilibrado obrigar os bares e restaurantes a terem espaços de fumadores e de nao fumadores, devendo os espaços para fumadores ter ventilação adequada.
Bem sei que isso já existe, e tem resultados conhecidos. Precisamente por isso, não se percebe a eliminação das salas para fumadores e a proibição de fumar em espaços fechados, que constitui uma opção dos clientes.
Sobretudo no caso dos clubes: quem pensa o legislador que é para intervir nas regras de clubes privados? É evidente que quem não concorda com as regras de dado clube não é membro. E havendo espaços para fumadores e não fumadores, há obviamente uma opção para clientes e para trabalhadores de escolherem se preferem um ambiente com ou sem fumo.
No caso dos charutos há um exemplo prático interessante a ter em conta: no Mandarin Oriental de Londres, existe um bar que, como se pode ler no site do hotel, 'The actual bar is a catwalk. No bottles are on full view but you can catch a glimpse of them through the frosted and backlit glass walls behind which the attentive and gracious staff prepare drinks and mix the finest cocktails. Then there’s the room within a room for those who partake in the odd cigar. You can choose from 45 varieties and enjoy your selection in the comfort of a deep soft leather chair. A state-of-the-art air conditioning system means that cigar smoke does not make its way into the main bar area, but, because there are no walls, the ambience will still make its way to you'.
E é verdade.
Acontece algo parecido na JJ Fox, fornecedores de tabaco da casa real inglesa. Estive lá recentemente [são dos poucos que ainda vendem os fantásticos Partagas D1] e transformaram a cave num fumoir e museu, já a preparar-se para o dia 1 de Julho, que marca o início do tsmoking ban no Reino Unido.Como referiu o Times, a sala está 'fully ventilated and air-conditioned and the shop is doing its best to recreate the gentlemen’s club atmosphere of the main shop down there. The shop is happy for you to try out a cigar and there is no pressure to splash out on a box, which can cost upwards of £200'. Este ban afecta até a Casa del Habano, no Soho, que só pode servir água no fumoir. Para bebidas alcóolicas, tem de se ir ao bar numa sala ao lado. Inacreditável.
Se os legisladores conhecessem estes casos, seja os exemplos de fumar sem incómodo, seja os que demonstram os efeitos nefastos da legislação agora criada, saberiam que o smoking ban é antidemocrático, e que irá afectar a tradição do bom fumar, que é obviamente um direito de qualquer cidadão, desde que não prejudique qualquer outro, o que é o caso. Sobretudo do charuto, que contrariamente ao cigarro é um prazer e não um vício.
Afecta ainda uma actividade artesanal de todo o interesse que é o fabrico do charuto, parte fundamental da economia Cubana, e que é um prazer tão legítimo com um bom Porto ou chocolate, numa mundo cada vez mais estereotipado, desqualificado e maçador. Ultrapassámos o princípio do Big Brother is watching you. Agora, o mesmo Big Brother que nos 'vigia', e que ganha dinheiro com o que fumamos, através dos impostos sobre o tabaco, proíbe-nos. Chamam a isto progresso...
Do Times:
'
Places you can still smoke:
Bedrooms in hotels, inns, hostels, guesthouses and members clubs that provide accommodation
Prisons, hospices and care homes can allow smoking in bedrooms and can designate smoking rooms – but they cannot be used for any other purpose so no TV or library
Open air
On stage during a performance
Offshore oil rigs
Specialist tobacco shops
Always in own home, even in presence of health visitor
In your car as long as it is not a company car and you do not give colleagues a lift
Residential mental health facilities are exempt for another year '
28 maio 2007
Histeria legislativa
ou demagogia legislatória, como desejem.
As recentes notícias da eventual alteração do enquadramento jurídico-penal português do sequestro de menores não auguram nada de bom.
Desde logo porque se trata de punição e não prevenção em sentido próprio ou, sobretudo, de aumento da qualidade e meios de investigação das nossas polícias, e também de melhoria da qualidade da sua relação com a comunicação social.
Alterar o direito penal a quente não é, em momento nenhum, bom.
O direito penal -- e sobretudo quando se fala de penas privativas da liberdade, desde logo a prisão -- é pelo contrário aquele que exige mais ponderação.
E ponderação é algo que Portugal não tem neste momento.
Não tem, aliás, todo o mundo que fala de Madeleine.
Assolados por um caso que ecoou na comunicação social mundial, deveremos alterar o nosso direito? Creio que não.
Em primeiro lugar, não há razão objectiva para isso, se estivermos a falar da medida das penas. O que há que melhorar é os meios ao dispor das polícias e a sua formação na forma como lidam com os jornalistas.
em segundo lugar, mesmo que houvesse razões para alterar a medida das penas, esta exigiria estudos aprofundados que não são compatíveis com o histerismo que se vive em Portugal e no mundo com o rapto da criancinha inglesa.
Em Portugal confunde-se o acto de legislar com o de governar.
Governar não é apenas legislar, aliás essa é uma parte puramente residual dos poderes públicos.
Governar é sobretudo administrar, coisa que não se tem visto.
Fiel à Constituição e aos princípios que baseiam o nosso Estado, esperava-se que o Governo interviesse em áreas bem mais relevantes, que tocam às pessoas, com efeitos imediatos e fundamentais.
Como se exemplificou antes, através do aumento de meios de investigação ao dispor das polícias, no caso do sequestro de jovens.
E se o Governo se desculpa com a falta de dinheiro é precisamente porque passa [gasta?] o tempo a legislar em vez de administrar.
27 maio 2007
Lorenzetti tem esperança nos jovens portugueses...
... mais ou menos.
E sobretudo muita muita pena dos professores.
26 maio 2007
Ministério da Justiça, mas sem juízes.
O Reino Unido, diz-se, não tem uma constituição escrita, apesar da famosa Magna Charta, que em 1215 reconhecia que o Rei não tinha poder absoluto [ironia do destino, a França de Louis XIV surgiu uns 500 anos depois, a provar como a história é feita de ciclos].
No entanto, há [havia? haverá?] um Department for Constitutional Affairs, numa rua bem cinzenta e maçadora, convenientemente localizado perto do Palácio de Buckingham. Substituiu em 2oo3 o clássico Lord Chancellor, que garantia, esperava-se, a independência do poder judicial.
Na semana passada o DCA foi 'extinto' ou, se quisermos, 'convertido' num Ministério da Justiça. Que não soa a nada de independente. Recorde-se que em Portugalhá um Ministério da Justiça, mas também um Conselho Superior da Magistratura, que a regula.
No caso inglês parece juntar-se num órgão a administração do funcionamento concreto dos tribunais e a administração do sistema penal em geral.
Curiosamente, à cerimónia de abertura do Ministério da Justiça, inglês não apareceu um único juiz.
E esta, hein?
E mais: como refere a BBC, 'Despite Lord Falconer's strong objection to the idea of a written constitution, Prime Minister-designate Gordon Brown is making favourable noises about some kind of bill of rights'.
Serão mesmo os ingleses fiéis às suas tradições. Alguns não.
Imagem: os juízes recebem o então Lord Chancellor, numa cerimónia na Westminster Abbey.
Marcadores: justica, reino unido, tribunais
Momento precioso,
foi a entrevista de 'Joe' Berardo à RTP2, na noite de 25.05.2007.
É daqueles eventos raros: alguém bem próximo do poder real e intrínseco, vem falar-nos daquilo que se passa num banco do qual é o mais accionista individual [4%], banco esse que é neste momento a maior instituição financeira privada em Portugal.
Um daqueles que pode usar gravada, mas felizmente para ele, não precisa.
Sobretudo, para 'baixar as orelhas' a um dos fundadores do BCP, que Berardo comparou a um Cardeal, Papa in-waiting.
Sendo ele, como se sabe, um verdadeiro waiter.
Jardim Gonçalves pode ser um waiter de luxo em Portugal. Ou um butler. Mas não deixa de ser um, mesmo que alguns accionistas e a sociedade portuguesa o vejam como tal.
Talvez por isso, numa lógica de quem percebe que está velho e que uma OPA rapidamente o põe fora de jogo [porque ninguém acreditou que passar de CEO a Chairman tenha mudado alguma da sua influência nas decisões essenciais do BCP], propôs que a blindagem dos estatutos aumentasse para uns 75% de votos da Assembleia Geral passando, além disso, especiais competências ao Conselho de Supervisão para esse efeito.
A proposta de alteração aos estatutos subscrita por Jardim Gonçalves [subscrição cuja legalidade é posta em causa] escandaliza sobretudo pela possibilidade de o Conselho Geral e de Supervisão, ao qual presiden Jardim Gonçalves, possa nomear livremente a administração e, além disso, ainda tenha poder para ratificar as suas decisões.
Jardim Gonçalves parece estar com medo de uma OPA que o mande para a rua, mais cedo ou mais tarde.
Ou, mais curioso, acha que os actuais administradores executivos, desde logo Teixeira Pinto, enquanto Presidente do Conselho Executivo [ou CEO, como se diz ridiculamente], não andam a obedecer como devem. Ou, se quisermos, a aceitar as 'sugestões' de Jardim Gonçalves.
Basicamente -- e como salienta Berardo -- trata-se de perpetuar a presença de Jardim Gonçalves no banco, ignorando, como inteligentemente [roçando a demagogia, que é no entanto necessária nestes casos] referiu Berardo, os 1500 accionistas do Banco.
Se quiser mesmo ter tanto poder no BCP, não blinde os estatutos nem arranje golden parachutes: lance, ele próprio, Jardim Gonçalves, uma OPA sobre o BCP. Torne-se dono do BCP. É o que qualquer pessoa faz, num mercado livre, se tem interesse em deter algo. No capitalismo compra-se e vende-se. Não se pode ter uma atitude 'squatter', típica de anarquias e ditaduras.
Foi claríssimo que Berardo tentou ganhar o apoio dos accionistas do BCP, contra o seu 'patrício' madeirense.
Sabe-se que isso é difícil: pobre, brando, ignorante, desconfiado e portanto conservador naquilo que não interessa, o povo português -- e necessariamente a maioria dos accionistas do BCP, que mesmo não sendo povo na conta bancária, serão povo pelo menos nas suas cabeças -- apoiaria Jardim Gonçalves. A menos que se identifiquem em Berardo como o grande defensor dos pequenos accionistas [o que se parece estranho por Berardo ser o maior accionista individual do BCP, não é tão estranho pelo facto de ser um accionista individual e não o representante de um accionista institucional].
Porque existe uma estranha 'lealdade ao dono': os accionistas de certas empresas acarinham os líderes históricos como o cão ao seu dono. Mesmo que o dono deixe de dar-lhes comida.
Por isso sempre preferi gatos.
E mesmo que Berardo não venha a ter o apoio dos accionistas, a sua atitude felina conta desde já com o meu.
Porque Jardim Gonçalves, ao contrário da maioria, tem facilidade em ser um reformado de luxo e, como todos nós, tem de perceber que não é eterno e que mais cedo ou mais tarde, perderá faculdades e morrerá.
E porque o BCP é um banco cotado em bolsa e o maior grupo financeiro privado português.
Não a mercearia de bairro do Senhor Esteves.
25 maio 2007
E não durou sequer um século. Loosers.
Citado por Caroline Baum @ Bloomberg
Marcadores: eua
Ser últil não é assim tão difícil. Mesmo estando no Governo...
...ou, no caso, no Banco de Portugal.
Finalmente vamos poder fazer transferências com alguma paz de espírito:
Aviso do Banco de Portugal n.º 12/2007, D.R. n.º 101, Série II de 2007-05-25
Determina que as instituições de crédito devem permitir aos ordenantes das transferências a crédito efectuadas através de terminais automáticos a visualização do nome do beneficiário associado ao NIB ou ao número de conta em momento anterior à confirmação daquelas operações
Medidas deste tipo são 'grátis' para quem as toma e muito úteis para os consumidores. Se a acção dos reguladores e do Governo se limitasse a este tipo de 'engineering' estaríamos todos muito melhor.
Imagem: Sean SCULLY [1990] Durango
Marcadores: banca, Banco de Portugal
24 maio 2007
Administrador não-executivo.
Não executar é fantástico.
é esta a conclusão que se tira de um artigo publicado hoje no Guardian, que goza de modo quase voraz com o cargo de administrador não executivo, resumindo-o a duas linhas e um extra: ganha-se bem, não se faz nada e o extra é que podem acumular-se.
Mesmo que o artigo comece com a importância do cargo...
'Non-executive directors are the police officers on company boards, protecting the interests of the shareholders and ensuring that the boss does not run away with the cash'.
No entanto, a coisa descalabra: 'They have famously been compared to Christmas tree decorations: attractive to look at, but ultimately useless. Michael Grade, who is now chairman of ITV, has had a string of non-executive roles, and he once said that they were like bidets: "You're not sure what they're for, but they add a touch of class."'.
'But that was in the old days, when non-execs were recruited by the chairman of the board from among his pals at the golf club. These days, things are more professional'
'In return for their attendance at board meetings, which take up between 12 to 15 days a year, non-execs are usually paid £28,000 to £35,000, although the biggest companies can offer more. A non-executive chairman or woman can earn up to £500,000 a year'
'Meanwhile, informal appointments are being replaced by a more formal recruitment process. The Higgs review of corporate governance reported four years ago that almost half of non-execs were recruited through personal contacts or friendships and only 4% had a formal interview for the role. Sir Derek Higgs, who conducted the review, labelled the majority of non-execs as "pale, male and middle-aged", and called on companies to look further afield'
'A lot of the business can be done in the corridors and the board is called on just to rubber stamp," says one former non-exec'.
'It can be an interesting life for a sensitive soul who doesn't mind meetings and is prepared to speak up. And the hours aren't bad, either.'
'Welcome on board: Five leading non-exec directors
Brent Hoberman, who co-founded lastminute.com with Martha Lane Fox, made £26m when they sold the travel and leisure website in May 2005. Born in South Africa and educated at Eton, Hoberman is now a non-executive director of Guardian Media Group, publisher of the Guardian. He is said to be so focused on his work that he wears loafers, not lace-ups, to save time in the mornings.
Allan Leighton, who made his name at Asda, is one of the kings of the non-exec world. At one point in 2003, at the height of his attempts to "go plural", he held 10 boardroom posts, including roles as non-exec chairman at lastminute.com and a non-executive director of BSkyB. He now has just four non-exec jobs, his biggest role being chairman of Royal Mail.
Alison Carnwath regularly features in the Guardian's survey of FTSE 100 boardrooms as one of Britain's busiest non-exec directors. A former investment banker, she took home more than £280,000 last year from her four non-exec directorships at a range of companies.
Ian Strachan is another executive who regularly earns himself a place in the Guardian survey as a non-executive director for four companies. Before he took on a string of roles at media group Reuters, materials company Johnson Matthey, miner Xstrata, and engine-maker Rolls-Royce, Strachan's full-time day job was as chief executive of BTR, an engineering conglomerate. He takes home £413,000 in total from his non-exec roles.
John Buchanan helps to demonstrate how having a big job in the boardroom of a FTSE 100 company can open the door to a string of others. The former chief executive of oil company BP, Buchanan still keeps himself busy in the boardrooms of a number of high-profile companies. According to last year's Guardian survey, Buchanan has part-time jobs on the boards of four companies: telecoms group Vodafone Group; pharmaceutical company AstraZeneca; miner BHP Billiton and medical equipment-maker Smith & Nephew, where he was promoted to non-executive chairman in April 2006. He makes £340,000 from his non-exec roles'[*].
A vida pode ser bela.
[*] in 'Nice work if you can get it?', Deborah Hargreaves, Thursday May 24, 2007, The Guardian
Marcadores: sociedade
23 maio 2007
'Estão todos?'
Este fim de semana foi 'aquecido' pelo incêndio no Cutty Sark ou, se quisermos 50% do Cutty Sark, dado parte estar deslocada para restauro.
Recordei-me logo da famosa Fragata D. Fernando II e Glória, da qual hoje ninguém fala, mas que aquando da 'Expo 98' foi alvo de frisson, e 'todos os do burgo' patrocinaram o restauro.
Fica o aide mémoire dos 'mecenas':
Dr. Adriano Eurico Santiago Nogueira Jordão
Professor Doutor Adriano José Alves Moreira
Emb. Afonso Henriques de Azeredo Malheiro
Dr. Afonso Patricio Gouveia
Alícia Olmedo Duarte Ferreira
Dr. Alípio Barrosa Pereira Dias
D. Álvaro Vaz de Almada
Ana Clara Marques Lorena (Sarzedas)
Ana Madalena Pereira Marques Alves Caetano
Ana Maria de Castro (Nova Goa)
Ana Maria Ribeiro Dias
Drª. Ana Meneses Braula Reis
Ana Teresa Mendes Eugénio
Professor Doutor André Gonçalves Pereira
André Olmedo Duarte Ferreira
Professor Doutor Aníbal António Cavaco Silva
Aníbal Jorge Dias
Anselmo B. R. Vilardebó
D. Antão Vaz de Almada
Dr. António Arriaga Mardel Correia
António Augusto Moreira
Eng.º António Baptista Duarte Silva
Engº. António Bustorff Silva
António de Carvalho Maia
Dr. António Crespo Simões de Carvalho
V/Alm. António Emílio Barreto Ferraz Sacchetti
António Fernando Costa Eugénio
Eng.º António Fernando Couto dos Santos
D. António Gentil de Herédia
D. António Guedes de Herédia
António Homem Cardoso
Comte. António Jorge da Silva Soares
Cor. António José Torres Andrade e Silva
Engº. António José Vilardebó
Ten. Cor. António Luís Marques Figueiredo
Comte. António Luís Roquette Ricciardi
Alm. António Manuel de Andrade e Silva
Professor Doutor António Manuel Botelho Hespanha
António Maria Velho Pacheco de Medeiros
António Melo Duarte Silva
Eng.º António Pedreira de Castro Norton de Matos
Comte. António Pedro da Costa Monteiro Coelho
Dr. António Pedro Pinto Ruella Ramos
Dr. António Silva Carvalho Rosa
Familia de Dr. Arnaldo Norton de Matos
Arqt.º Augusto Jesus Silva
Barão Sloet tot Everlo
Basílio F. Rafael (EUA)
Bernard Krevits (EUA)
Dr. Bernardino José Costa Gonçalves Moreira
Ten. Bernardo Luis de Silveira e Lorena Ponte
Bernardo Vicente Pinheiro de Mello (Arnoso)
Berta Correia de Azevedo Olavo
Bruno Filipe de Melo e Almeida
Mestre Bruno de Jesus
Arqtº. Caetano Maria Reinhardt Beirão da Veiga
Cor. Carlos Alexandre Morais
Carlos Gonçalo Velho Pacheco de Medeiros
Dr. Carlos Zeferino Câmara Pinto Coelho
Conde de Almada
Conde de Alto-Mearim
Conde de Estarreja
Conde da Guarda
Conde do Lavradio
Conde de Nova Goa
Conde de Porto Covo da Bandeira
Conde de S. Lourenço
Condes de Rezende
Cristiano G. da Rosa (EUA)
David de Almeida
Débora Sónia Santos Teixeira Leal
Professor Doutor Diogo Pinto de Freitas do Amaral
Dolores Nunes Lowry Matos (EUA)
Dr. Duarte Reynolds de Sousa Guedes
D. Duarte de Sottomayor
D. Duarte Vaz de Almada
Embaixador Duarte Vaz Pinto Fonseca Sá Pereira e Castro
Duque de Bragança
Eduardo Luis Correia de Barros
Professor Doutor Engº. Eduardo Romano Arantes e Oliveira
Drª. Ema A. Amorim Ferreira
Emídio Lopes da Fonseca (EUA)
Professor Doutor Ernâni Rodrigues Lopes
Dr. Ernesto Ferreira da Silva
Eugénio Marques da Mota
Felisberto Faria Gago
Professor Doutor Fernando Carvalho Rodrigues
Fernando Emílio Neves Raposo de Magalhães
Fernando Luís de Oliveira Pessa
Dr. Fernando Pizarro de Sampaio e Mello
Dr. Fernando Santos Almeida
Comte. Fernando Ventura Duarte
Filipe Rogério Bensaúde
Francisco Correia Raposo
Engº. Francisco de Figueiredo e Silva Cunha Salvado
Arqt.º Francisco José L. Amaral Foto Pólvora
Francisco Medeiros (EUA)
Dr. Francisco Manuel Pedreira Norton de Matos
Dr. Francisco Pinto Balsemão
Engº. François Salle
Engº. Frederico Villas Boas
Gabriel António Lopes Barata Alves Caetano
Gladys Allen Maia
Dr. Gonçalo Medeiros de Botelho
Comte. Guilherme Almor de Alpoim Calvão
Dr.ª Helena Maria Vaz da Silva
Henrique Nuno Serafim Martins
Brig. Herculano Soares Martins
Comte. Hildegardo de Noronha Filho
Homero António Leitão de Castro Nunes
Dr. Hugo Vasco Rosa de Azevedo Cunha
Irene Ramos de Magalhães
Isabel Chaves de Castelo Branco
Isabel da Costa de Sousa de Macedo Xara Brasil Nogueira
Isabel Filipa Paula da Costa Cabral D'Aguiar
Isabel Maria Canhoto Segura Faria Silveira Godinho
Drª. Isabel Maria Fraga Viegas dos Santos Pacheco de Medeiros
Prof. Drª. Isabel Renaud
Jacques Fonmarty (França)
Dr. Jaime Abel K.R. Lança de Morais
Dr. Jaime Alexandre Nogueira Pinto
Dr.ª Joana do Canto Moniz Bual Andrade e Silva
Joana Chedas de Sampaio e Cunha Salvado
Joana Duarte Ferreira Passos de Almeida
Joana Margarida dos Santos Fonseca Patrão
Joana Nina Vale Coelho da Silva Dias
Dr. João Alberto Ferreira Pinto Basto
Dr. João Almeida Lima
Engº. João Augusto Sanguinetti C. Carvalho Talone
Prof. Dr. João Carlos Campos Gomes Pedro
João da Costa de Sousa de Macedo Sassetti
Dr. João Diogo Alarcão de Carvalho Branco
D. João Folque de Mendonça
Professor Doutor João Luís Correia Andrade e Silva
João Manuel da Costa Felix Oom
João Manuel de Orey de Brito e Cunha
João Neves Raposo de Magalhães
Dr. João Nuno Pimenta Serras Silva Pereira
João Secheder
Arqtº. João Tiago Pedroso Malhão Pereira
Joaquim de Almeida Ferreira
Comte. Joaquim Baptista Viegas Soeiro de Brito
Joaquim Carlos Silveira
Dr. Joaquim Fernando Leça Ramada
Joaquim Leite Ferreira Pinto Basto
Dr. Jorge Armindo de Carvalho Teixeira
Jorge Beck d'Orey Pinheiro de Mello (Arnoso)
Jorge de Castro e Silva
Engº. Jorge Guerra dos Reis Guedes
Engº. Jorge Luis Costa Perestrello Vasconcellos
Arqtº. Jorge Manuel Fava Spencer
Eng.º Jorge Manuel Jardim Gonçalves
Jorge Miguel Santos Pinto
Comte. Jorge Teles de Faria Correia Bastos
Jorge Viegas
V/Alm. José Alberto Lopes Carvalheira
Prof. Dr. José Alfredo Pinto Pinheiro Marques
Engº. José Ângelo Ferreira Correia
Dr. José António de Arez Romão
José Baptista de Carvalho
Arqtº. José C. R. Silva Carvalho
Dr. José Carlos Gomes Santos
José Costa Lima
José Emílio Abreu Raposo Magalhães
Prof. Dr. Engº. José Fernando Pinto dos Santos
Dr. José Gomes Honorato Ferreira
Embaixador José Gregório Faria Quiteres
Comte. José Henriques Ferreira Cyrne de Castro
Engº. José J. Berger
Dr. José J. P. Cordeiro Blanco
Dr. José Luis Bobela Nogueira de Sampaio Torres Fevereiro
José Manuel Bastos Fialho Gouveia
Engº. José Manuel Garcia da Costa Bual
Comte. José Manuel Malhão Pereira
José Manuel Queirós Velez
José Maria Pereira Alves Caetano
José Martins Ribeiro (EUA)
Arqtº. José Nicolau Abreu Cid Sousa Tudella
Dr. José de Oliveira Horta e Costa
Dr. José Pedreira de Castro Norton
Eng.º José Pedro Marreca de Matos Botica
Arqt.º José Pedro Martins Barata
Ten. Cor. José Ponces de Carvalho Aparício
Júlio Rodrigues dos Santos Duarte
Kantilal Jamnadas
Maitre Laurie Lafarge (França)
Laurinda da Conceição Ribeiro Dias
Dr. Leonardo Eugénio Ramos Ribeiro de Almeida
Dr. Leonardo Godinho Ferraz de Carvalho
Arqtª. Leonor de Andrade Duarte Ferreira Passos de Almeida
D. Luis de Avillez Lobo de Almeida Mello e Castro
Engº. Luis Brito e Abreu
D. Luis Eduardo Mendia de Castro
Engº. Luis Filipe Cisneiros F. de Albuquerque Sousa Lara
Dr. Luis Filipe Nunes Coimbra Nazaré
Dr. Luis Manuel Santos Silva Patrão
Engº. Luis Maria Nolasco Guimarães Lobato
Dr. Luis Roque de Pinho Patrício
Eng.º Luis Zeferino Pereira Nazaré Marques dos Santos
Dr.ª Luisa Casal Ribeiro de Carvalho Juzarte Rollo Bual
Dr. Luiz Augusto Nunes de Almeida Bandeira
Arqtº. Luiz Filipe Olmedo (Espanha)
Prof. Dr. Luiz Nuno Coelho Ferraz de Oliveira
Madalena Horta e Costa
Mafalda Vaz Pinto Ingham
Manuel António Santana Carlos Pacheco de Medeiros
Engº. Manuel Frederico Oom
Dr. Manuel Carlos Teixeira Abreu
Engº. Manuel José Pedreira de Castro Norton
Dr. Manuel Krus Abecassis
Eng.º Manuel Lourenço Antunes
D. Manuel Pereira Bramão
Professor Doutor Manuel Soares Pinto Barbosa
Manuel Teixeira Falcato
Eng.º Manuel Vaz Pinto
Margarida Amorim do Canto Moniz
Margarida Norton de Matos Vaz Pinto
Maria Cristina S. F. Castro e Silva
Maria do Carmo Pedreira de Castro Norton de Andrade e Silva
Maria Carmo Pinheiro de Mello (Arnoso)
Maria Duarte Ferreira Passos de Almeida
Dr.ª Maria Eugénia Canto Moniz Bual
Maria Eugénia Costa Pereira Pacheco de Medeiros
Maria Eugénia Van Zeller Perestrello de Vasconcellos
Maria Fernanda Camacho Simões de Matos
Maria Isabel de Carvalho Roque de Pinho de Castro Norton
Maria Júlia Bastos Ressano Garcia Vasques
Maria Leonor de Magalhães Corrêa de Reborêdo e Silva
Maria Leonor Jorge de Gouveia Beltrão
Maria Leonor Xara Brasil Rodrigues Sassetti
Maria Luisa Canto Moniz Gomes
Maria Luisa Nunes de Almeida Bandeira Raposo Magalhães
Drª. Maria Luísa Santana Carlos Pacheco de Medeiros
Drª. Maria Manuela Soares de Oliveira Marques da Mota
Drª. Maria Violante Ferreira Freitas
Mariana Amaral Pacheco de Medeiros
Mariana Andrade e Sousa Azevedo e Silva
Mariana João C. Carvalho Daun e Lorena
Drª. Marina de Andrade Duarte Ferreira (Espanha)
Marina de Beck Pinheiro de Mello
Drª. Marina Pedroso Malhão Pereira Sá Borges
Dr. Mário Alberto Nobre Lopes Soares
Dr. Mário Ferreira Bastos Raposo
Professor Doutor Mário Gentil Quina
Dr. Mário Martins do Nascimento
Marquês de Pombal
Marquês de Rio Maior
Marta de Castro (Nova Goa)
Marta Maria Reynolds de Sousa Guedes
Marta Sousa de Sotto-Mayor
Mary Fonseca (EUA)
Prof. Dr. Michel Marie Joseph Gabriel Renaud
Dr. Miguel B. R. Vilardebó
Dr. Miguel Barros Alves Caetano
Dr. Miguel Canto Moniz Bual
Miguel Jacques Castanha
Miguel Santos Fonseca Patrão
Arqt.º Miguel Zuquete da Fonseca Passos de Almeida
Dr. Nelson Alexandre de Albuquerque Reis
Nikias Ribeiro Skapinakis
Dr. Norberto Félix Pilar
Dr. Nuno Sacadura Botte Corte-Real
Professor Doutor Arqt.º Octávio Lixa Filgueiras
Octávio Manuel Agostinho Clérigo
Engº. Óscar Napoleão Filgueiras Mota
Patrícia Santana Carlos Pacheco de Medeiros
Patrícia Valente Brito Henriques
Dr. Patrick Miguel Guerry Monteiro de Barros
Pedro Calapez
Dr. Pedro da Cunha de Mello (São Lourenço)
D. Pedro Francisco Soares Franco de Avillez
D. Pedro José de Lancastre
Engº. Pedro Mesquita Sá Borges
Dr. Pedro Miguel Santana Carlos Pacheco de Medeiros
Dr. Pedro Monteiro Cristiano Casquinho
Dr. Pedro Norton de Matos
Pedro Norton de Matos Andrade e Silva
Comte. Pedro Pinto Basto de Sá de Azevedo Coutinho
Peter C. Sorlien (EUA)
Peter Ingham
Príncipe D. Bertrand de Orleans e Bragança (Brasil)
Prof. Raul da Fonseca Fernandes Jorge
Professor Doutor Raul Miguel Rosado Fernandes
Raul Solnando
Comte. Raul de Sousa Machado
Ricardo B. R. Vilardebó
Ricardo Jorge Brandão Gaspar
Ricardo José Pereira Navarro Hogan
Prof. Dr. Engº. Ricardo Manuel Simões Bayão Horta
Eng.º Roberto Artur da Luz Carneiro
Rodrigo Alvernaz (EUA)
Roger Chapelet (França)
Dr. Roger Jean Rouy
Rogério Gonçalves Prata
Roland Gilbert Tschabold (Suíça)
Rudolfo Gustavo Burmester
Eng.º Rui Bordalo Pinheiro Gomes
Dr. Rui Carlos Alvarez Carp
Rui Cunha Esteves (EUA)
Rui Manuel Gonçalves Soares
Prof. Dr. Rui Manuel Parente Chancerelle de Machete
Comte. Ruy Edgar Machado Trincheiras
Prof. Dr. Ruy Manuel Corte Real Albuquerque
Dr. Sérgio Teixeira Leal
Silvino Eduardo Conde Fidalgo
Sofia Chedas de Sampaio e Cunha Salvado
Drª. Sofia Norton de Matos de Andrade e Silva
Teresa Cardoso de Menezes
Teresa Margarida Chedas de Sampaio e Cunha Salvado
Eng.º Tiago Norton de Matos de Andrade e Silva
Timothy Walker (EUA)
Tomás Bual Andrade e Silva
Tomás Coelho Velho da Silva Dias
Arqtº. Tomás Maria Aguiar Rebelo de Andrade
Vasco Alexandre Cabral de Sousa Pinto
2Ten. Vasco Alfredo Ribeiro Dias
Prof. Dr. Vasco Armando Canhoto Vidal
Vasco da Câmara Pinto Basto
Dr. Vasco Luís Schulthess Quevedo Pessanha
Engº. Vasco Pinto Basto
Vicente de Beck Pinheiro de Mello
Virgilio H. de Sousa Rosa
Visconde de Borges de Castro
Visconde dos Olivais
Engº. Vitor Manuel Gonçalves Brito
Os nomes são sempre os mesmos, mas terá o mecenato tido uma vida assim tão breve em Portugal?
21 maio 2007
Deslocalização
Outsourcing e deslocalização são palavras suaves da gestão empresarial e da economia global nos últimos anos ou década.
Aplicou-se a tudo e por tudo. O exemplo mais famoso é o da deslocalização de empresas para baixar a carga fiscal ou para diminuir os custos de mão de obra [sobretudo se o país de destino não tem legislação que proteja os direitos humanos ou em específico os laborais].
A coisa vem-se sofisticando.
Deslocalizar callcenters passou a ser comum e hoje já se deslocalizam prisões. Mesmo que sejam casos 'peculiares' como o de Guantanamo, onde se prendem pessoas sem prazo ou sem acusação. em boa verdade não foram presas [porque não existe propriamente um enquadramento jurídico claro de guerra ou de polícia], mas sim raptadas.
Em 2005 a revista Fortune fez uma reportagem sobre a deslocalização de testes de fármacos: já na altura, 40% dos testes eram efectuados em países do terceiro mundo.
África tem muitas pessoas, muitas delas doentes e qualquer moeda vale tudo.
No dizer de George W. Bush 'Africa is a nation that suffers from incredible disease, and it suffers from poverty, as well' [Press Conference by President Bush, Prime Minister Goran Persson of Sweden, Massan Convention Center, Goteborg, Sweden, 4:27 P.M. (Local), June 14th 2001].
E é em África [um continente e não um Estado, para quem foi zeloso -- ou distraído -- na leitura da frase do Presidente dos EUA] , mais precisamente na Nigéria, que surgiu um processo judicial contra a Pfizer. O processo é de 2001, mas a história já se arrasta há 11 anos. Com a epidemia de meningite na altura, que matou mais de 15 mil pessoas, a Pfizer viu a oportunidade: fretou um DC-9 e enviou para a Nigéria investigadores e um laboratório. Administrou doses de uma droga experimental chamada Trojan, Trovafloxacina, proibida em 1999 pela FDA por causar problemas hepáticos. E alegadamente as doses terão sido administradas sem o consentimento dos pais. E sem ser o único tratamento disponível, uma vez que havia voluntários a oferecer um outro tratamento já testado e aprovado internacionalmente.
Pior: terão sido administradas doses muito acima do aconselhável -- overdoses, portanto... -- da qual terão resultado mortes de 5 crianças e deficiência em 200.
Mas enfim, o povo continua a preocupar-se apenas com uma criança, que nem se sabe se ainda existe, de seu nome Madeleine.
E pur si muove!
Enquanto alguns noticiários ainda agonizam com o tablóide 'Madeleine', o mundo gira.
E acontecem coisas mais gritantes ou agradáveis.
Das gritantes, as endémicas, género invasões e conflitos no Iraque, Afeganistão, Guantanamo, Líbano, Palestina, Paquistão, Sudão, etc., ou as insistentes, como os adolescentes que se esfaqueiam no Reino Unido ou as jovens que engravidam para receberem apoio social.
Das agradáveis, a abertura da Photo London para a semana, a da Photographing Britain [a primeira grande exibição fotográfica na Tate Britain] e da Chelsea Flower Show hoje.
A Flower Show celebra 25 anos e pela primeira vez as rosas precisam de frio e não de mais aquecimento... E há jardins de todos os tipos, nas seguintes categorias: de exibição, de pátio, sofisticados, urbanos, suspensos. E além das 'exposições', podem-se frequentar cursos de jardinagem e arranjo floral, bem como comprar plantas e produtos associados.
E já agora as notícias inesperadas, e algo neutras: a primeira colocação em bolsa de uma sociedade de advogados, na Austrália. Sabíamos que aconteceria, mas não quando. A Slater & Gordon é agora a primeira sociedade de advogados do mundo a estar cotada em bolsa, tendo sido transaccionadas 8,226,649 acções a preço de abertura de 1.4 dólares australianos. Numa semana, 20 milhões de dólares australianos [8.26 milhões de libras] já tinham sido caçadas por investidores institucionais. Metade do valor obtido será alocado a sete accionistas que irão deter 48.8% da sociedade. A lei australiana foi alterada [em 2001, em NSW] para permitir esta operação de colocação.
Marcadores: flores, fotografia, jardinagem
20 maio 2007
'Ainda' sobre o caso da 'pequena Madeleine'
Pela primeira vez vi uma abordagem de jeito do caso 'da pequena madeleine'.
A RTP2, no noticiário de 19 de Maio, refere que há um site 'oficial' sobre a 'pequena madeleine'.
À data da reportagem, com 60 milhões de visitas [num espaço de umas 2 semanas] e de 73 mil e 500 libras de 'doações'.
Como refere a RTP2, 'os pais de Madeleine souberam manter o interesse na história; apareceram á imprensa; deram pequenos depoimentos; criaram a notícia'.
E como afirma Adrian Monck, da City University, 'Eles compreendem que os media precisam de actualizações regulares, informações regulares, novos ângulos, para manter as notícias frescas e actualizadas. Eles satisfizeram essas necessidades muito bem e têm sido extremamente bem aconselhados'.
A cereja no topo do bolo foi a entrevista em estúdio de um sociólogo [de seu nome Pedro Vasconcelos] que conhecido ou não [não faço ideia da reputação que possa ter no meio] foi claríssimo, objectivo e mordaz.
Ficam uns extractos da análise 'sharp' e com uma qualidade que raramente se vê na comunicação social:
'Tudo o que ataca ou parece atacar a infância é algo que toma as pessoas às vezes de um frenesi irracional'
'um descontrolo absoluto sobre a sua existência'
'De repente qualquer criança pode ser raptada'
'Eles por um lado são ingleses; compare com outros casos, se fosse uma família portuguesa de baixa classe, no seu contexto normal e quotidiano de existência, isto não teria este impacto'
'Criancinhas que são perfeitas para estarem num anúncio da Chicco, ou seja do que for, tudo isto mobiliza a consciência das pessoas'
'No que isso tem de bom, porque obviamente está aqui uma preocupação genuína comos direitos das crianças, e a sua protecção, mas também no que tem de mau, que é uma espécie de incapacidade de sensatez, de calma e de ponderação sobre estes efeitos'
'Tendo uma ideia de um passado quase idílico, em que as crianças podiam andar à vontade e fazer tudo'
'é preciso ter cuidado: havia muito mais violência sobre as crianças'
'Também há aqui o construir socialmente da infância como uma idade pura, de pureza, de pura despreocupação e como algo que quando é atingido parece que somos atingidos na última réstia de pureza que temos'
'A questão central aqui é que a polícia tem de aprender a lidar com esta atenção mediática'
'manipulando-a, porque obviamente o interesse absoluto da polícia, acho eu, é encontrar a criança'
'não é o de informar, isso os jornalistas devem fazê-lo'
Chapeau.
Marcadores: comunicacao social, criancas, publicidade, sociedade
19 maio 2007
Do website ao livro ?
Cronologicamente inventou-se o livro e só depois, muito depois, a Internet e os websites.
Mas agora pode suceder o inverso.
Li no Times [extracto abaixo] que os pais da famosa 'criança desaparecida, AKA Maddie ou Maddy' que estão chocados com o facto de haver empresas / particulares a registar websites associados ao nome da desaparecida.
Esses websites estão no topo de utilização da Internet nas últimas semanas e portanto rendem milhões em publicidade.
Deixamos a frase destes pais gravada neste blog, e esperamos que o post não se torne incómodo caso um dia os pais resolvam escrever um livro sobre este 'caso' e ... vendê-lo.
From The Times
May 18, 2007
Web squatters exploit Madeleine campaign
Businesses register domain names similar to findmadeleine.com to take advantage of the official site's worldwide attention
Madeleine McCann
David Brown and Steve Bird in Praia da Luz
Unscrupulous businesses are cashing in on the interest in the internet campaign to find Madeleine McCann by attempting to trick the millions of visitors with bogus websites.
By yesterday afternoon the Find Madeleine website, findmadeleine.com, had received more than 75 million hits in its first 48 hours, making it one of the most popular destinations on the internet. It gives details of the search for Madeleine since she was abducted from an Algarve holiday apartment 16 days ago.
However, more than 20 websites with similar names have been created in the past three days to promote businesses including chat rooms, estate agents and dating sites.
The McCann family has condemned the “typo squatters”, who make money from advertising links on the bogus websites. John McCann, Madeleine’s uncle and a director of Madeleine’s Fund, branded the people behind the websites “parasites”. He said: “We are incredibly disappointed that [they] are taking advantage of people’s generosity and using it for commercial gain.”
17 maio 2007
A Sir Christopher Meyer
pela verve, conteúdo e coragem das suas declarações sobre a relação EUA-Reino Unido e o péssimo serviço de Blair ao povo inglês e à comunidade internacional ao, cito, 'concordar com tudo o que Bush decidisse'.
Foi, de resto, Meyer quem apresentou Blair a Bush.
E confessou estar arrependido, sendo as declarações e entrevista à BBC esta noite um momento a não esquecer.
Outras declarações célebres de Sir Christopher:
'Iraq war has exposed us to terror at home' [Guardian, 5.11.2oo5]
comparação entre Thatcher e Blair:
'That is why it was terrifying to be summoned into her presence because if you did not know your stuff, she would expose you. There was never that danger with Tony Blair'
[id.]
Christopher MEYER [2oo5] DC Confidential, Weidenfeld & Nicolson
Marcadores: eua, guerra, iraque, reino unido
Moves
Num país civilizado com uma economia moderna e pessoas arejadas, uma move é comum e óptima.
Significa que há pessoas com talento que não ficam no 'quentinho' e que partem de um projecto interessante [ou que está a perder interesse] para um projecto mais interessante.
Há quem não pense assim.
A Linklaters é uma grande sociedade de advogados inglesa representada em Portugal, com um pequeno escritório de gente atarefada.
Alguns dos advogados desta sociedade saíram para um projecto mais interessante. Mas antes disso suceder a sociedade ameaçou despedi-los.
Portugal continua a ficar 'zangado' com certas coisas, e esquece-se de que a economia liberal e de mercado que tanto de propagandeia é assim.
A notícia veio no The Lawyer, e um pouco por qualquer praça financeira, a risota era incontrolável.
Quem ameaça despedir alguém por causa de uma move?
A pergunta parece ter agora uma resposta: a Linklaters Lisboa.
Curiosamente, cerca de uma semana depois, o associado Joacim Björk saiu da Linklaters Estocolmo para a Linden Gruppen como sénior. Seguindo o próprio, também à The Lawyer, pagavam-lhe o dobro e foi inevitável recusar.
É curioso como aqueles que defendem o mercado livre acabam por não o revelar em ca[u]sa própria.
Se há moves é porque as empresas [ou sociedades de advogados, ou outra coisa qualquer] não são competitivas.
E no limite, extinguem-se.
Isto acontece com empregos como com casamentos. Se aparecer algo melhor, adeusinho.
Quem quiser pode discordar. Mas isso não serve de grande coisa.
É a vida.
Marcadores: capitalismo, moves
16 maio 2007
Depois de 'Maddie', o cão do treinador Mourinho
Se com o caso 'Maddie' os jornalistas ocupavam 50% ou mais do seu tempo, e os restantes 50% ou menos com notícias, é de supor que agora o resto desse tempo seja mesmo nas 'buscas' do cão do treinador Mourinho, que terá fugido [não o treinador, mas o cão] depois de uma alegada discussão entre a polícia e Mourinho [e não o cão], que terá sido preso [Mourinho, não o cão]...
Que interessante.
Com uma criança e um cão desaparecidos, já não há notícias. É uma espécie de silly season fora de season.
Pondero tirar umas férias, portanto...
Imagem: Lucian FREUD [1951-1952] Girl with a white dog
Marcadores: cão, Lucian Freud, Mourinho
15 maio 2007
13 maio 2007
Arte para Criancas
No Serviço de Educação do Museu Nacional de Arte Antiga, que retoma neste mês de Maio as Oficinas de Domingo destinadas a crianças.
Partindo de um tema geral serão abordadas as diversas Colecções em oficinas diferentes todas as semanas, num espaço requalificado para esta finalidade.
Apesar do precioso apoio do Grupo dos Amigos do MNAA a participação de cada criança obriga a uma comparticipação de 5€, numa tentativa de cobrir despesas com recursos humanos e materiais.
Mais uma vez contamos com a colaboração de todos!
O Serviço de Educação
Oficinas de Domingo
13, 20 e 27 de Maio || 10, 17 e 24 de Junho - 15h30-17h30
“O mundo encantado do Museu”
No mundo do Museu a magia paira no ar mas só o olhar curioso a vê… Traz a tua imaginação! Vem, connosco, descobrir e criar mais encantamentos! Em cada semana uma oficina diferente!
Destinadas a crianças dos 6 aos 12 anos.
Inscrições a partir do dia 28 de Maio através do telefone 213912824. Preço: 5 € por criança.
Imagem: Jean DUBUFFET [1947]
Dhôtel nuancé d'abricot
10 maio 2007
Independentes
Mas sim ao facto de alguns dos melhores contribuintes da política nacional [e como é deprimentemente fácil contá-los] estão a sair dos partidos, convencendo-me cada vez mais que ou os partidos em abstracto não funcionam ou que [espero] estão simplesmente cheios de lumpen caciqueiro e caciquista.
A última 'baixa' foi Helena Roseta, um caso peculiar.
Antes militou no PSD de onde terá saído por apoiar Mário soares e não Cavaco Silva.
Mais tarde, apoia Manuel Alegre e não Mário Soares.
Hoje sai do PS.
Mas alguém acredita que o PS é de esquerda? Sobretudo com Sócrates, que veio da... JSD.
E que parece nunca ter de lá saído.
Seria interessante que a esquerda se unisse e elegesse Helena Roseta [peculiarmente apresentada pelo Jornal 2, ontem, como 'Bastonária da Ordem dos Arquitectos', na notícia em que aparecia como candidata independente para Lisboa].
E seria útil que o CDS e o PSD deixassem de brincar aos partidos. Parecem autocarros cheios de suicidas que antes do acto final, andam a descabelar-se. O que em partidos supostamente conservadores não deixa de ser curioso. Direi mesmo, rídiculo. Para não dizer hipócrita, claro.
E seria interessante
Lisboa
Com o dramatismo do costume, o advogado e membro do 'Bloco de Esquerda' José Sá Fernandes dizia 'a Câmara caiu'. Era o Jornal 2, na RTP2.
As notícias sucediam-se. Todos os vereadores pediram a demissão, tirando dois do PSD que têm o mandato suspenso por estarem envolvidos em processos judiciais, e em circunstâncias pouco agradáveis. E o Presidente Carmona [não o Marechal, mas o substituto de Santana Lopes] parece ir no mesmo caminho. Esperemos que o seu desaparecimento da cena política autárquica não seja também um desaparecimento da vida judicial...
A Câmara de Lisboa tem agora três mulheres possíveis, o que não deixa de ser curioso num pais ainda machista: Ferreira Leite, Nogueira Pinto e Roseta.
E claro, um Santana Lopes que reaparece como um strobe do Stones.
E quem sabe, Carrilho volta a aparecer com a modelo-mulher [não confundir com mulher-modelo] e com o filho, que protagonizou anúncios de campanha, como se recordarão...
Mais uma vez, vamos ter eleições em Lisboa. E mais uma vez irão votar poucas das pessoas que de facto vivem em Lisboa [porque a maioria dos que vivem na cidade, trabalham nela, apesar de não residirem nela]. Falámos disso anteriormente.
Para quando o direito de voto alargado a todos os que trabalham na cidade, algo perfeitamente justificável, pois trata-se da principal cidade do país, onde quem vive na cidade não tem direito de voto, pelo simples facto de não dormir nela?
Isso parece-me bem mais importante do que discutir o carro de Santana Lopes, ou os episódios de campanha em que Carrilho não aperta a mão a Carmona e Carmona lhe chama 'grande ordinário'.
Porque o resto são politiquices.
E na verdade Lisboa precisa de votos úteis de cidadãos úteis. Não só os que dormem na cidade, mas os que nela trabalham todo o dia ou noite e portanto a vivem.
E de votos e candidatos que tragam boa gestão financeira mas sobretudo sensibilidade urbanística. renovação urbana, boa arquitectura, ocupação de edifícios, actividade cultural, redução do crime.
É assim tão difícil? Não parece. Pelo menos se não se perdessem em discussões [discussõezinhas?] camarárias irrelevantes entre partidos ou dentro de partidos.
08 maio 2007
Tele....novela.
Há bastante tempo que me habituei a ver o telejornal em podcast. A Internet dá imenso jeito porque assim vêm-se em notícias em qualquer lado e hora, e passando à frente os anúncios ou notícias menos interessantes [ou menos notícia].
Hoje foi o caso. Mas bastante peculiar.
Às 20h estava no meu footing [Father's words...] com uma amiga e quando voltei a casa lá fui ver o telejornal em podcast.
Não surpreendeu começar com a notícia da 'Madeleine', que já todos conhecemos. A única coisa inovadora foi o locutor colocar como hipótese ter sido assassinada pelos pais, que surgiram como grandes vítimas.
Mas surpresa das surpresas foi ver que nunca mais acabava. Suponho que não tenha sido culpa das mulheres [Londres está ao rubro com Sir Patrick Moore, que diz que as mulheres são as responsáveis pelo telelixo, imagine-se!].
O podcast tinha 31 minutos e 26 segundos.
Madeleine durou 25 minutos e 13 segundos...
Até o Presidente da República apareceu a comentar o caso da menina desaparecida no 'Allgarve'. E de seguida, um apelo sisudo de 'Cristiano Ronaldo', um jogador de futebol.
Até que 'li' algumas notícias, no rodapé. Enquanto se falava de 'Madeleine', eu ia lendo umas coisas no rodapé. Como por exemplo que um quadro de Lievens que pertencia à colecção Getty bateu os records holandeses no leilão realizado na Sotheby's local, e virá para Londres.
Finalmente, aos 25 minutos e 13 segundos mudou-se de assunto. Merece atenção, mas 25 minutos já era enfatuante [e deve ter sido para quem viu em directo]. Deixou-se o 'Allgarve' e a menina inglesa.
E fiquei a saber que pela primeira vez em 20 anos os portugueses perderam poder de compra, visto a inflação ter ultrapassado os aumentos salarias [ou, se quisermos, porque os salários não acompanharam a inflação...]. Isto sim, é notícia. E continuou-se, alegremente, falando agora do novo nome [desconhecido...] do novo director da DGCI. Etc., etc..
Meu rico Podcast, que me deixa fazer fast forward. Mesmo que seja para ver 6 minutos de notícias num total de 30.
07 maio 2007
Enquanto Passos Manuel discursava...
'Rodrigo da Fonseca, em quanto o orador prégava os sãos princípios, sorria, dizendo consigo:
-Quem não te conhecer que te compre. És o mesmo que combateste ferozmente as ditaduras em 34 e e depois em 36 te fizeste ditador; és o mesmo que defendias então a tolerância e depois, entre lágrimas hipócritamente choradas, declaravas que tinhas o braço cançado de assinar demissões! !Bem te conheço!
Mas o orador não acabara ainda, tinha um fecho de efeito seguro para o discurso e fora certamente só por êle que pedira a palavra. Era um elogio ao Rei que tinha sido Regente e outro ao Rei reinante:
«[...] que desempenhou as funções do poder moderador reinando e não governando, porque reis para governar são os presidentes dos Estados Unidos; era partidário antes da república constitucional, porque a julgava mais democrática; o seu verdadeiro presidente era o sr. D. pedro V, rei constitucional!».
A câmara, sempre disposta a aplaudir logares comuns desta ordem, uma vez que fôssem ditos com entono retórico, cobriu o orador de aplausos'.
Julio de VILHENA [1921] D. Pedro V e o seu reinado, Coimbra: Imprensa da Universidade, tomo I, p.29
Goya fantasmagórico
Já estamos a imaginar o efeito: vão aparecer uns livrinhos manhosos sobre Goya e provavelmente fazer-se alguns programas de TV.
Acontece sempre isto quando aparece um filme sobre um determinado artista.
Mas sempre é melhor do que manter as pessoas na [absoluta] ignorância, mesmo que isso implique [horror dos horrores] ver quadros de Goya escarrapachados em mouse pads.
Vi esta semana o 'Goya's Ghosts', de Milos Forman.
A expectativa não era imensa, pela leitura da crítica e pelo fraco cast, mas era bastante por Forman, que embora tenha realizado poucos filmes ao longo dos últimos mais de 40 anos de carreira, realizou alguns bastante significativos, como Man on the Moon (1999), The People vs. Larry Flynt (1996), Valmont (1989) ou Amadeus (1984, este último mais maçador), encontrando-se agora a produzir Amarillo Slim (2008).
Gostei de Goya. Tenho duas biografias de Goya em espera, uma delas ficou mais ou menos a meio, em Lisboa, e com o filme estou mesmo decidido a retomá-las: porque o grau de detalhe do filme significa uma de duas coisas -- ou foi fiel à história, ou foi absolutamente paranóico.
Em qualquer dos casos, e apesar de um cast fraco e de um argumento algo inopinado [sempre que a mãezinha vai conhecer a filha desaparecida começa tudo aos tiros e afastam-se novamente], Goya's Ghosts tresanda a uma deliciosa ironia, sarcasmo e denúncia de hipocrisia e oportunismo, demonstrando como o 'mundo é pequeno' e como se põem e tiram líderes, oscilando entre o trono e a sarjeta, num balanço verdadeiramente intemporal, que tanto faz sentido na Espanha acossada por Franceses, Ingleses e o Vaticano [o filme é de resto uma história instantânea de Espanha entre o fim do século XVIII e o início do século XIX], como na américa latina dos anos 80 ou no leste europeu nos anos 90 ou no Iraque, Líbano e Afeganistão agora ou em África... all the time.
Goya's Ghosts é um retrato delicioso da opressão, do ego e da natureza humana em geral. E é isso que justifica o tempo usado a vê-lo [e o bilhete, que em Londres são uns belos 15 euros].
Marcadores: cinema, ego, Espanha, França, Goya, inglaterra, Milos Forman
06 maio 2007
'A Pequena' qualquer coisa.
Como qulquer país relativamente rural, Portugal tem uma sociedade que vê as crianças de modo muito especial.
Ao mesmo tempo que é capaz de lhes bater e gritar [os mais próximos], é capaz de aproximar-se de uma criancinha desconhecida na rua e começar a brincar com ela, fazendo 'festinhas' e falar com ela com voz de quem fala para um ser inferior que não percebe nada ou, como se costuma dizer, 'voz de anormal'.
Quando uma criancinha desaparece ou é vítima de algo peculiar e/ou criminoso, as coisas [às vezes] aparecem na comunicação social.
Mas sempre que aparecem é a 'menina/o' não sei quantos, ou o glorioso 'o Pequeno João' ou a 'Pequena Joana' e afins. Seja como for a personalidade da crianças, etc. etc., e em oposição ao que se faria com um adulto. No 'fundo' até se percebe que haja um tratamento relativamente diferente, que de resto justifica as palavras 'criança' e 'adulto'. No entanto, toda a 'estética' à volta disso, bem patente na escolha de palavras, não deixa de ser uma delícia.
Desta vez, e depois do famoso caso da 'Pequena não sei quantas' adoptada, temos a 'Pequena não sei quantas' do Algarve [ou no caso, 'Allgarve'].
Não se leia aqui desprezo pelo caso: é obviamente angustiante pensar o que possa estar a acontecer à criança no Allgarve [ou noutro sítio qualquer onde possa estar] ou aos milhões de crianças que morrem em zonas como a maioria de África, partes da Ásia e América Latina, e claro nas zonas assoladas pelas 'guerras' do costume [mais 'invasões'] género Iraque, Afeganistão, Líbano e Palestina.
Mas é curioso e quase gozável a forma como estes assuntos são tratados em público e como as pessoas se comportam.
Neste último caso, tenho bastante pena nos pais.
Para quem as notícias veiculadas pela BBC devem ser duras. Porque sempre que aparecem, mencionam 'The resort offers a creche service but the couple decided to leave Madeleine and two-year-old twins Sean and Amelie sleeping in the apartment'.
Faz-nos pensar na palavra 'remorso': quando podíamos tomado outra decisão, sentindo agora o peso do efeito de uma acção que tomámos em liberdade e que nos deixa agora num cenário de sufoco e de impotência.
No caso, 'podiam' tê-la deixado na creche. E não deixaram. E ela desapareceu, apesar de alegadamente a verem de 30 em 30 minutos.
O grande problema deste tipo de problemas é que normalmente não tem solução, e se se resolver é por pura acção alheia.
Anteontem, 'Madeleine McCann' esteve no centro da wepage da BBC World News.
Ontem também.
Hoje está abaixo, à direita, com o título 'Church services for abducted girl'.
No centro, foi substituída pela notícia de um polícia morto em casa.
E amanhã?
05 maio 2007
o Essencial do HipHop é o Acessório
Recentemente fui a um club de hiphop em Londres. E fiquei a pensar no assunto.
Havia uma coisa chamada rap, há uns tempos. E antes disso, na Jamaica dos 60s onde a expressão MC era mesmo mestre de cerimónias, no caso, cerimónias populares.
A coisa era de rebeldes, alguns com cérebro, que até tinham algumas letras provocantes E interessantes. E veio o funk... e o break...
Mas depois apareceu um termo chamado gangsta rap [Tupac e Notorious B.I.G. foram os grandes protagonistas, inclusive com a própria morte] e depois o hiphop. A provocação continuava, mas sem interesse.
As cerimónias tinham acabado e a revolta contra a pobreza também. Agora o bom era ser [novo] rico e abusar do poder através do sexo [as chicks passaram a ser bitches] e o sonho de igualdade deu lugar à progressão a todo o custo ['get rich or die try'in'], onde as armas são uma ajudinha. Tinha de ser ser 'mauzão'.
Mais tarde, quando só restava a provocação, esta passou a ser banal.
Era a antítese. Já ninguém tinha medo ou pelo menos achava peculiar um bando de indivíduos que diziam 'asneiras' e cuspiam para o chão [mesmo dentro de edifícios] e vestiam 3 números acima, com especial predileccção para roupa 'desportiva', a bem dizer de equipas de basket norte-americanas e coisas assim.
A certa altura a roupa não restava. As letras não falavam de política, mas de violações e assassinatos feitos por pura piada.
Sem roupa, restavam os acessórios.
O Essencial tinha desaparecido.
Agora é só Acessórios: os brinquinhos brilhantes, os bonés de lado, os ténis brancos, as calças de ginásio de subúrbio, os lencinhos brancos debaixo dos bonés, as meias em cima das calças... e claro, o peito a descoberto com umas quantas tatuagens e cordões de ouro.
Mas o 'yô yÔ', a roupa larga, os gestos inexplicáveis com dedos e braços e o 'ser javardolas é bom, e eu sou um granda dread' cansam. Para não falar das secantes palmadas no traseiro.
Será interessante ver qual o efeito de vídeos e fotografias desta 'gente' hoje nas suas vidas, quando tiverem uns 30 anos.
Como todas as modas, esta está a chegar ao fim, a menos que -- pela suas características tão 'próprias' -- seja suicida. Pelo menos cerebralmente falando...
Marcadores: hiphop, musica, sociedade, violacao, violencia, violencia domestica
A nova praça é a Net.
Manifestações que mudaram o mundo ocorreram, muitas vezes, em praças, que por vezes acabaram por ganhar o seu [ou um novo] nome.
A Internet é uma nova praça, á qual se alia a espionagem, não só por Estados e empresas, mas agora pelo comum dos cidadãos [não tão comum se tivermos em conta que tem de ser um nerd].
Um caso genial foi relatado hoje pelo DN, com o título 'Publicação de 'password' gera guerra na Internet'.
Como refere o artigo, 'A pirataria continua a ser o pão nosso de cada dia no mundo da Internet, dividindo duas opiniões distintas sobre ela e alimentando sucessivas batalhas no combate à actividade que é copiar ilegalmente'.
A ACCS administra o sistema de licenças de acesso a conteúdos digitais, sendo também responsável pela aplicação da legislação norte-americana em matéria de direitos de autor e de cópia.
Os novos discos HD DVD têm um código que permite a sua cópia.
Ao lado do Bluray, os HD DVD é um formato de filme em altadefinição, e um hacker conseguiu obter o código de cópia, com apenas seis dígitos.
A ACCS reconheceu isto no fim do ano passado e esta semana o Digg) publicou o texto de um utilizador que divulgava o código. Em uma hora, 15,000 pessoas leram o artigo.
O Digg apagou o texto mas, como refere o DN, os outros utilizadores do site, 'indignados, rapidamente encheram o site com variados textos que publicavam o número de código, os quais foram, também eles, apagados pelos editores da Digg. Mas aquilo que era mais previ- sível acabou mesmo por acontecer. Na segunda-feira passada, o efeito multiplicador do mundo internauta ficou visível. Milhares de páginas da Net e outros tantos blogues, vídeos e canções no You Tube mostravam o tão secreto código, agora sim alastrado a grandes proporções. No dia seguinte, o motor de busca da Internet Google mostrava 325 mil resultados de páginas que continham o código para piratear o formato audiovisual HD DVD'.
E assim acontece...
03 maio 2007
Porque é que não vai haver uma Presidente de França.
Será?
Ségoléne Royal teria todas as condições para ganhar. É um rosto novo, não é feia [o que certamente deve dar muita conversa de cabeleireiro e muito vídeo no X Tube] e, claro, seria uma hipotética Primeira Presidente e logo uma candidata natural para as mulheres de esquerda e de direita moderada ou, pelo menos, não machista.
Mas julgo que não vai ser assim. O palpite de Lorenzetti é que Ségoléne não vai ganhar porque foi mal apoiada, sendo a consequência disso muitas gaffes discursivas.
Falta a Ségoléne aquilo que Le Pen tem de positivo: talento [ou peno menos bom apoio de backoffice] discursivo. Deu muitas ‘gaffes’.
Tal como os que não falam se safam, porque não falando não dizem asneiras (mesmo que as pensem e que não tenham nada de valor), Ségoléne a chumbar é por faltas.
O povo gosta de candidatos certinhos. É conservador no sentido em que gosta de candidatos previsíveis, mesmo que seja para o mal. É provavelmente por isso que candidatos como Fátima Felgueiras ou Isaltino Morais ganham eleições.
Ségoléne falou muito e quando falou deu gaffes.
E não tem uma experiência política que a apoie. Ninguém dirá ‘desta vez foi azar’. Porque não há ‘vezes anteriores’, pelo menos conhecidas do eleitorado. A menos que o centro se concentre em Royal por por duas razões: a escolha de um PM transversal, como Strauss-Kahn; a viragem à esquerda, depois de 12 anos de Presidentes de direita e tendo em conta as dúvidas de alguns sobre o futuro da segurança social com Sarkozy vs. o apoio do povo francês às prestações sociais.
Sarkozy terá os votos da esquerda que não gosta ou não acredita em Ségoléne.
Sarkozy terá os votos do centro ou dos indecisos, que não confiam na dama das gaffes.
Sarkozy terá os votos da direita não porque seja um bom candidato, mas porque é o único [numa diferença de uns 7 pontos, disse-me ontem uma... francesa!] à direita próximo de Ségoléne nas sondagens.
Le Pen, nas últimas eleições, teve 17.79 pontos na segunda volta. Os seus consultores de imagem e discursos rendem. Os de Ségoléne não. E ela só precisava de uns 5 pontos. Não de 17.
Marcadores: eleições, França, Ségoléne Royal
02 maio 2007
Privacidade.
Há pelo menos uma coisa que acho mais importante que a própria vida, porque sem a primeira, a segunda não faz muito sentido: a privacidade.
Dito isto, parece claro que concordo em pleno com a decisão tomada hoje pela House of Lords nos três casos de privacidade em recurso, sendo os mais famosos litigantes o casal Michael Douglas / Catherina Zeta-Jones, defendidos por barristers nomeados pela quase tão famosa SJ Berwin [cujo senior partner conheci num verdadeiro 'encontro imediato' há uns quantos meses].
Como bem resume Lord Nicholls of Birkenhead, 'Douglas v Hello! Ltd [2006] QB 125, concerns the publication of photographs taken surreptitiously at a celebrity wedding held in private. The causes of action relied upon are breach of confidence and
unlawful interference with economic interests'.
As partes foram vigorosas: apresentaram 350 precedentes e pareceres. Nada mau.
O caso é de viragem, como precisa Lord Walker of Gestingthorpe:
'This House has quite recently reaffirmed that English law knows no common law tort of invasion of privacy: Wainwright v Home Office [2004] 2 AC 406. But the law of confidentiality has been, and is being developed in such a way as to protect private
information'.
De acordo com a decisão de 96 páginas [3 Lords contra 2 Lords], o direito à privacidade é assegurado igualmente a 'celebridades', palavra verdadeiramente infeliz, que parece justificar todo o tipo de comportamentos degradantes.
Diz-se que o julgamento vem apoiar a possibilidade de 'vender exclusivos' a revistas, como se as celebridades fossem marcas.
Sejam ou não marcas [sabendo-se que as pernas de algumas delas estão seguradas...] é no mínimo hipócrita usar esse argumento, como se as revistas 'hush hush' não vivessem à custa de 'celebridades'.
Qual é a diferença de uma só revista ganhar o dinheiro? Nenhuma. Pelo menos para a pessoa fotografada. E é o que interessa. Ou espera-se que os tribunais defendam o 'direito da imprensa a fotografar' acima do direito à imagem dos fotografados, sobretudo não estando em causa questões políticas ou criminais?
Não se trata portanto de liberdade de imprensa.
Trata-se de puro e simples direito à privacidade, mesmo que esse direito inclua vender exclusivos e evitar fotos sofríveis [ou sofredoras, como a que ilustra este post].
E enste caso, como referiu Catherine Zeta-Jones, a imagem não era apenas privada, mas uma verdadeira marca: 'Both Michael and I are in the business of ‘name and likeness.’
Any photographs of us that are published are important to us, not just personally but professionally as well. People go to see movies specifically because either Michael or I are in them and they have expectations, among other things, of the way we will look. Those expectations are created to a significant degree by the images they see of us in the media'.
Pensei que a morte de uma princesa britânica tivesse sido uma oportunidade para perceber que a imprensa deve ter limites.
Parece que só agora, uns dez anos depois, é que se está a perceber isso.
Marcadores: privacidade
01 maio 2007
Andreas Gursky
é um dos mais conhecidos fotógrafos na actualidade e tem um novo trabalho, que vi em Londres esta semana.
Desta feita a ideia não é genial. Mas Gursky deu-se ao trabalho de ir lá fotografar.
Se a série com a F1 não tem piada nenhuma [digna no entanto de banco de imagens, como diria uma amiga minha na 'indústria' de arte contemporânea], a série Pyongyang vale a pena.
Gursky não teve trabalho nenhum quanto á realidade que fotografou, ue no entanto é o resultado do trabalho de milhares de 'modelos': os norte-coreanos alinhados nas famosas manifestações de poder político local, em pleno festival.
É especialmente interessante como o alinhamento e a uniformização típicas do trabalho de Gursky e da sociedade contemporânea existem tanto na sociedade 'capitalista' como na sociedade 'norte-coreana'.
A não perder, nem que seja no site do White Cube ou em livro, se bem que ter a série de fotografias à frente [em regra com 2 por 3 metros] seja bem parte do jogo. E o resultado é impressionante. Para não dizer hipnótico.
Andreas Gursky
23 de Março a 5 de Maio no
White Cube
25-26 Mason's yard, St. James
[acesso pela Duke Street, lado esquerdo de quem desce no sentido St. James Sq. vindo de Jermyn St.]
depois dessa data:
Casa da Arte, Munique;
Museu de Arte Contemporânea de Istambul; e
Museu Sharjah, nos Emiratos
Marcadores: Andreas Gursky, arte, arte contemporanea, capitalismo, coreia, fotografia, Gursky, london, londres