'Animar' um museu não é coisa muito comum em Portugal.
É excepcional, são aqueles 'dias abertos' e o pequeno charme do de-vez-em-quando-vou-a-um-museu-e-é-cultural-e-nós-museus-de-vez-em-quando-recebemos-pessoas-e-organizamos-coisas'.
Nunca ligámos nenhuma ao 'Dia de S. Valentim' nem ao de Sto. António e afins.
Mas a ideia da
Tate é de estalo.
No tal dia do Valentim [!], por 15 libras [uns 4 contos / 20 euros], pode ir-se à Tate, beber um copito de Champagne [uma flûte, para quem prefere o termo], ver o
Brief Encounter de David Lean, bem como outros filmes escolhidos pelo museu, um espectáculo de cabaret, ver a exposição temporária Martin Kippenberger, das 19h às 23h [que isto em Londres, quando é 'oficial', acaba cedo].
Além disto, 9 libras de desconto no cartão de membro do museu e 5 libras de desconto em qualquer curso ou workshop da Tate.
Isto pode não ser fantástico. O programa, em si, nem é muito interessante.
Mas é uma ideia, e uma ideia que vende.
E certamente levar à Tate pessoas que nunca lá foram e/ou manter lá pessoas que a conhecem.
Em Portugal não se faz nada disto.
Primeiro não há aberturas de museus fora de horas. Aquilo tem um expediente, caramba!
Abrir um museu depois das 17h? Mas está tudo maluco? Nem pensar.
A ideia da actual directora do Museu de Arte Antiga [a famosa
rave, apoiada por Manuel Reis, do Lux-Frágil] é uma excepção feliz no conceito e triste na solidão.
E champagne? Servir bebidas num museu? Oh meu deus... nem numa sala apropriada, quanto mais no resto.
Depois acha-se estranho que as pessoas não vão a museus.
Nós também não vamos a tascas. Não calha, não temos esse hábito. Mas se as tascas fizerem coisas originais e as publicitarem se calhar vamos lá. E se calhar até gostamos. E se calhar até voltamos.
E os museus?
Qualquer dia fecham, porque a população não vê utilidade neles, se é que os conhece.
E aí os seus directores e restantes amigos vão ter de 'abraçar novos projectos', desde logo o fundo de desemprego [caso também não desapareça...].
Mas ninguém se mexe neste país? É que então façam museus confortáveis com entradas bem pagas.
Porque assim não servem a ninguém. Nem aos pobres, que não os conhecem, nem aos ricos, que agradeceriam mais conforto. E nem sequer às obras expostas, muitas vezes mal conservadas.
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