Faleceu o Embaixador Calvet de Magalhães.
Figura ímpar na história da política externa portuguesa e da diplomacia [sendo esta última bem diferente, como o próprio afirma na sua tese Diplomacia Pura, era igualmente um homem reconhecidamente bom.
A sua idade avançada não impedia o pensamento ágil, nem a bonomia do seu sorriso e o brilho de uns olhos que revelavam uma juventude maior do que a de muitos jovens. Paradoxos da modernidade.
Extremamente disponível, ia encontrar-me com o Embaixador precisamente no dia em que a saúde o traiu. Nos meses seguintes contactei, a maioria das vezes com o próprio -- privilégio concedido pela sua humanidade -- a acompanhar o seu estado de saúde.
A partir do Verão e com o início de uma nova vida fui, porém, negligente. A muito custo, disse-me, saiu de casa entretanto, para receber o doutoramento honoris causa da Universidade Nova de Lisboa. Foi um ano ingrato. O seu estado de saúde agravou-se, com novos problemas, que obrigaram a internamento hospitalar.
Além da sua actividade diplomática, sobejamente conhecida, editou vários volumes dedicados ao tema, 'autonomizando a disciplina' (A Diplomacia Pura) face a conceitos como o de política externa,
deitando pois por terra autores tão consagrados na actualidade como Henry Kissinger e a sua 'Diplomacy', que não é mais (nem menos...) do que 'Foreign Policy'... Completou esta dimensão mais meditativa sobre a Diplomacia com um volume que mais prático não podia ser: o Manual Diplomático, editado pelo
MNE.
Fora da Diplomacia -- ou com um pé fora e outro dentro -- escreveu sobre história de Portugal, da e mesmo sobre história da economia (1967) e da literatura (volumes sobre Garrett, Antero, entre outros). A lista completa pode ser consultada
aqui.
A Missa de celebração do VII dia da sua morte será realizada às 18 horas de segunda feira, dia 20 de Dezembro, na capela do
Palácio das Necessidades.
Marcadores: Calvet de Magalhães, diplomacia, MNE, portugal