31 janeiro 2007

Para ela.




As I reach for a peach
Slide a rind down behind
the sofa in Saint Tropez
Breaking a stick with a brick on the sand
Riding a wave in the wake of an old Sedan
Sleeping alone in the drone of the darkness
Scratched by the sand that fell from our love
Deep in my dreams and I still hear her calling
If you're alone I'll come home
Backwards and home bound
The pidgeon the dove
Gone with the wind and the rain on an airplane
Owning a home with no silver spoon
I'm drinking champagne like a big tycoon
Sooner than wait for a break in the weather
I'll gather my far flung thoughts together
Speeding away on a wind to a new day
If your alone I'll come home
And I pause for a while
By a country style
And listen to things they say
Digging for gold in the hoe in my hand
Hoping they'll take a look at the way things stand
And you're leading me down to the place by the sea
I hear your soft voice calling to me
Making a date for later by phone
if you're alone I'll come home


Pink Floyd [1971] Saint-Tropez

30 janeiro 2007

O Cessionário e a Sedenta


L. adora falar francês com sotaque inglês e inglês com sotaque francês.

Mas há limites.

O 'enorrrmme' Jack E., dj das Caves du Roy, a disco do
Hotel Byblos em St.Trop, tem na sua playlist as Soul Sessions da menina Joss Stone.

L. adorred how Jácque wrrroote Sessions:

'The Soul Céssion'.

Há que conceder...

28 janeiro 2007

O Legado


O Nome da Rosa é dos filmes mais sensíveis, eficazes e originais de todos os tempos. Ofereceram há pouco a L. o DVD entretanto editado, e o reencontro com esta peça genial, de Jean-Jacques Annaud sendo actores principais Sean Connery e o então [1986] imberbe Christian Slater. Um prazer 'inaudito e inaudível'. Contrariamente aos entretanto mitificados James Bond [que à época deviam ser uma bela porcaria, mas que hoje são belos retratos de 'época' e de kiss-kiss bang-bang [actualmente bang-bang deve bastar para as duas]], no Nome da Rosa Sean Connery assume o papel de um personagem complexíssimo [William de Baskerville], de uma humanidade e consciência extremas de si, do outro e da humanidade em geral e da cultura -- como legado, representado no filme sob a forma de livros proibidos -- em particular. Ao escrever este post, L. tem ao seu lado um livro de umas boas mil páginas, cujo exterior está praticamente carbonizado. Percebe-se no entanto, pela gravação na pele cheia de cortes, que teria motivos florais em dourado a toda a volta, uma lombada em marroquim vermelho com linhas clássicas, motivos florais dourados, uma letra e, a toda a volta, a face exterior das páginas foi gravada com losangos que contêm flores em baixo relevo, e que teriam sido também douradas sobre o papel. Serve esta descrição não para demonstrar a obra de arte que é o livro, mas aquilo que foi, que se depreende que foi, o que resta e o que se perdeu. O que não se sabe é como se perdeu. O fogo que carbonizou o exterior fez com que o interior resistisse à mais brava humidade, insectos e outros roedores [sim? talvez.]. As suas páginas estão límpidas, e mais de quatrocentos anos volvidos, deixam entrever um mundo que já não existe sem ser em livro. Estas não são as grandes características que tornam o livro raro e apetecível. Mas são as que L. relaciona com O Nome da Rosa, onde se descreve um mosteiro perdido no norte de Itália, no século XIV, igual a tantos outros por essa Europa fora, que guarda uma biblioteca já na época preciosa.

Uma biblioteca que reúne volumes sem conta, da mais diversa natureza, idade e proveniência, com uma única característica comum: serem proibidos, por desafiarem os axiomas fixados pela Igreja à época.

Livros sobre a concepção e a mulher, sobre o amor, sobre o riso e a comédia.

Livros sobre todos os temas de prazer humano, reunidos no termo 'hedonismo' e naquilo que hoje se chama a 'boa vida' e que para alguns é o dia-a-dia.

O filme gira em torno de homicídios misteriosos, sem que se saiba, desde logo, que na verdade os homicídios giram, eles mesmos, em torno de uma torre que guarda livros proibidos.

William de Baskerville, um dos nossos personagens principais, é monge franciscano e, neste mosteiro beneditino [não iremos discutir esta oposição de escolas] descobre esta biblioteca.

A biblioteca reúne os volumes que Baskerville já sabia existirem, mas que julgava perdidos, irrecuperáveis ou simples mitos.

Obras como as poesias de Aristóteles sobre o amor.

Obras proibidas pelo establishment, que desafiavam a regra do não pensamento autónomo e todos os dogmas possíveis e imaginários. Ou, se quisermos, obras que foram desafiadas séculos depois de criadas [no caso de Aristóteles certamente mais do que um milénio] por regras humanas queridas divinas.

Muito podia dizer-se sobre este filme.

Fica a referência à visão aberta de Baskerville, e sobretudo à sua quase pueril afeição à biblioteca, por oposição ao tratamento seco quando em sociedade, pela noção clara que tinha da importância desse livros, precisamente, para o desenvolvimento da mesma sociedade e para a sua 'salvação' e libertação. Seja espiritual seja material.

À firmeza de princípios e de acção de Baskerville e à sua fidelidade à liberdade de pensamento, de escrita e de leitura.

E à necessidade fundamental de preservação do conhecimento, sobretudo do conhecimento único, que nos milhões e milhões de quilómetros deste planeta, se resumem a páginas de livros por vezes únicos, de paradeiro desconhecido, por vezes maltratados e mais das vezes destruídos sem critério.

Se um ser humano raramente ultrapassa os 100 anos [e em nenhum caso os 200...], um livro pode durar milénios [mesmo que vá mudando de aspecto...!].

Este nosso amigo, que aqui repousa ao lado, era um jovem quando se queimavam hereges nos autos-da-fé.

E por dentro, este livro continua igual. Transmite a L. aquilo que transmitiu a gerações e gerações, com um sem número de interpretações.

Não só é uma obra de arte, pela sua feitura e pelas belíssimas gravuras que contém, como é uma peça de conhecimento que continua vivo enquanto preservado e lido.

A personagem Baskerville percebia isso, à escala grandiosa do mosteiro retratado em O Nome da Rosa.

Todos nós temos, em maior ou menos escala, com plena ou nenhuma consciência, um Legado.

Saberemos preservá-lo e, sobretudo, apreciá-lo nos intervalos da publicidade? Do casamento? Do emprego? Das férias? Da vida?

Adorável.

Peers protest at curbs on protest

Baroness Williams earlier led a Lib Dem protest outside Parliament calling for the end of restrictions on protests.

27 janeiro 2007

Vivaldi is back


Finalmente alguém liga aos concertos de Vivaldi para violino e abandona um pouco o que tem sido o mainstream da edição e audição do malfadado compositor, cujas versões das quatro estações e afins aborrecem qualquer interlocutor telefónico que fique pendurado numa lista de espera, cliente de hotel ou de transporte público...

Mesmo a Naïve, em 4 anos, editou 30 álbuns na série Vivaldi e só agora lança um primeiro disco de concertos para violino, como assinalou Graham Lock na Goldberg Magazine.

Além de La Caccia [RV 362], o álbum publicado pela Naïve tem outros 5 concertos:

RV 199 Il Sospetto
RV 208 Grosso Mogul
RV 234 L'Inquietudine
RV Il Riposo
RV 332

Fica a sugestão, ainda que a 6 concertos por álbum, os prometidos 100 demorem a chegar, a comprar, a guardar e a ouvir.


Concerti per Violini I, 'La Caccia'
Antonio VIVALDI
dir. Enrico Onofri
Academia Montis Regalis
Naïve OP 30417
2005 - 55h36min

26 janeiro 2007

A Velha


Podia ser o título de um qualquer quadro ou escultura de época mais ou menos remota, ou simplesmente um título de crónica em revista ou jornal.

É sobre uma velha, que circula entre um restaurante e um bar / disco: a Bica do Sapato e o Lux.

E pede, esticando a mão e balbuciando gementemente.

O parque de estacionamento do Cais de Santa Apolónia é a estrada desta mulher, que umas vezes está junto ao restaurante (início da noite) outras junto ao Lux (noite cerrada). É onde estiverem as pessoas às quais, curvada e caída, enrolada nos seus lenços e rendas e sacos, Verão ou Inverno.

A Velha parece não estar mais velha. É velha, continua velha. Um dia não estará lá, provavelmente por ter morrido. O seu destino final, tal como a sua origem, é desconhecido.

A Velha é uma ponte para a realidade de um país pobre de de um mundo pobre. Miserável, sem higiene, sem oportunidades e [nunca se sabe] sem cultura, pelo menos clássica.

É o contraponto da alegria de quem entra no Lux, do apetice saciável de quem entra na Bica, da bebedeira de quem sai do Lux, da satisfação de quem sai da Bica. Da utilidade da loja de decoração e de ténis e do DeliDelux. E sobretudo, da possibilidade de sair e do destino que tem quem sai do parque.

A Velha é tudo aquilo que nós não somos.

Será sorte? Será azar? Será tabu?

Lorenzetti escreveu sobre ela. Alguma coisa há de ser.

25 janeiro 2007

Ainda sobre o Líbano


Israel está de parabéns.

Coma desculpa de dois militares capturados [que numa lógica pura e dura, seriam considerados por militares mais alinhados como vítimas da sua própria incompetência ou simplesmente baixas esperadas e irrisórias], Israel invadiu um país, onde tem desenvolvido actividades militares sem o consentimento desse país [no caso, o Líbano], matando não só militares como [sobretudo?] civis, violando a mais básica regra de guerra e destruindo casas, carros, infraestruturas de valor incalculável e causando migrações inesperadas.

O Embaixador de Israel em Lisboa disse que as 'pessoas' foram avisadas dos bombardeamentos no seu país por Israel, e que se não saíram rapidamente [deixando pois a sua casa e bens à mercê das bombas] foi porque não quiseram.

O Governo Português disse não ter posição [embora tenha logo no início declarado avançar com um contingente qualquer, que não definiu...].

As Nações Unidas dizem ter perdido uns 4 diplomatas bombardeados, segundo o Secretário Geral da ONU, deliberadamente por Israel [tipo assassínio...].

E tudo continua na maior.

Israel está de parabéns. E os Estados Unidos claro. Foi a silly season de 2oo6 no seu melhor...

24 janeiro 2007

A recordar a novela da Educação em Portugal em 2oo6


É verdade. Na história de Portugal, a 'Ministra', ou 'Milu', como muitos professores chamam, carinhosamente, à Ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues [a actual, para quem, como Lorenzetti, já não se preocupa em decorar nomes de Ministros que não conhece, que vêm e vão] não é nada.

Até porque os exames deste ano não são assim tão diferentes de outros.

Melhor: os actuais têm uma estrutura diferente, o que faz com que os alunos tenham sido cobaias, porque não lhes foi dada uma prova modelo, como acontece em todo o lado.

Sem uma prova modelo [que por ser modelo não diz o que vai sair, mas diz como vai sair], conforto psicológico para quem as faz e tem de as fazer, e guia indelével de estudo para a verdadeira prova, os alunos foram marionetas. Cobaiazitas de um grupo de políticos [ou de professores armados em políticos] que 'queriam ver como é que os alunos reagiam', esquecendoi que os alunos deste ano não são os mesmos deste ano nem do próximo [a menos que fiquem pendurados por causa desta 'experiência'].

Os alunos deste ano são pessoas por si, e tiveram o 'azar' de fazer exame este ano.

Mas mesmo assim, o mais invulgar não foi a mudança de estrutura [e, claro, o fazer-se exame repetido em duas cadeiras numa míriade de outras que também o justificariam].

O mais invulgar [mas que se percebe] é a Ministra nunca ter respondido [na famosa sessão no Parlamento... coitadinha, isto de responder pelo cargo devia ser só para quem está 'preparado'; sim MESMO em democracia!] à questão da prova modelo. Não dizem porque não a fizeram e tudo o resto perde sentido com tal falha.

Mas o cúmulo das invulgaridades é mesmo o facto de haver erros científicos e afins em todas as provas, em todos os anos, que levam vários professores a berrar junto de um Ministério surdo, fechado numa torre que não é de marfim, mas de simples papelão, e que em última instância [mas uma instância muito vulgar...] obriga os professores, contra toda a autonomia técnica de que beneficia, por exemplo, um advogado, a 'corrigir' um exame de acordo com critérios que entende errados, e que são errados pela ciência das coisas [o que torna os critérios 'políticos' e não científicos?!].

Há pois professores, neste país, que riscam, contra a sua própria vontade, respostas que consideram certas, pelo facto de os critérios do Ministério estarem errados.

Pode haver dissensos de opinião, o que é saudável [e que em todo o caso justificam sempre a validade de uma resposta]. Mas quando se sabe que há erros científicos em provas emitidas por um Ministério, para um país inteiro, com professores por todo esse país a assinalar os mesmos erros, e sendo estes obrigados a considerar erradas respostas que estariam certas ou vice-versa, anda tudo louco.

É que não há explicação possível que não a incompetência científica e humana e problemas de ego dentro de um Ministério.

E o grande problema é que a demissão da Ministra não serve para nada. Nem a mudança de Governos. O problema continua lá dentro. Do Ministério.

23 janeiro 2007

deste Portugal que anda engravatado todo o ano e se assoa à gravata por engano



A frase de Alexandre O'Neill [não a do cherne...] anda de coluna em coluna de jornal, agora que se discutiu a petite question jardino-madeirense de dress code para jornalistas na Assembleia Legislativa da Madeira.

Apesar das alterações climáticas, Portugal -- e vários Estados sul-europeus -- insistem em manter o uso, em certas circunstâncias e inclusive no Verão, de fato escuro.

Isto tem dois elementos extraordinários. O primeiro é o da regra em si. O segundo é o da sua relação com a realidade.

A regra em si até podia ser aceite: podia aceitar-se, hipoteticamente, que tem de haver 'decoro', 'disciplina', 'distinção', 'respeito pelas instâncias públicas ou privadas', 'classe e bom gosto', 'profissionalismo', 'aprumo', ya-da, ya-da, ya-da.

Mas mesmo que isto se aceitasse, a realidade é bem diferente.

Mesmo que os Portugueses não se assoem à gravata, 'classe e bom gosto' não impera, e devia saber-se isso. O fato pelo fato, então, não teria sentido nenhum. Pululam as gravatas de padrões ridículos, de cores saltitantes, difusas, mensagens e bonecos deploráveis, fatos de corte ordinário, materiais surreais, coçados, mal acabados, de Verão no Inverno, de Inverno no Verão, de provincianos botões dourados com ou sem motivos náuticos, sapatos de pala ridículos ou mesmo com fivelas laterais possidónias, e de borracha [porque a verdadeira sola mata com a famosa, querida, mas assassina porque escorregadia e absolutamente irregular calçada portuguesa].

Abundam as camisas de padrões abomináveis, quantas vezes enrugadas, de tamanho errado, com o 'botãozinho' aberto [sim, porque as gravatas apertam os pobres Portugueses e as camisas também] e porque não, a gravata à banda, porque é mais confortável e dá um toque blasé, para não dizer rústico. E claro, nalguns casos, botões de punho que em regra roçam [ou espalham-se à grande] o pindérico.

Na prática, o uso do fato é pois um flop no que concerne ao estilo.

E assim acontece quanto ao conforto: nenhum ser minimamente credível pode dizer que se sente confortável num fato, de gravata bem ajustada ao pescocito, com 30 graus.

Além de desconfortável é, no mínimo, pouco higiénico. A menos que esse indivíduo circule, 24 horas, em ambiente climatizado, leia-se, com o ar condicionado [AC] a 16 graus. Coisa que não acontece, salvo num número reduzido de casos [sair de casa com AC, entrar directamente na garagem com AC, no carro com AC, na garagem com AC, no escritório com AC, etc.].

O verdadeiramente extraordinário é o uso do fato ser regra em alguns ambientes não climatizados, profissionalmente falando.

Ou haver loucos que fazem casamentos no Verão, em pleno dia, com 30 graus, e fato, fraque ou casaca...

O fato até é útil, um refúgio: é o menos imaginativo possível [salvo os tais fatinhos de bonecada e as gravatitas ridículas] e salva quem o usa de decidir como vestir-se. Esse sim, seria o grande desafio à 'elegância' e 'classe', argumentos utilizados pelos defensores da 'gravata'.

Entre os jeans, a gravata e as havaianas, o Português não saberia o que fazer. Desse ponto de vista L. até percebe. E tem pena.

No Japão abandona-se o fato, para [para variar] poupar Energia.

No Canadá, o nosso amigo X diz-nos que pode trabalhar de calções... jeans é que não.

Num banco suíço, numa sociedade de advogados parisiense e numa broker inglesa, os nossos amigos Y, W e Z dizem-nos que usam fato, que é regra e que acham bem. Mas que achariam mal em Portugal, porque não tem nada a ver com as características do país, desde logo o clima e, suspeitam eles [erradamente, infelizmente!] a 'descontracção' e simpatia do povo português.

Podemos ser simpáticos. Mas continuamos contraídos na nossa ignorância e não aceitamos que um homem de calções possa ser um génio na banca [e não estamos a falar de peixe] ou que um homem sem gravata possa defender-nos em tribunal com excepcional competência.

Continuamos a valorizar o que não interessa.

Missing the point.

Por isso, continuamos atrás. Se não dos outros, pelo menos do nosso potencial.

A gravata -- sobretudo a bimba -- é como um garrote que estrangula Portugal na sua própria estupidez.

ser Prático


é usar loafers. Lembrei.me quando tive de preencher um survey da Saatchi&Saatchi, sobre criatividade.

Tirando smoking e fato escuro, usam-se com tudo e em qualquer lugar.

E é como se estivesse descalço.

Sem dúvida uma peça que fica para a história do século.

Among others, Tod's.

22 janeiro 2007

O sabor dos dias.



Nicotine from a silver screen

Sweet seduction in a magazine,
endless pleasure in a limousine,
in the back shakes a tambourine,
Nicotine from a silver screen

...

In the music,
say the word,
see the light,
join the herd,
Love it comes,
Love it goes,
diamond memories,
go with the flow

...

(dararam dam daram daram
dararam dam daram darararam
dararam dam daram darararam)


video link

21 janeiro 2007

'Guna, Mitra, Bazofe'


Uma inglesa minha conhecida resolveu juntar-se a um tal de Anti-Chav Movement.

Tinha uma ideia do termo, mas quis 'specifics'. Fui à Internet, claro, e ao Google [pois então...] e apareceu ]evidentemente!] uma página da Wikipedia sobre o tema.

Um enorme artigo, com imensas remissões e até as traduções para todos os continentes. 'Chavs de todo o mundo, uni-vos!'. Ou talvez não.

A tradução para português, de acordo com a Wikipedia, é a coisa que serve de título a este post. Sinceramente, nunca tinha ouvido falar naquilo, mas enfim. Vou tentar pensar que é por boas razões. Também podiam ter incluído o shuning. Ou mesmo um link para o Hi5Porcas, uma boa demonstração do ser chav em Portugal. Para não falar nos jogadores de futebol quase todos. Enfim, não continuemos senão chegamos a alguns órgãos de soberania.

O artigo da Wikipedia inclui um 'bullet-point summary' do perfil 'Chav'. Aqui fica:

'A charva (synonym of vhav) is someone from the "unworking class"—living off benefits and not actively seeking work. It is also often used to specifically refer to the children of such people and not the parents themselves. Typically, a charva or Chav is someone that:

* Lives on council estates and other low-income neighbourhoods, often supported by the "dole"(unemployment benefit / Income Support).
* Often takes part in underage drinking, sex, (and, consequently, is associated with teenage pregnancy), smoking and sometimes drug abuse.
* Congregates and loiters in areas such as bus stops, shopping centre, under bridges, corner-shops and fast food restaurants.
* Is associated with crass, loud, in-your-face drunken behaviour and minor criminal activities. This includes unprovoked attacks on members of the public (see happy slapping), vandalism, verbal abuse, and drug abuse (see ASBO*). Often these crimes are committed purely for the fun of it and not the material gain most criminals engage in their activities for.
* Usually are known to have racist views and have a great degree of dislike of ethnic minorities, even though, ironically, they usually idolise African-American hip hop artists.
* Classically (particularly in the schoolyard culture) have a vehement dislike of 'goths' and 'emos', as well as other "alternative" subcultures.
* Celebrates ignorance and rejects education, thus making themselves unemployable and have a strong aversion to anyone who engages in education and tries to raise their station
* Have a strong tendency to stare at anyone who is a member of a higher class, often sneering and using expletives as they do so.'


Vistas assim as coisas, um Chav é um parasita. 'Mata, mata!'. Género white trash americano [provavelmente porque para os autores da expressão, white trash é uma excepção, e o que não é white, é trash].

Deve ser por isso que a minha conhecida se interessou pelo Anti Chav Movement. Sinceramente, recusei logo. Admito que ela se tenha juntado ao movement porque, como se lê no tal artigo da Wikipedia, 'Critics of the term have argued that its proponents are “neo-snobs,”and that its increasing popularity raises questions about how British society deals with social mobility and class'. Suponho que esta minha conhecida seja uma emergente e enfim, tenha a tendência para rejeitar e odiar aquilo com o que tem medo de ser confundida.

Sinceramente estou-me nas tintas para os tais chavs. Desde que não me chateiem e que os sociólogos e a polícia [secreta ou não secreta] estejam atentos a eles.

Afinal, os chavs fazem parte daquele bolo social que alimenta o que há de bom: a dolce vita. Toda a casa gira tem um armário cheio de tralha lá dentro. Deixemos chavs sossegados q.b. [i.e. tentemos que a porta do armário fique bem fechada] e gozemos a vida.

Parafraseando um ex-PR português, 'há vida para além dos chavs'. É é bem boa.


* ASBO: Anti-Social Behaviour Orders, que em vez de penalizações, são verdadeiras medalhas. Um chav sem uma ASBO não é, de todo, mais do que um wannabe chav!

20 janeiro 2007

Um musical que se aguenta de olhos abertos e ouvidos destapados.




MIKE:
Who has an itch
To be filthy rich?

LIZ:
Who gives a hoot
For a lot of loot?

MIKE:
who longs to live
A life of perfect ease?

LIZ:
And be swamped by necessary luxuries?

MIKE:
Who wants to be a millionaire?

LIZ:
I don't.

MIKE:
Have flashy flunkeys ev'rywhere?

LIZ:
I don't.

MIKE:
Who wants the bother of a country estate?

LIZ:
A country estate is something I'd hate!

MIKE:
Who wants to wallow in champagne?

LIZ:
I don't.

MIKE:
Who wants a supersonic plane?

LIZ:
I don't.

MIKE:
Who wants a marble swimming pool too?

LIZ:
I don't.

BOTH:
And I don't
'Cause all I want is you.

MIKE:
Who wants to be a millionaire?

LIZ:
I don't.

MIKE:
And have uranium to spare?

LIZ:
I don't.

MIKE:
Who wants to journey on a gigantic yacht?

LIZ:
Do I want a yacht?
Oh, how I do not!
Who wants a fancy foreign car?

MIKE:
I don't.

LIZ:
Who wants to tire of caviar?

MIKE:
I don't.

LIZ:
Who wants a private landing field too?

MIKE:
I don't.

BOTH:
And I don't.
'Cause all I want is you.

MIKE:
Who wants to be a millionaire?

LIZ:
I don't.

MIKE:
And go to every swell affair?

LIZ:
I don't.

MIKE:
Who wants to ride behind a liv'ried chauffeur?

LIZ:
A liv'ried chauffeur
Do I want? No sir!

MIKE:
Who wants an opera box, I'll bet?

LIZ:
I don't.

MIKE:
And sleep through Wagner at the Met?

LIZ:
I don't.

MIKE:
Who wants to corner Cartier's too?

LIZ:
I don't.

BOTH:
And I don't,
'Cause all I want is you.

High Society
Charles WALTERS [1956]
c/ Bing Crosby, Grace Kelly, Frank Sinatra, Celeste Holm, Louis 'Satchmo' Armstrong

19 janeiro 2007

14 janeiro 2007

Goa em 'Transe' por 30 badamecos.


Já falámos aqui várias vezes do actual Presidente da República Portuguesa.

E raramente no sentido de apoiá-lo. Nem tanto por motivações partidárias, porque não tenhos, mas por razões sociais e de competência objectiva para o cargo.

Desta feita, o PR vê-se envolvido num cenário que escapa, espero, ao seu controlo e que é um momento triste nas relações internacionais e para os direitos humanos.

No dia 14.1.2oo7, o PR português recebeu da Universidade de Goa a distinção de doutoramento honoris causa, algo perfeitamente simbólico e banal nas relações entre Estados.

Pela imprensa, soube que cerca de 30 manifestantes, que foram detidos pela polícia, empunharam cartazes com inscrições em inglês e hindi como 'abaixo o imperialismo' e '14 de Janeiro - Dia negro para a Universidade de Goa'.

Parece que esta é a primeira vez que a Universidade de Goa entrega o doutoramento honoris causa, tendo escolhido um cidadão estrangeiro para o efeito.

Segundo os manifestantes [aparentemente uma organização estudantil de direita] essa distinção devia ser dada a goeses ou indianos.

Este é um acto de profunda xenofobia.

Não irei argumentar com as típicas fórmulas 'se não fosse o império português Goa não estava no mapa, ou nem teria Universidade'.

O argumento é mais simples, ainda mais universal, e irrefutável: recusar uma distinção a uma pessoa pelo facto dela ser estrangeira é um acto de estupidez imensa.

É claro, poderia ser uma distinção reservada a nacionais, como sucede com várias ordens honoríficas de Estado.

Não é o caso. Como se sabe, os doutoramentos honoris causa são realizados pelo mundo fora e, em regra, em homenagem a cidadãos estrangeiros ou nacionais que se destacaram internacionalmente.

Assim, até podia compreender-se não dever ser atribuído o dito doutoramento a Cavaco Silva, por se entender que não teria craveira cultural ou social para tal, ou porque a sua carreira nada demonstraria de relevante para as relações Portugal-Índia ou as relações internacionais. Nem mesmo como PR, dado estar há tão pouco tempo no cargo e conhecendo-se tão pouco da sua actividade como titular.

Ou podia argumentar-se [embora tal exigisse muita inteligência e subtileza q.b.]que Potugal era um ex-colonizador e algo banido.

Mas não pode, em caso algum, compreender-se a defesa da não atribuição do grau honoris causa só porque é estrangeiro.

Objectivamente isso é xenofobia. Subjectivamente, é pura estupidez.


Foto: pormenor de contador indo-português da coleccção do V&A, restaurado recentemente.

Amadeo, Amadeus, Amadores.


Soube algures que há filas de duas horas para ver a exposição temporária na Gulbenkian de obras de Amadeo de Souza-Cardoso.

Parece que a exposição esteve aberta sem interrupção desde as 10h00 de sábado até às meia noite de domingo.

Isto é extraordinário e é muito muito muito bom.

Pelos vistos, pela primeira vez na história da Fundação, a Gulbenkian manteve-se aberta uma noite inteira para receber os visitantes de uma exposição.

Pergunto-me mesmo se isto terá acontecido de todo em Portugal, numa exposição supostamente de horário de expediente.

Foi o último fim de semana da exposição e a Administração da Gulbenkian deliberou esta abertura excepcional.

Até há poucos dias, o número de visitantes era 86 mil, número interessante para uma cidade como Lisboa, sobretudo tendo em conta que a exposição abriu apenas a meio do mês de Novembro de 2006.

Diz-se que à uma da manhã era preciso esperar cerca de uma hora e meia para ver as mais de 260 obras de Amadeo e de outros 36 artistas seus contemporâneos, como Picasso ou Modigliani. Tirando os 30 minutos para comprar bilhete.

Porém, nada, comparado com as esperas de três horas e meia na tarde de sábado.

A Gulbenkian já merecia, como se sabe, uma atenção especial de Lorenzetti. Em áreas como a música ou a dança a Fundação tem sido praticamente o único actor cultural, trazendo a Lisboa nomes que não vêm de outra forma e contrastam com programas pobres, como o da suposta 'ópera' de S.Carlos, ou salas de concerto clássico. Esta iniciativa demonstra mais uma vez a originalidade da Fundação. Se este foi um acto excepcional e 24h, recorde-se que todos os meses a Tate abre as suas portas à noite, com serviço de bar incluído.

Giro giro giro era 24h policy em todas, everywhere. E com os devidos cuidados, música e serviço de bar.

E não me digam que é caro. Não há paciência para esse tipo de argumento quando se trata de free time. Afinal o dinheiro serve para quê?

12 janeiro 2007

Rocket contra a embaixada dos EUA em Atenas


Foi esta manhã, antes do início de expediente, não causando vítimas, dirigida ao emblema dos EUA, mal danificando o edifício e entrando numa casa de banho.

Como refere a BBC, 'The US embassy is one of the most fortified and tightly guarded buildings in the region and is frequently the target of protests in a country brimming with potent anti-Americanism'.

Na verdade, é interessante verificar que os EUA apoiaram a ditadura militar [de simples coronéis...] na Grécia, ditadura que culminou com o envio de tanques para uma o politécnico de Atenas aquando de manifestações estudantis, matando vários jovens.

Os gregos não esquecem e ao seu ódio ao apoio americano a uma ditadura que estrangulou a liberdade e o progresso socio-económico da Grécia, juntam a discordância pela intervenção americana nos assuntos internso dos outros Estados, com especial relevância para a questão Turca e as intervenções militares como as actualmente em curso no Iraque ou no Afeganistão.

Desta vez não podem dizer que foi um bando de islâmicos. Estamos na União Europeia, e em particular, no Estado-berço da democracia.

O mundo está a acordar.

GILLES PETERSON'S WORLDWIDE AWARDS


Há quem goste dos óscares e fique acordado uma noite para os ver... na TV [!] e há quem veja os MTV Awards.

Por aqui achamos mais graça a coisas como os Gilles Peterson Worldwide Awards, 'a night celebrating the best of jazz, soul, funk, hip hop and all the hybrids, subsections and dual-genres inbetween'.

É já esta sábado na Cargo, entre as 20:30-22.30 e com festa das 20:00 às 03:00 [!]

09 janeiro 2007

60's


Os sixties estão de volta em dois 'eventos' curiosos:

. no V&A, uma exposição de vestidos e fatos 60's, até ao dia 27 de Fevereiro [hjavendo imensas iniciativas paralelas, a ver aqui];

. a casa Pucci celebra 60 [!] anos e reedita alguns 'collectibles' 60's. Embora não seja grande fã deste estilo, há que reconhecer a sua importância no contexto da história da moda e daquilo que é ser criativo e original.

Ficam as duas notas breves, que a pressa tem sido bastante...

06 janeiro 2007

Tudo na mesma, como a lesma.

O 'governo' do Iraque pronunciou-se sobre o homicídiobarraenforcamentobarrapena aplicado a Saddam Hussein e às reacções internacionais.

De acordo com a BBC,

'Iraq PM Nouri Maliki says his government may review ties with any country criticising Saddam Hussein's hanging'.

Isto é interessante.

Os Estados que criticaram o Iraque fizeram-no por duas razões.

Os mais envolvidos [EUA] não pela pena de morte em si [até porque a aplicam no seu país e influenciaram certamente a sua aplicação no Iraque], mas pelas frases 'simpáticas' ditas a Saddam no momento do enforcamento.

Os mais avançados,pela sua posição contrária à pena de morte, incluindo aliados dos EUA, como o Reino Unido.

Assim, os Estados com quem o Iraque quebrará relações são os que respeitam os direitos humanos, desde logo o direito à vida. Porque criticaram a aplicação da pena de mote no Iraque.

Interessante.

'Pensei' que a substituição do Iraque visasse isso, e que a 'justificação', além das armas nunca encontradas, fosse implementar um Estado de direito democrático constitutionalmente garantido.

Afinal só mudaram as moscas.

Cuidado moscas: se pisarem o risco são mortas... e quem criticar o uso de mata moscas [ou da corda] será banido.

03 janeiro 2007


Men in great places are thrice servants: servants of the sovereign or state, servants of fame, and servants of business. So as they have no freedom, neitheir in their persons nor in their actions nor in their times. It is a strange desire to seek power and to lose liberty; or toseek power over others and to lose power over a man's self. The rising unto place is laborious, and by pains men come to greater pains; and it is sometimes base, and by indignities men come to dignities. The standiness is slippery, and the regress is either a downfall or at last an eclipse, which is a melancholy thing. Cum son sis qui fueris, non esse cur velis vivere. [When you are no longer what you were there is no reason for wishing to live - Cicero, Letters to Friends, VII.3-4.]

Sir Francis BACON [pub.1597-1625] Essays



Imagem: Francis Bacon [1953] Inocêncio X

01 janeiro 2007

ETA? Maybe yes. Maybe not.


No DN lia-se:

O primeiro-ministro espanhol, José Luis Zapatero, anunciou que estão interrompidas as negociações com o grupo terrorista ETA, na sequência do violento atentado, ontem de manhã, no aeroporto de Madrid. "Ordenei a suspensão de todas as iniciativas para desenvolver o diálogo", explicou Zapatero, numa dramática conferência de imprensa em que condenou o inesperado ataque. "Foi o passo mais errado e inútil que podiam ter dado os terroristas", lamentou o chefe do Governo.

[...]

Embora identificando a autoria da ETA, "sem qualquer dúvida", Rubalcaba sublinhou que o comportamento dos terroristas não tinha sido o habitual, pois o grupo sempre anunciou a ruptura das tréguas.

[...]

À hora do fecho desta edição, ainda não havia qualquer reivindicação do ataque de Barajas. No entanto, Arnaldo Otegi, porta-voz da ilegalizada Batasuna (braço político da ETA), tentou explicar, em San Sebastian, que o atentado não representava o fim do cessar-fogo da ETA.


Um bocado conversa de surdos não?

Portanto 'à hora' não se sabe quem foi, mas tiram-se ilações políticas de consequências graves. Peculiar.

A única certeza que temos é que a renovação de Barajas foi uma lufada de ar fresco para quem utiliza o aeroporto e para quem gosta de arquitectura...

Um 2oo7 pouco auspicioso


O ano de 2oo7 começa com o estigma do homicídio de Saddam Hussein [ou o enforcamento, se assim se preferir], numa questionável abordagem do princípio da não ingerência entre Estados.

Para além do lado jurídico e político, o lado religioso não é de menosprezar.

De acordo com as notícias veiculadas [e abaixo segue uma citação da BBC, que não só pertence a um dos Estados mais interventivos no Iraque, como é uma fonte de informação considerada como tendencialmente rigorosa e independente], o enforcamento foi ainda mais degradante do que se esperava, incluindo insultos verbais pelos executores / homicidas.

E Saddam morre como mártir islâmico, invocando Maomé, mártir político e religioso traído, perseguido e assassinado por invasores não islâmicos, tal qual cruzadas, onde só faltou o fogo e a cruz. Provavelmente os capuzes pretos dos executores de Saddam seriam mais rigorosos de brancos e com três K. Talvez por isso um telespectador da SIC defendia, há uns dias [num dos fóruns em que as pessoas telefonam aos berros] o enforcamento, também, do Presidente dos EUA [peculiar].

Como conclui a reportagem da BBC, 'It is going to be increasingly difficult for the government of Nouri Maliki to convince Sunni Arabs here that Saddam's execution was not merely an act of retaliation'.

Achtung baby. Ou 'act hung'.

E desde o começo desta bela história ainda não apareceram armas nucleares ou químicas.

Saddam morreu, como mártir, e com ele as desculpas que eventualmente existissem. Agora o mundo vira-se para os executores. Esses, sim, foram quem usou armas nucleares na história do mundo. E ainda as têm. Talvez fosse esta a lógica do telespectador da SIC...


Altogether, the execution as we now see it is shown to be an ugly, degrading business, which is more reminiscent of a public hanging in the 18th Century than a considered act of 21st Century official justice.


'The most disturbing thing about the new video of Saddam's execution for crimes precisely like this, is that it is all much too reminiscent of what used to happen here'

The key passage on the video-tape comes after the official version was cut off.

[...]

At first you can hear a Shia version of an Islamic prayer being called out.

Saddam Hussein was, of course, a Sunni Muslim, and all this was unquestionably intended as a sectarian insult.

Then the same voice starts calling out the name of the leading Shia cleric Moqtada al-Sadr. Sadr, the formal leader of the Mehdi Army, was an open enemy of Saddam.

Saddam is not intimidated by any of this, and repeats Moqtada Sadr's name disdainfully, as if to say he doesn't count for very much.

Then his gruff, rasping voice can be heard saying to the onlookers "Is this manly behaviour?"

But someone calls out 'You're going to hell.'


One of the witnesses, concerned about all this, says 'Keep quiet - he's just about to die.'

Saddam Hussein scarcely has an instant to collect his thoughts. He starts to mutter a prayer, but just as he speaks the name Muhammad, the chief hangman pulls the lever and the trapdoor opens.