TAP e Privatizações
No Expresso de há umas semanas, um artigo de fim de página tinha como subtítulo 'Com a privatização no horizonte, a TAP vê-se obrigada a alcancar objectivos rigorosos de gestão'.
Quem leia isto ao calhas acha, desde logo, que a gestão da TAP tem sido um caos, e que privatizar é algo de fantástico, agradando àqueles a quem agrada a expressão 'metê-los na ordem'.
Parece que até agora não havia ou não se alcançavam 'objectivos rigorosos de gestão'.
O que é totalmente falso. O caso da TAP é, todos o reconhecem, um exemplo de gestão, sobretudo tendo em conta a agitação que se tem vivido no sector internacionalmente, sobretudo devido a factores macroeconómicos, preços do petróleo e questões de 'terrorismo'. Leia-se o Relatório e Contas. E leiam-se todas as notícias na imprensa, sobre a TAP, nos últimos 5 anos.
A privatização é, em muitos casos [tal como em vários casos de nacionalizações] o verdadeiro terrorismo.
Especialmente quando se fixam metas de gestão fantásticas: parece que não se faz nada numa empresa até ser privatizada.
Se está mal é porque não se faz nada [ou porque nada se pode fazer], e algum estarola vem defender a privatização.
Se está bem, pode ser privatizada: afinal quem quereria uma empresa inviável?
Mas sendo viável, porque não fica o Estado com ela? Se assim fosse em todas as utilities, certamente poderíamos baixar impostos, por exemplo.
A conclusão acaba por ser a de o Estado deve ter tudo o que não dá lucro e, uma vez colocando a empresa a dar lucro [não apenas contabilístico, mas a todos os níveis] pode e deve vendê-la.
Curioso raciocínio.
Desastroso resultado.
Depois não digam que não avisei.