Todos os portugueses já interiorizaram a ideia de 'jobs for the boys'. A realidade não é nova, mas a frase é recente.
Porém, nem sempre analisamos casos concretos.
Confesso que tropecei num deles, sem ter qualquer relação com a personagem ou com o Ministério em causa. E é importante sublinhar isso. Não sei quem são, de onde vêm ou para onde vão. Apenas sei o que li no Diário da República.
E foi o seguinte:
Através do Despacho n.º 14965/2005 da Senhora Ministra da Educação, 'considerando que o curriculum vitae publicado em anexo evidencia perfil adequado e é demonstrativo da aptidão e da experiência profissional necessárias ao exercício do cargo em que é investido'...
... procedeu à nomeação de um director regional adjunto da Direcção Regional de Educação do Norte.
Até aqui, nada de anormal. Até de louvável.
O que me causou enorme surpresa [digamos assim], foi que o 'perfil' e a 'experiência', nada têm a ver com Educação. Aconselho a leitura do tal despacho, publicado na II série do Diário da República de 8.7.2005.
E destaco alguns pontos:
A formação académica do nomeado é uma licenciatura em engenharia civil e uma pós-graduação em direcção, gestão e execução de obras.
Profissionalmente, tirou um curso geral de gestão, um de análise transaccional, participou num seminário sobre a aplicação do cimento em pavimentos rodiviários e numa conferência sobre a importância das infra-estruturas de transporte no desenvolvimento das regiões e noutro sobre gestão de aeroportos.
Trabalhou no departamento de obras da Câmara de Matosinhos, no departamento de instalações da ANA, nos aeroportos de Lisboa e Porto, e em outros cargos relacionados com aeroportos portugueses.
E ponto final.
Ora, alguém pode esclarecer-me em que medida é que este Senhor (que, repito, não faço ideia quem seja, e a Ministra que o nomeou, idem) tem 'perfil' e experiência profissional' necessários para uma Direcção Regional de Educação? Aliás, o que tem a ver este Senhor com a Educação, mais do que com obras e aeroportos?