16 outubro 2007

A histeria dos 3%



A crítica da equipa Gato Fedorento não é novidade: o histerismo em torno dos 3% e aquilo que tem parecido a quase redução da política económica europeia a isso é já conhecida, e por arrasto [ou arrastão, remember?] a política orçamental do PS e do PSD.

O inovador foi o sketch do Gato Fedorento sobre os efeitos dos 3%. E as razões para [não] o festejar, pois não é propriamente um mal maior, nem dele parecem advir quaisquer vantagens. até porque já se percebeu que um défice de 3% não é propriamente razoável para todos os países europeus [que têm economias e vidas diferentes] e sobretudo não o é para todos ao mesmo tempo. E se França não o conseguiu e obteve uma moratória, porque não fez Portugal o mesmo? Porque o Governo achou, como habitual, que temos de dar o exemplo [a estupidez não mata, mas a teimosia sim] e para variar andamos a vender-nos [oferecer-nos] ao estrangeiro que, sem o fazer, nem sequer repara nisso. Mas os políticos portugueses que têm passado pelo Governo assim o fazem: o que 'é estrangeiro é bom e assim deve ser'. Este rebaixamento além de imoral é desnecessário e sobretudo errado. Porque como se percebeu não leva a lado nenhum.

Tal como os recentes políticos dos EUA usam a desculpa do terrorismo para as políticas mais doidas, o PSD e o PS, desde o 'discurso da tanga', usa a desculpa do défice, assente basicamente no facto de termos de cumprir uns 3% que a Comissão Europeia manda.

Portugal tem de deixar de ser o 'amigo que diz sempre sim', o parvo do grupo, para ser ou um líder ou [mais realista e desejável] o membro que está no grupo conquanto este lhe seja favorável e vantajoso. Senão ou muda de grupo ou passa a governar-se de modo independente. Os ingleses [e mais recentemente os polacos] têm sido assim -- os ingleses nem à moeda única aderiram -- e portanto o precedente já existe.

Além da famosa liberdade de circulação na UE e de uma moeda que nos evita câmbios, e [em desejo] mais forte que o escudo, a vantagem maior que se tirou da UE foram os fundos estruturais. Mas até isso falhou: com a conhecida corrupção deste sul da Europa, muitos dos fundos foram para Ferraris do Norte e coisas do género. Ou para umas estradas cuja manutenção agora temos de aguentar seja em SCUT ou em portagens estupidamente caras e de 5 em 5 minutos. Com o alargamento, os fundos acabaram... porque supostamente há Estados 'ainda mais pobres que nós'. Perguntamo-nos agora que vantagens há que compensem esta histeria dos 3%. o que recebemos em compensação do sacrifício dos 3% e dos 'danos colaterais' como o desemprego [e quer o Governo mais natalidade...], subidas de impostos, redução do investimento público, privatização de empresas lucrativas, mentiras como a promessa eleitoral de um referendo europeu, etc. etc..

Há quase 10 anos que andamos a apertar o cinto. Os portugueses estão a demorar a perceber esta fraude do défice, mas acabarão por fazê-lo. E não gostaria de estar na pele do PS nem do PSD [e sobretudo não na pele dos portugueses que acordam] nessa altura.

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