A REN e os 'moradores'.
Já todos sabemos da famosa história das linhas de muito alta tensão da REN, que passam junto a casas de pessoas que, pelo que se percebe, têm vindo a morrer com cancro e outros mimos do género.
Este é provavelmente um em muitos casos. E não é só com a REN: é com outras construções do género. É a 'grande festa da patobravice', o caos urbanístico tipicamente do Portugal pós-1960.
Não que antes se construisse muito bem -- sobretudo no campo, não se construía. Vivia-se em, chamemos-lhe, 'cabanas de pedra'. O que acontece é que no pós-1960 construiu-se à bruta, sem critério. Não bastava quantidade, era preciso qualidade. Mas nada.
A REN, chefiada por um indivíduo do PS, actualmente no governo do país e de Lisboa, e com maioria no parlamento, é um político de CV para mim duvidoso.
Não é raro: relembremo-nos de Celeste Cardona [ex-ministra do CDS] ou Armando Vara [ex-ministro do PS afastado com o escândalo da famosa Fundação para a Prevenção e Segurança, mas confortavelmente recolocado na CGD], cujo CV empresarial é nulo tendo em conta que hoje estão na administração do maior banco português, a CGD].
Como referia o DE, Penedos foi nomeado pelo PM himself: A manutenção de José Penedos à frente dos destinos da Redes Energéticas Nacionais (REN), cujo mandato tinha terminado em Dezembro passado, já está confirmada. Segundo o Diário Económico apurou, o convite partiu do próprio primeiro-ministro, José Sócrates. Os restantes administradores, diz a notícia, é que não ficaram... e a coisa não foi pacífica, como se lia no Expresso na altura, e Catroga [também PS] foi para presidente da mesa da AG: 'Há quem afirme, no entanto, que o objectivo final era afastar Henrique Gomes e Paulo Pinho, tidos como próximos do ex-ministro da Economia Carlos Tavares e, por isso, uma espécie de «personas non gratas» para o ministério da Economia. Refere-se mesmo que o próprio nome de José Penedos teria sido colocado em causa, mas a sua força dentro do Partido Socialista e as suas competências técnicas teriam inviabilizado a sua substituição. Sobretudo, acrescenta a mesma fonte, seria desaconselhável substituí-lo a meses da dispersão em bolsa do capital da REN. A composição da administração da REN assume actualmente especial relevância justamente devido à aproximação da entrada da empresa no mercado de capitais, de forma a não causar nenhuma turbulência que possa vir a afectar a operação. Esta é também a razão para o assunto ser tratado com grande discrição pelos ministérios da Economia e das Finanças'.
POis é, a turbulência chegou, derivada da acção da própria REN, que agiu mal. Não só ao construir linhas de muito alta tensão perto de habitações, como na forma trapalhona e tola como se defendeu, através de José Penedos.
Penedos disse ao Diário Económico que 'Não há evidência da relação causa-efeito entre o transporte de electricidade e problemas de saúde humana'.
Como é evidente, não é preciso ser muito inteligente para perceber que da mesma forma, não há provas que não haja uma relação causa-efeito entre o transporte de electricidade e problemas de saúde humana.
E havendo risco aplica-se o princípio da prevenção: não se constrói; ou constrói-se debaixo do solo; ou compram-se as casas e terrenos, que deixariam de ser habitados.
Quanto à construção subterrânea, Penedos disse que 'As populações afectadas pela passagem das linhas afirmam-se dispostas a negociar com a REN a alternativa de enterrar a linha de muito alta tensão.
Solução que para José Penedos só resolve o problema visual. Se fizesse mal à saúde, o que não está provado, continuaria a fazer mal debaixo da terra', acrescentou'. Peculiar...
Entretanto, e à margem da questão das linhas e da população, o problema continua: o governo pretende vender a REN aos privados, e ficar com uns meros 20%, ou seja, sem o controlo da empresa. Por razões de segurança nacional [?] temos forças armadas em Portugal. Um suposto exército.
Mas pelos vistos não nos preocupa -- pelo menos ao actual governo -- perder o controlo da rede energética nacional [REN]: referiiu o DE que 'Ao falar à margem da sessão de apuramento de resultados da privatização de 24% da REN (19% do Estado e 5% da EDP), José Penedos afirmou, citado pela Lusa, que "a procura identifica países com uma profundidade de acções da REN que não estiveram no mercado e que deverão estar numa próxima oportunidade".
"É o accionista Estado que fica solicitado por esta procura a vender mais acções numa próxima oportunidade", sublinhou.
"Gostava que a próxima tranche a ser colocada no mercado fosse tal que a REN ficasse equiparada com a sua congénere espanhola, que só tem 20 % do capital do Estado", afirmou José Penedos.'
Chamam a isto rigor...
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