14 outubro 2007

Advogados em 'grandes sociedades'.


As 'grandes sociedades de advogados' em Portugal têm o tamanho que têm, tendo em conta o tamanho do país: enfim, a maior tem uns 200. E injustamente, é referida como 'a sociedade do Júdice' que não é, sequer, o seu fundador histórico.

Outros detalhes escapam.

O último foi no Expresso de 13.10.2007, com a reportagem sobre a Abreu Advogados, na p.13 do suplemento económico.

Sob o título 'Abreu chega ao top 5 com processo de fusão', fica-se com a ideia -- que o texto do artigo parece confirmar -- que a Abreu é uma sociedade emergente, pequena, que sobe, funde-se, cresce e vinga.

Não é necessariamente assim.

Um projecto nascido há umas poucas décadas [como de resto todas as sociedades congéneres à excepção da velhinha Gonçalves Pereira, já ultrapassando a terceira geração], a Abreu que agora se funde, foi uma Abreu que cindiu.

Resultado da mais famosa ACA, a Abreu, Cardigos e Associados. Teixeira de Abreu e Pedro Cardigos dos Reis terão encontrado 'diferenças de estratégia' [expressão do momento] e cindido a sociedade. Passou a existir Abreu, e o grupo de Cardigos juntou-se à ANBM que passou a ser a ABBC. Qualquer advogado sabe isto. Mas o Expresso não o disse.

Embora tenha dito de que sociedades vieram os novos sócios da Abreu e tenha tocado na questão da Mullerat: 'Chastre&Associados, que sucedeu à sucursal portuguesa da espanhola Mullerat']. É verdade. Porque a Mullerat nem se cindiu: desapareceu em Espanha em Maio de 2oo6 e consequentemente em Portugal. Cada sócio foi para seu lado e Leonor Chastre, que coordenava o escritório lisboeta da Mullerat, tornou-se independente. Hoje, junta-se à Abreu, da mesma forma que outros foram para a Baker&McKenzie, a Cuatrecasas, a Gómez-Acebo & Pombo, a Jausas, a KPMG,ou a Iurisvalls.

Isto para dizer que é falsa a tendência unilateral de fusões nas sociedades de advogados.

É certo que se fundem várias sociedades. Mas essas sociedades têm um passado [e terão um futuro] que passa também por cisões e outros eventos que tais. a incerteza é bem maior do que parece, com um impacto enorme nos advogados que fazem parte da sociedade, mas que não são sócios, ou seja, a sua grande maioria.

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