23 setembro 2007

Revistas.


Recebi o primeiro número 2oo2. Era o 'Quarter 1', o volume 12 e o seu número 1.

A revista chamava-se Regional Review -- tão simples como isto -- e era mesmo uma revista [não aquelas que parecem livros disfarçados].

Poderia até sê-lo, pois era editada pelo Federal Reserve Bank of Boston: seria de esperar algo maçudo.

Não era. O seu peso era pluma e o tratamento dos temas [esses sim, alguns pesados] era pluma também.

O design era uma lufada de ar fresco, como se pode ver aqui.

Entre 2oo2 e 2oo3, apenas 8 números [embora já existisse nos anos 90 e tenha acabado apenas em 2oo5, no segundo 'quarter'/semestre] , animou a minha caixa de correio, sem que eu tivesse de pagar alguma coisa por isso. E sendo de qualidade, tanto em conteúdo, como em design e em material. Tenho neste momento ao lado o vol. 14, no.1, de 2oo3-2oo4. O tema de capa era 'Possession Obssession: Why People Collect?'. Já se está a ver que caiu nas graças de Lorenzetti. Outros temas eram 'impact of deflation', 'high-tech metropolis', 'food preparation'.

Interessava-me mesmo. Alguns artigos mudaram a minha percepção do mundo económico: o artigo sobre o mercado do café, por exemplo: '...Coffee prices have plummeted to 30-year lows, hitting a historic bottom of under 39 cents a pound last October. The price drop, 82 percent from just four years earlier, forced the National Federation of Coffee Growers of Colombia to pull the plug on one of the world’s most successful marketing icons. Coffee is not a trivial matter in the developing world. Coffee is the second-largest export earner for developing countries, and is the main source of foreign exchange for several nations, accounting for over half of export earnings in countries like Burundi and Uganda. ... the circumstances affecting producers have gone largely unnoticed in the United States, the world’s largest coffee consumer...In fact, changes in supermarket prices have been obscured by the much more dramatic expansion in the variety and sophistication of the coffee menu available to ordinary consumers... coffee has become an “affordable luxury.”'...] ou o adorável artigo sobre branqueamento de capitais ou o 'A [Mild] Defense of Luxury'.

No início adorei o design; mais tarde o conteúdo. O design era apelativo pelo papel glossy, brilhante, pela escolha das cores, que apesar de muitas, combinavam na perfeição, pelo corte sharp, pelo contraste, pelas fabulosas ilustrações e desenhos, pela qualidade da fotografia, pelo lettering sempre inovador e nada aborrecido. O conteúdo pela variedade [tanto se falava de lixo, como de maçãs, ou de câmbios, ou de design, ou de arrendamento], pela seriedade, pela descontracção no tratamento dos temas, pela simpatia da Carrie Minehan a abrir cada número, e os textos da Carrie Conaway, da Jane Katz, etc., etc..

Felizmente, quem não a folheou em papel, pode agora lê-la online. Menos mal.

Era gira como a Wallpaper, mas mais pequena, grátis, e com mais qualidade de conteúdo sério, mesmo se fora de moda. Quase que a complementava, em parte, na dimensão 'regional'. Hoje, combino tudo na Monocle, revista que junta os meus maiores interesses:

Affairs
Business
Culture
Design
Edits

A Monocle é, para o bem e para o mal, mais 'livro'. É ainda mais espessa que a Wallpaper. Mas continuo a sentir a falta da minha pequena Regional Review e as cartas do Maine, New England, onde o Outono consegue ser mais belo que a Primavera, e onde o Inverno consegue ser mais belo que o Verão.

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