22 setembro 2007

Algumas das razões da crise.



CCB, hoje Museu Berardo.





'Estádios demasiado grandes para a necessidade do país; câmaras municipais excessivamente endividadas para os próximos 20 anos; derrapagem de 13,3% nas acessibilidades; e mais de mil milhões de euros de investimento público total. As conclusões críticas são extraídas da segunda fase de auditoria ao Euro 2004 e levam o Tribunal de Contas (TC) a questionar "se o elevado montante de apoios públicos" ao campeonato organizado por Portugal no Verão de 2004 não poderia ter tido "uma utilização mais eficiente noutras áreas de relevante interesse e carência pública".

"Os novos estádios do Euro 2004 estão sobredimensionados, o que pode ser constatado pelas baixas taxas de ocupação, da ordem dos 20 a 35%", refere o relatório da auditoria divulgado ontem pelo Tribunal de Contas, adiantando que "em alguns dos estádios, nem durante o Euro 2004 se atingiu a lotação máxima".

Os apoios directos atribuídos pela Administração Central aos promotores privados (Benfica, Sporting, Boavista e FC Porto) para a construção dos estádios e estacionamentos totalizaram 66,1 milhões de euros [...]

O valor total da comparticipação financeira do Estado atribuída em conjunto aos promotores públicos e privados foi de 109,1 milhões de euros [...] os quatro promotores privados beneficiaram, para lá da comparticipação directa do Estado através dos contratos- -programa assinados, de um considerável apoio indirecto por parte das respectivas autarquias, principalmente através da compra e doação de imóveis e equipamentos, "considerados avultados, que se traduziram em desequilíbrio a favor dos clubes", refere o TC.

Até Julho de 2005, a Câmara Municipal de Lisboa doou ao Benfica 49,5 milhões de euros e ao Sporting cerca de 10 milhões. No Porto, os montantes são ainda mais consideráveis a autarquia local apoiou o FC Porto, através do Plano Pormenor das Antas (PPA), em mais de 88 milhões de euros.

Em relação ao custo dos estádios projectados por autarquias, houve um desvio médio de 230% no preço final. A obra arquitectónica de Souto Moura em Braga é o pior exemplo os 29,9 milhões de euros de custo de referência cresceram até aos 108 milhões, numa derrapagem de 360%. O Estádio do Algarve foi o que se desviou menos do preço previsto (154%)[...]'.

DN, 21.12.2oo5



Próximas asneiras governamentais [excepto na parte do financiamento europeu]: TGV e Aeroporto.



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