Os tótós.
.[...] Estarei eu tão obcecada com as coisas profanas deste mundo, ao ponto de difamar o próprio sistema do Estado com bagatelas e vulgaridades? Não saberei eu, porventura, distinguir uma coisa tão básica como a diferença entre assuntos sérios e conversas de café? Não meus amigos, eu sei do que estou a falar.
Eu lido com este tipo de pessoas todos os dias.
Eles eram os tónis da vossa escola. Eles são agora os melhores alunos da faculdade de direito. Eles provavelmente nunca estiveram com uma rapariga. Eles provavelmente só “o” fizeram com livros. Eles são… o futuro de Portugal.
Homens dos vinte aos setenta anos que patinam na sua própria poça de baba sempre que uma gaja passa por eles? Um sitio onde não se pode passar pelos corredores sequer com as mangas arregaçadas sob pena de ver debruçarem-se sobre os nosso pobres triceps os olhares mais ávidos de quem provavelmente nunca mandou uma na vida? Benvindos à faculdade de direito, onde se constrói o futuro politico de Portugal. Onde o marrão da vossa turma de liceu é agora uma estrela porque tem boas notas e se dá com os professores todos. E toda a gente quer ser amiga dele.
Sim, estes senhores, que seguem o mundo tal como o vêem nos manuais e que não têm a minima noção do que se passa no mundo real, vão dirigir o nosso país. Eles são os homenzinhos de preto que puxam os cordelinhos das nossas pequeninas e insignificantes vidas.
O gajo que se sentava na primeira fila e que cheirava mal, de fato de treino bordeaux manchado de Bolicao e com óculos de fundo de garrafa (e, provavelmente, borbulhas), esse gajo é “O Estado”. [...]'
Teresa
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