08 janeiro 2006

Financiamento dos Partidos


Se há coisa que demonstra a seriedade de alguém é sua vida financeira.

E se há coisa que Lorenzetti valoriza nos partidos é transparência nas contas. As conclusões retiradas pelo Tribunal Constitucional na análise que faz às contas dos partidos merecem pois alguma atenção.

A ideia de chamar a questão dos financiamentos das campanhas no âmbito destas presidenciais em Portugal é simplesmente deliciosa. Uma ideia da esquerda, disse o DN, que nem é propriamente de esquerda.

É que aqui caem as máscaras.

Afinal quem paga a quem?

E, sobretudo, quem é pago por quem?

E é interessante ver as 'ideias' [!] dos candidatos e a correspondência da natureza dessas 'teses' [ou mesmo 'promessas', ainda que não se trate de legislativas] com a natureza das entidades ou pessoas que financiam os candidatos.

O único candidato que vi pronunciar-se sobre o assunto, num qualquer telejornal [não vejo muita TV, confesso] foi Cavaco Silva, que afirmou ser essa uma questão do seu Director Financeiro.

Uma jornalista perguntou-lhe quem eram, não todos, mas quais os seus maiores financiadores. Cavaco disse algo como 'não me lembro'. E percebeu-se bem o que disse Cavaco, porque desta vez não havia bolo.

Continuamos sem perceber de onde vem o dinheiro dos muitos bolos eu por aí andam.

Podemos dar largas à imaginação com base em ideias feitas sobre os candidatos:

O dinheiro para a campanha de Louçã vem do próprio Louçã, de outros Louçãs, e de alguns misteriosos doadores, desde o sector circense até [pasme-se] o sector religioso;

O dinheiro para a campanha de Cavaco vem de empreiteiros de Boliqueime e banqueiros de Lisboa e Porto com contas na Madeira e Zurique;

O dinheiro para a campanha de Soares vem [ver supra e juntar alguns democratas];

O dinheiro para a campanha de Jerónimo de Sousa vem das assets do PCP, e das doações de militantes vivos ou de legados de falecidos.

Será assim?

Pois é, têm razão: não sabemos.