19 novembro 2005

O País dos Tolos


Só pode ser de tolos, demagogos e ineficientes [e portanto muito pouco felizes] o país descrito pelo DN de 17.11.2005, que refere as grandes mudanças na educação pública em Portugal.

Delicioso é o 'prolongamento do horário do 1.º ciclo' e as 'actividades não lectivas dentro da escola'.

Confirma-se a ideia que por aqui tínhamos: as escolas não são para ensinar; as escolas são como depósitos de corpos [porque as mentes de nada servem e em nada são estimuladas] produzidos por pais que os têm e nada lhes ligam.

Porque nenhum pai tem um filho com amor e dedicação e o atira para uma escola cheia de anormais onde fica fechado o dia todo sem fazer nada de útil.

No caso do prolongamento, refere o DN, 'as escolas devem estar abertas até às 17.30 com actividades extra-curriculares, que vão desde o estudo acompanhado aos trabalhos manuais. Os sindicatos contestam esta medida, dizendo que, na maioria dos casos, as actividades desenvolvidas são de animação e apoio às famílias , sendo de atribuir das funções não docentes aos professores. Alegam também que as escolas não produzem as infra-estruturas'.

Isto é uma anedota. Depois de anos de estudo nas universidades, vamos por professores formados em matemática, em literatura, em biologia, em educação física, a fazer de amas secas.

Se queremos amas secas, contratamo-las. Como utilizar o dinheiro público, retirado aos contribuintes, para pagar a licenciados em diversas áreas para fazer o trabalho de educadores de infância, que saíam bem mais barato e seriam mais eficientes?

Uma medida legislativa destas só sai de uma mente incompetente, idiota ou profundamente distraída da realidade.

No próximo post falaremos das 'actividades não lectivas dentro da escola' que, porém, são feitas por aqueles que dão as 'actividades lectivas': os professores, essa mão de obra tão cara e qualificada para funções tão pobres. Um desperdício para os cofres públicos e uma degradação para um grupo profissional que devia receber o nosso maior respeito. Porque são eles que têm os nossos filhos o dia todo; e são eles que supostamente os preparam. Também queremos pô-los a fazer de guardas? E queremos ver os nossos filhos fechados numa escola horrível, em vez de estarem livres e em contacto com o mundo real? Que cretinos somos em ter tal ideia, em executá-la, ou simplesmente em ser passivos perante a sua concretização. Isto é demagogia. É o lado mais ditatorial e perigoso da democracia: os votos dos pais são mais que os votos dos professores. Os pais tiveram filhos porque lhes apeteceu, e alguém que os aguente o dia todo. E os políticos caçam o voto. Quem se lixa não são só os professores. São os nosos filhos. Depois queixem-se que são uns javardos. Têm a quem sair.