15 novembro 2005

Ainda sobre a Imagem de N.S. de Fátima em Lisboa e Fé


As reacções ao post sobre a imagem de N.ª Senhora de Fátima em Lisboa eram de esperar.

As observações que aí se fizeram mantêm-se na íntegra e não têm nada a ver com a Igreja, mas exclusivamente com o evento: a imagem, a sua duvidosa qualidade artística, o facto de ir amarrada a um jipe, e a forma como foi vista por centenas de pessoas.

A questão da Fé, que para nós é muito importante [seja que tipo de fé for], é diversa e apenas surgiu aí porque a única explicação para tanta movimentação popular é ou curiosidade ou fé. No caso das pessoas que vieram fora de Lisboa e não em turismo, foi certamente de Fé.

Mas o que é a Fé e a Igreja para nós?

Algumas pistas.

Não acreditamos na fé grupal, em procissões e missas campais.

Acreditamos na fé como fenómeno individual, de relação com algo superior de que fazemos parte, numa relação de cumplicidade e orientação individual.

Temos pois o espírito 'oratório e capela', mais do que o espírito 'santuário e procissão'.

A fé só existe, cremos, com rectidão, reserva e espiritualidade. Não com confusão.

Respeitamos pois sem reservas as freiras contemplativas e todos aqueles que vivem a sua fé em paz e sossego. Mesmo que não seja uma fé católica.

O que não vemos como boa e natural é a manifestação em massa, com fenómenos de mau gosto e de, até, profusão de vendilhões do templo (os únicos que terão ocasionado a raiva aberta de Jesus), veja-se todo o 'merchandising' à volta da Igreja, sendo nosso caso mais conhecido, precisamente, o de Fátima.

Uma coisa é Fé; outra, bem diferente, é fanatismo religioso ou oportunismo barato.








'A Primeira Tentação de Cristo' [c.1222], psalterium iluminado, Det Kongelige Bibliotek, Copenhaga