Défice e Multas de Trânsito
Na fantástica cruzada psicológica contra o défice das contas públicas [que, dizem alguns, irá determinar o resultado das próximas eleições presidenciais em Portugal] parecem estar esquecidos pequenos grandes fenómenos que potenciariam, de forma gigantesca, a receita pública de forma totalmente legal e com 'externalidades' extremamente positivas.
Dois destes fenómenos são as regras de estacionamento e as regras de trânsito.
Do incumprimento de qualquer uma delas podem resultar muitas e relativamente elevadas multas.
Estas multas, é evidente, constituem receita pública.
Estas multas, é evidente, não têm sido aplicadas.
Basicamente, e tentando evitar zonas verdes [vulgo EMEL, no caso de Lisboa]a malta estaciona onde quiser, por menos ou mais tempo, em cima do passeio ou simplesmente a fazer desviar o trânsito. É à grande.
É claro, faltam lugares de estacionamento.
Porém, a aplicação de multas não só seria o cumprimento estrito da lei, como tornaria as cidades bem mais limpas e confortáveis.
Traria dinheiro bem vindo ao Estado.
E, SOBRETUDO, teria uma externalidade deliciosa: tornaria os cidadãos bem mais exigentes quanto à existência de lugares de estacionamento.
Porque é que posso construir um prédio e não sou obrigado a ter estacionamento subterrâneo em número correspondente aos utilizadores do prédio?
É uma festa.
O estacionamento à bruta não resulta de mero estrabismo policial. Resulta, na maioria dos casos, de falta de lugares e de transportes públicos e de coragem política para assumir que não existe uma resposta adequada a problemas de estacionamento e de transporte público.
Problemas de estacionamento que, ao lado da recuperação do património, são os dois grandes desafios dos autarcas portugueses.
Coragem política procura-se.
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