09 julho 2007

Manuel de Oliveira


is back, com o Belle Toujours, inspirado em Belle du Jour, de Buñuel.



Desta vez o filme tem uns 60 minutos, pelo que não é -- pelo menos a fita -- tão longo quanto se diz.



Não creio que os seus filmes sejam lentos. O mundo é que mudou, cada vez mais rápido, apressado, caótico.

No entanto, isso pode ser uma vantagem.

É certo que vejo com todo o gosto o Hannibal ou um filme do John Woo.

Mas Oliveira, como alguns da sua geração que ainda não desapareceram, mantém o seu ritmo pausado e a sua estética subtil e elegante.

E o seu ritmo, em certos momentos, é uma paz de alma, com um toque nostálgico de objectos e afectos que parecem cada vez mais longe.

Não são filmes para vender, é certo. Mas não porque o mundo esteja certo. Pode haver mais pessoas a saber ler, mas a qualidade do que lêem [ou do que vestem , ou do que constroem, ou do que bebem] é hoje bem menor e menos inteligente.

O bom gosto nunca foi -- e as experiências nesse sentido nunca duraram -- democrático.

Por isso o chamam de elitista.

E é por isso também que, não achando especial piada à figura de Manuel de Oliveira ou à famosa subsidiodependência, não posso nem quero deixar de reconhecer -- porque não espero que morram para o fazer [espero que acabe os seus próximos projectos, que incluem a adaptação ao cinema do pequeno e genial conto de Eça Singularidades de uma rapariga loira em 2oo8, ano em que Oliveira completa 100 anos]-- o seu bom gosto estético e a inteligência dos seus filmes, num mundo onde se admira o que é sujo, porco e mau.

Portugal irá reconciliar-se com Oliveira, e como em muitos casos, depois da sua morte. Se não fosse pela qualidade dos seus filmes, seria desde logo pela sua singularidade: em terra de cegos quem tem olho é rei, e Oliveira é e provavelmente continuará a ser, por muito tempo, o mais importante realizador português, no país onde o director da Cinemateca intitulou uma sua obra O Cinema Português nunca existiu [Bénard da Costa, CTT, 1996]. Oliveira sim.

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