'Ainda' sobre o caso da 'pequena Madeleine'
Pela primeira vez vi uma abordagem de jeito do caso 'da pequena madeleine'.
A RTP2, no noticiário de 19 de Maio, refere que há um site 'oficial' sobre a 'pequena madeleine'.
À data da reportagem, com 60 milhões de visitas [num espaço de umas 2 semanas] e de 73 mil e 500 libras de 'doações'.
Como refere a RTP2, 'os pais de Madeleine souberam manter o interesse na história; apareceram á imprensa; deram pequenos depoimentos; criaram a notícia'.
E como afirma Adrian Monck, da City University, 'Eles compreendem que os media precisam de actualizações regulares, informações regulares, novos ângulos, para manter as notícias frescas e actualizadas. Eles satisfizeram essas necessidades muito bem e têm sido extremamente bem aconselhados'.
A cereja no topo do bolo foi a entrevista em estúdio de um sociólogo [de seu nome Pedro Vasconcelos] que conhecido ou não [não faço ideia da reputação que possa ter no meio] foi claríssimo, objectivo e mordaz.
Ficam uns extractos da análise 'sharp' e com uma qualidade que raramente se vê na comunicação social:
'Tudo o que ataca ou parece atacar a infância é algo que toma as pessoas às vezes de um frenesi irracional'
'um descontrolo absoluto sobre a sua existência'
'De repente qualquer criança pode ser raptada'
'Eles por um lado são ingleses; compare com outros casos, se fosse uma família portuguesa de baixa classe, no seu contexto normal e quotidiano de existência, isto não teria este impacto'
'Criancinhas que são perfeitas para estarem num anúncio da Chicco, ou seja do que for, tudo isto mobiliza a consciência das pessoas'
'No que isso tem de bom, porque obviamente está aqui uma preocupação genuína comos direitos das crianças, e a sua protecção, mas também no que tem de mau, que é uma espécie de incapacidade de sensatez, de calma e de ponderação sobre estes efeitos'
'Tendo uma ideia de um passado quase idílico, em que as crianças podiam andar à vontade e fazer tudo'
'é preciso ter cuidado: havia muito mais violência sobre as crianças'
'Também há aqui o construir socialmente da infância como uma idade pura, de pureza, de pura despreocupação e como algo que quando é atingido parece que somos atingidos na última réstia de pureza que temos'
'A questão central aqui é que a polícia tem de aprender a lidar com esta atenção mediática'
'manipulando-a, porque obviamente o interesse absoluto da polícia, acho eu, é encontrar a criança'
'não é o de informar, isso os jornalistas devem fazê-lo'
Chapeau.
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