07 abril 2008

Jorge Coelho,PS e todos os outros bons rapazes.


Lorenzetti esclarece que não associou Jorge Coelho a corrupção.

O que achamos estranho é que pessoas sem qualquer CV, experiência prática ou académica anterior, ascendam a cargos que o exigiriam. Não se trata da mesquinha inveja portuguesa, mas da mais pura comparação com o que seria uma escolha criteriosa de gestores de topo.

Quando se nomeia Maria José Morgado na área criminal, não nos espantamos: tem CV, é a sua área. Ou Seixas da Costa em diplomacia. Ou Silva Lopes na gestão.

Mas Jorge Coelho não tem experiência profissional conhecida, sobretudo na área da gestão de empresas ou da área em questão, a construção civil.

Por outro lado, vai presidir a uma empresa à qual atribuiu diversas concessões, numa área sensível à corrupção [obras públicas] ou seja, há claramente um conflito de interesses, senão no presente entre uma actividade passada e uma presente: as informações e entendimentos aquando da atribuição da concessão estarão agora na posse do gestor da empresa concessionária. Trata-se de uma promiscuidade indesejável em democracia para a qual os factos de o país ser pequeno e Jorge Coelho precisar de um emprego não são desculpa.

Para esclarecer todas as dúvidas seria importante a abertura [e execução e conclusão] de um inquérito para apurar se houve ou não favorecimento da Mota Engil por parte de Jorge Coelho e / ou do PS e, por outro lado, se a atribuição deste cargo é ou não uma retribuição por qualquer favorecimento.

Como referido esta dúvida é suscitada pelo facto de Jorge Coelho não ter CV para o cargo.

Existem aliás outros casos que poderiam ser investigados, alguns deles no próprio 'sector público', como Armando Vara e Celeste Cardona na Caixa Geral de Depósitos [sem experiência relevante de gestão, sobretudo de um banco com a dimensão da CGD], ou até nomeações dentro do próprio Estado [Fernando Gomes, Basílio Horta e Ferro Rodrigues para Embaixadores de Portugal na OCDE, apesar de não terem nem experiência nem carreira diplomática].

O escândalo é maior quando à falta de CV [ou de competências]se soma o facto de antes da nomeação, os visados terem caído em desgraça -- e mais tarde nomeados, para seu descanso e nossas dúvidas.

O extremo da falta de CV em cargos verdadeiramente públicos -- e este elegível -- é obviamente José Sócrates, cuja vida teve lugar no PS [a sua bio online omite a passagem pela JSD, que na prática é bem visível] e cujas qualificações académicas nunca foram bem esclarecidas.

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