09 março 2008

Estupidez.



'A liberdade é algo que o País deve a Mário Soares, a Salgado Zenha, a Manuel Alegre... Não deve a Álvaro Cunhal' foi a pérola, o melhor que o Ministro dos Assuntos Parlamentares do PS, Augusto Santos Silva, soube dizer.

À sua frente, professores em Chaves, chamando o seu governo de fascista.

Se é certo que o governo não é fascista -- embora o perfil teimoso e cego de Sócrates não se encaixe muito longe da atitude -- é ridículo esquecer o papel de Álvaro Cunhal só porque ele não é do PS.

É um branqueamento da história tão escandaloso como o branqueamento de dinheiro.



Não sendo comunista, não tenho qualquer problema, no entanto, em reconhecer que Cunhal foi uma peça fundamental para a democracia em Portugal, como reconheceram milhares de pessoas no seu funeral.

Nesta perspectiva Augusto Santos Silva, Ministro do PS, ofendeu a memória dos mortos o que, como se sabe, é feio e [em democracia também] é crime.

O ministro do PS ofendeu, sobretudo, o bom senso. Ao dizer o que disse, no calor da situação, com jornalistas e manifestantes à frente, teve sorte em não levar uma sova. Colegas seus estiveram menos longe disso sem sequer ter falado [recordemos Francisco Assis, que até ficou sem óculos, e Sousa Franco, que morreu].



A diferença é que Assis não falou, e que Sousa Franco era de facto um homem de valor. Augusto Santos Silva deixa a desejar. Disse, sob pressão, o que provavelmente pensa. E o que pensa, percebeu-se, não tem sentido nenhum, não cola com a realidade.

Não se percebe como este perfil [igual a tantos seus colegas e antecessores, mesmo de outros partidos] pode encaixar no governo de uma nação: foi uma atitude pueril, estúpida, desonesta e mal educada.

Marcadores: , , , , ,