MNAA
Hoje no Público:
"Vigília de descontentamento" em Lisboa pela saída da directora do Museu de Arte Antiga
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Vigília de apoio a Dalila Rodrigues reuniu mais de 50 pessoas no Museu de Arte Antiga
02.08.2007 - 21h27 Joana Amaral Cardoso
Pouco antes das 19h, a vigília de apoio à directora exonerada do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) parecia esquálida, mas quando Dalila Rodrigues assomou à porta do museu, 35 minutos depois, as dezenas de apoiantes entretanto reunidos encheram o acesso do MNAA de aplausos e gritos de “Viva”, “Dalila, Dalila” e “Obrigada”. “Baralhada” e “sensibilizada” com a manifestação de apoio e “muito surpreendida” pelo seu afastamento, Dalila Rodrigues falou brevemente aos jornalistas e abandonou o local ladeada por colegas.
Mais de meia centena de pessoas - entre frequentadores e funcionários do MNAA, representantes do Grupo de Amigos do Museu, artistas, escritores, críticos culturais, políticos e responsáveis do sector artístico - foi-se juntando à porta do MNAA às 19h, com duas palavras em comum: solidariedade e protesto.
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André Dourado, antigo assessor cultural do Governo de Durão Barroso, esteve na vigília para protestar contra “uma política incompreensível do Ministério da Cultura que penaliza a qualidade” e que vai “impondo uma mediania”. “É a quarta demissão deste tipo”, elencou, citando três casos prévios: o afastamento de António Lagarto do Teatro Nacional D. Maria II, de Paolo Pinamonti do Teatro São Carlos e de Rui Pereira do Instituto Português do Livro e das Bibliotecas.
Cerca das 19h, Manuel Costa Cabral, director do Serviço de Belas Artes da Fundação Gulbenkian, ouviu comentários nostálgicos nos cafés do bairro. Diziam “que nunca viram o museu assim”, contou ao PÚBLICO, solidário com a directora e surpreendido pela “forma pouco clara” como a tutela geriu o afastamento da profissional.
Jorge Molder, director do Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão (CAMJAP), elogiou o trabalho de “agitação” que recuperou “um museu que estava altamente clandestino” e criticou também a falta de “lisura” que pautou o processo e “que merece contestação”.
Luís Monteiro, presidente socialista da Junta de Freguesia de Santos-o-Velho, onde se situa o MNAA, e a quem Dalila Rodrigues chamou, à saída do museu, “o meu presidente”, classificou como “inacreditável a posição tomada pelo Governo” e vai enviar uma missiva à ministra em que tornará clara a sua "indignação". A saída da actual directora “vai sentir-se profundamente no bairro”, lamentou.
Um dos organizadores da vigília, o antiquário Álvaro Roquette, frisava que além das pessoas presentes, recebeu inúmeros e-mails do estrangeiro de comissários de arte e telefonemas de pessoas, ausentes em férias, que apoiavam a manifestação, que “não é uma tentativa de readmissão”. Foi sim um elogio à “melhor directora que o MNAA teve”, segundo o arquitecto Manuel Graça Dias.
Após a saída de Dalila Rodrigues do local, alguns colaboradores da directora suspiravam com desalento. Álvaro Roquette dizia apenas que a vigília foi “um sucesso” e que espera que “o próximo director (Paulo Henriques, que transita do Museu Nacional do Azulejo) continue o trabalho da actual directora. O arquitecto Manuel Graça Dias rematava que, no final deste processo que lhe causou “repulsa”, “resta o museu”. “E espero que reste um pouco de bom senso no Ministério da Cultura”.
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