25 julho 2007

TAP e a sombra de uma privatização disparatada


falámos aqui de privatizações e de como em regra não fazem muito sentido, uma vez que existe um conflito de interesses que faz com que uma empresa para ser privatizada tenha de ter as mesmas características que a fariam dever ficar nas mãos do Estado: darem lucro.

A menos que se que queira aumentar os impostos ou reduzir a quantidade e qualidade de serviços prestados pelo Estado, as empresas são óptimas fontes de financiamento do Estado, se derem lucro. Porém, quando dão lucro, tornam-se atractivas a privados e o Governo, na ânsia eleitoralista por receitas extraordinárias [em vez de investir, apostando em receitas ordinárias e bem melhores] lá as privatiza. Precisamente quando deixaram de ser um fardo e passaram a ser um ovo de ouro.

A TAP é um desses casos. Já falámos dela aqui duas vezes a este respeito:

Privatizar porquê?

- TAP e Privatizações

Ontem, o famoso Ministro Mário Lino também o fez, sendo no entanto desértico quanto ao timing e às razões da privatização da TAP [que inclui a GroundForce, a AirMacau, a Catering de Portugal, a UCS, a Air S.Tomé e Príncipe, a recém-adquirida Portugália, entre outras coisinhas].

E o Administrador Delegado da TAP, Fernando Pinto, foi peremptório à imprensa, tendo afirmado ontem que o regresso aos lucros faz a TAP regressar à pista das privatizações. Mas se dá lucro, para quê livrarmo-nos dela?

A TAP deu lucros em 2oo6 e é a 'companhia de bandeira', sendo uma empresa de interesse estratégico, seja como meio de transporte em geral, seja como elemento com efeitos fundamentais no turismo português, cuja importância no PIB é de 7& a 8%, empregando 10% dos portugueses. O número de turistas que recebemos anualmente é praticamente igual à nossa população [10 milhões].

Por isso recusamos a ideia infeliz de privatizar a TAP que além de útil e estratégica é lucrativa. Fossem assim todas as empresas do Estado, e não se privatizava nenhuma e reduziam-se impostos até ao limite, aproveitando ainda para eliminar a histeria do défice.

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