Eça e a sociedade lisboeta
'Eça de Queirós não foi longe. A sua análise compraz-se na sátira daqueles salões, jornalistas e literatos que Balzac considerava inteiramente desprovidos de vontade própria, mas que Eça parece responsabilizar. Para Eça, esses salões e os seus figurantes são ridículos em si mesmos, e a gargalhada corrida três vezes à sua volta basta para os aniquilar convencendo-os da própria insignificância. Balzac não tem uma confiança tão grande no poder da pena do escritor e, procurando as causas fundamentais, não se preocupa com o ridículos das instituições secundárias. Tudo se passa como se Eça se tivesse preocupado predominantemente com o aspecto moral-social da vida portuguesa, enquanto Balzac genialmente penetrava no esqueleto económico-social da França burguesa'
De artigo de António José SARAIVA no jornal O Primeiro de Janeiro de 23.11.1949, artigo subsequentemente publicado na colectânea de ensaios Para a História da Cultura em Portugal, vol. II, parte I, em 1961, reeditado pela Gradiva e pelo Público em 1996 [estando nesta última edição na p.86].
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