27 julho 2007

Candidato à liderança do PSD e do governo de Portugal



José António Lima no Expresso de 20.8.1999:

'CABEÇA-DE-LISTA do PSD, pelo Porto, Luís Filipe Menezes, suspeito de ter abusado dos dinheiros públicos no caso das «viagens-fantasmas» dos deputados, veio esta semana, com a elegância que lhe é habitual, declarar que «a Procuradoria está transformada numa nova PIDE em Portugal» e que o procurador-geral «é um incapaz». Mas, em vez de exigir que seja apurada toda a verdade e esclarecidas todas as suspeitas, assegura que «não houve notificação nem vai haver». E mais: «Não há julgamento nenhum. Este processo vai acabar como começou: no zero»'

No Expresso de 16.8.1999:

'O PRESIDENTE da Câmara de Vila Nova de Gaia, Luís Filipe Menezes, não resistiu ao caso das «viagens-fantasma» dos deputados e resignou, ontem à noite, à posição de cabeça de lista do PSD pelo Porto. Após ter desferido violentos ataques ao procurador-geral da República, no início da semana, o candidato escolhido por Durão Barroso para liderar a lista do Porto acabou por ceder às repercussões políticas que o seu caso estava a atingir.

Segundo o EXPRESSO apurou, Menezes esteve durante dois meses afastado da autarquia depois de, no início de Junho, ter sido acusado pelo Ministério Público. Invocando dificuldades em o notificar, o MP remeteu de imediato o processo para julgamento.

Segundo fontes da Câmara de Gaia, a primeira vez que Menezes se ausentou foi na última semana de Maio, para receber tratamento médico em Paris. Menezes só voltou a aparecer na véspera de S. João (24 de Junho) para se ausentar de novo, regressando na última semana de Julho.

Luís Filipe Menezes é acusado de ter requisitado viagens à AR, cujo dinheiro era colocado na conta-corrente de uma agência de viagens, que serviu para pagar viagens e estadas da família em hotéis'.

No Expresso de 19.12.1998:

' Os deputados utilizavam as verbas das viagens em serviço que tinham direito de requisitar à AR, para abrir «contas-correntes» em agências. Depois, usavam o crédito acumulado nestas contas para custear viagens de outro tipo (férias com a família ou de amigos, ou deslocações de trabalho exclusivamente partidário). Entre os deputados que usaram este esquema, estavam Luís Filipe Menezes, Carlos Coelho e Luís Geraldes.

Cada parlamentar tinha um livro de requisições (conhecido pelo «livrinho azul»), que lhe era entregue pelo seu grupo parlamentar, tendo direito a que lhe fossem pagas as deslocações entre a AR e o seu círculo eleitoral, além de uma viagem, por sessão legislativa, a todas as ilhas dos Açores e da Madeira. Ao deputado bastava apenas assinar as requisições; e era a agência que, depois, se encarregava de cobrar as verbas à Assembleia.

Era então prática corrente a requisição, por junto, de várias viagens, muitas vezes sem data, realizadas ou não mais tarde, em função das necessidades do deputado e do seu trabalho. A inexistência de qualquer controlo sobre se as viagens eram de facto realizadas institucionalizou esquemas pouco claros de gestão das verbas da AR.

Conforme se verificou pelos documentos da Sinestur, para certos deputados as requisições não tinham qualquer correspondência com a realidade. Ou compravam cheques-trem e viajavam de comboio, ou iam de carro (às vezes em grupo, com outros deputados), ou iam mesmo de avião, mas em classe turística, aproveitando a diferença de preço - pois a AR pagava sempre a viagem em executiva'.

Nota quanto ao vídeo: recorda-se que 'anuncia' não tem acento, como 'anúncio'... Enfim.

Marcadores: , ,