01 junho 2007

A 'tanga' do défice


Todos nos recordamos da piadola primo-ministerial sobre o país estar de 'tanga'.

E claro que temos presente aquela que é hoje a maior taxa de desemprego dos governos PS / PSD e a crise financeira em que se encontra o país.

Pior, todos sabemos como tal crise é desculpa para tudo e mais alguma coisa, o que levou a uma outra piadola, desta vez presidencial -- e não menos institucional -- sobre haver 'vida para além o défice'.

Por vezes pergunto-me se não há quem ache que há vida para além do interesse público, mesmo quando está em cargos de responsabilidades públicas.

É o que me dá a pensar medidas como duas hoje publicadas no jornal oficial:


Resolução do Conselho de Ministros n.º 74/2007
Presidência do Conselho de Ministros
Determina um conjunto de condições do processo de privatização da REN - Redes Energéticas Nacionais, SGPS, S. A.

Portaria n.º 663/2007
Ministérios das Finanças e da Administração Pública e da Educação
Autoriza a Direcção-Geral dos Recursos Humanos da Educação a contratação à Konica Minolta de um serviço multifuncional de cópia, impressão e digitalização, em regime de outsourcing


As privatizações de empresas que dão lucro [e que no caso têm natureza estratégica da qual depende a segurança nacional, como o caso da rede eléctrica] e a realização de contratos de outsourcing que se sabe serem, em regra, estupidezes financeiras [uma vez que o Estado gasta menos na função pública e desde logo na aquisição e manutenção de equipamentos através de centrais de compras e instalações que já detém], são dois destes exemplos.

É curioso como por um lado se exige aperto de cinto aos particulares e se gere mal as finanças públicas, invocadas como desculpas para as medidas mais bárbaras.

Isto a longo prazo vai dar confusão.

Um primo afastado meu, aquando do 25 de Abril, transferiu uns milhões para a Suíça, tendo sido processado pelo Estado por 'fuga de capitais', em processos que se arrastaram pelos tribunais.

Há uns meses, a aproveitar uma UE que não se sabe se irá durar, transferi uns bons 90% da minha liquidez para fora de Portugal. Em vez de ser preso ou processado ou algo do género, recebi apenas telefonemas de bancos preocupados.

Preocupado ficaria eu se o mantivesse lá, com tanto desgoverno em que se confunde a gestão de um país com a aldeia do Astérix, e onde há 500 anos que não há druidas.

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