18 dezembro 2006

Natal, Natalia, Natalin.


Nesta época os blogs de todo o mundo unem-se e falam do Natal.

Este ano, com particular 'acuidade', alguns governos de algum mundo unem-se numa de ignorar o Natal.

porque está na moda ser laico.

As iluminações de Natal de Londres, adoradas por turistas ávidos de fotografias do mainstream, que depois põem em álbuns, wallpapers de computador, mousepads, ou tshirts e canecas, são este ano, para eles, uma desilusão.

Parece que para estimular a tolerância religiosa o Natal já não é Natal.

Agora chamam-lhe 'Winterval'.

Para Portugal esta tendência é péssima, dada a sua história e matriz católica.

Para o Governo português a notícia é óptima. Afinal, o 'défice' tem sido a pedra de toque do fazer política nacional no Portugal do século XXI.

Assim, Lorenzetti tem um presente para o apparatchik [como se escreve isto?] do 'regimen': 'adiar o Natal'. Passá-lo para Janeiro ou Fevereiro. Publicar um aviso público [aqueles que ninguém nos jornais] ou um anúncio de TV [daqueles que ninguém vê, porque foram buscar pipocas no intervalo de um qualquer telelixo] a informar do seguinte:

'Por razões orçamentais, o Conselho de Ministros deliberou a celebração do Natal de 2006[especialmente a aquisição de bens e consumo de energia] para o mês de Janeiro de 2007.

Tal continuará a suceder nos anos subsequentes, até que estejam estabilizadas as contas públicas.'


E assim, vivendo de saldos, Portugal será um país feliz.

Quanto à celebração laica, uma nota final:

a chamada luta contra o terrorismo, que 'anima' as actuais relações internacionais e ficará como a [inserir adjectivo] da história mundial neste início de século, tem-se relacionado intimamente com o fenómeno da diversidade religiosa.

É com base nesse terrorismo que hoje se anda à pancada no Afeganistão, no Iraque, no Líbano talvez, e outros sítios simpáticos, e que há uma espécie de 'Attica-Alcatraz-campo-de-concentração' em Guantanamo.

E é com base nessa diversidade religiosa que se 'mitiga' as celebrações de Natal.

Como se quando eu vou a um país islâmico eles deixassem de cumprir [à sua maneira muito própria] as regras do Corão.

Se somos o Ocidente e se 'eles' são os inimigos acho que já perdemos.

Porque podemos estar a matá-los e a por o país deles em pó. Eles morrem, mas iguais.

Nós, a maioria, não morremos, mas mudámos por causa deles: deixámos de celebrar o Natal como outrora, temos de tirar os sapatos quando entramos num avião, e levar o líquido para as lentes de contacto num saco de plástico transparente, que possa ser fechado, e não mais de 100 ml.

São consequências bem mais sofisticadas [de medo e de alteração do nosso viver] do que as duas torres que caíram há cinco anos, e que o discurso do mainstream político.

Se eles não ganharam, eu sou a Natalia Vodianova.