05 julho 2004

O altruísmo é uma forma inteligente de egoísmo

'Se o mal que a minha acção provoca nos outros é apenas causado pelo desfazer da imagem que os outros têm de mim, então tenho todo o direito de fazer o que considero importante para a minha realização e o que me parece certo, por muito que o outro sofra com a destruição dessa imagem. Mas se a minha acção resultar apenas de uma preferência secundária e não de algo essencial, se é uma mera apetência e não uma vivência relevante para eu me cumprir, então não vale a pena magoar os que nos amam ou sequer chocar com aqueles com quem convivemos. Além de mesquinho e estúpido é perigoso, pois o mal que fazemos aos outros mina sempre o nosso bem-estar das formas mais subtis. O altruísmo, mais do que tudo, é uma forma inteligente de egoísmo'.

'A mentira só é útil em dois tipos de ocasião: a primeira, é para não magoar desnecessariamente os outros, quando não merecem a nossa consideração e, com as pessoas de muita ou muito pouca idade mental, quando já não vale ou aiunda não vale a pena; a segunda, é para salvar a nossa pele, mas apenas em casos de estrita necessidade de sobrevivência. A esmagadora maioria das vezes, a verdade é mais leal, é mais honrosa para nós e para os outros, é mais útil e mais construtiva'.


Fernando de Mascarenhas, Marquês de Fronteira
Sermão ao meu Sucessor, 2003

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