03 julho 2004

A última lição de Sousa Franco

Não sabia o título a dar a este post; tudo parece populista e baixo, tão vil como a forma que envolveu o fim de um cidadão exemplar.

Curvo-me perante o académico, político e intelectual António de Sousa Franco.

Mas, sobretudo, medito agora com alguma frieza sobre as circunstâncias que envolveram o seu desaparecimento.

Foi a única vez que ouvi e concordei com José Saramago, autor que -- mea culpa -- nunca li.

Pois foi o único a reflectir aquilo que eu chamaria a última lição -- infelizmente involuntária e algo póstuma -- do Professor Sousa Franco.

Uma lição que culmina num aviso sobre questões de fundo: onde estamos social e politicamente? Como foi possível a barbárie, o caciquismo da low politics, associada a uma candidatura a cargos em instituições comunitárias? O que passaria pela cabeça de quem (todos incluídos, sem excepção) estava no local? E de quem não estava (alguma autoridade pública)? E de quem já não está, mas ainda permanece algures (os dois protagonistas locais)?

Meditemos sobre a política que temos, conquanto esta reflecte a moral que nos falta, por acção ou omissão, e aquilo que somos enquanto pessoas. Que, por mero acaso, vivem no mesmo país.

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