29 abril 2008

Os brandos costumes dos portugueses, agora na Internet.


Li um dos 0,0000001% emails 'FW:fw:: etc etc' que recebo.

Dizem ser 'uma pequena notícia que vem publicada na revista "Visão" de quinta-feira passada, com [..] o sub-título "Em apenas 6 dias um oftalmologista espanhol limpou a lista de espera da cirurgia às cataratas, no Hospital do Barreiro".

Não sei se veio ou não [não compro nem costumo ler a revista em causa] e também não vou verificar [tenho mais do que fazer e é mais fácil a ressalva]. Vendo bem nem sei se o hospital existe.

O e.mail continua:

"José António Lillo Bravo, 45 anos, oftalmologista espanhol, instalou-se de armas e bagagens, como quem diz, com equipa e equipamento, no Hospital Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro, e reduziu drasticamente a lista de espera das operações às cataratas. Precisou apenas de seis dias - seis! - para devolver a visão a 234 pessoas. O procedimento é simples, faz-se em poucos minutos, só com anestesia local; o oftalmologia aplica o método (= facoemulsificação) há mais de uma década, e permite ao doente voltar para casa no dia da intervenção. E pelos seus próprios pés. Sem pudores, José Bravo precisa que, nos dias em que esteve no Barreiro, e com a ajuda da sua equipa, fez 48 intervenções diárias : 24 de manhã e 24 de tarde - contra as 50 por ano, em média, dos médicos locais, e que resultaram, no final de 2007, numa lista de espera de 384 pessoas.



Por cada cirurgia, o espanhol, recebeu 900 euros. Um valor que, garante a administração do Hospital, é compensador : corresponde a metade do preço pedido pelos médicos portugueses." Fim do artigo. Assinado: Teresa Campos'.

Este texto, que me foi reenviado por e.mail, vem com a indicação típica a dizer mal de Portugal.

Mais do que pegar em casos destes para dizer mal do país, sem que nada mude, seria útil analisá-los, em vez de simplesmente praticar spam anti-nacionalista e não patriótico.

Patriótico e útil seria, por exemplo, exigir ao Ministro da Saúde que investigue o caso, designadamente o caso do hospital em causa, o médico espanhol referido bem como as razões da aparente falta de produtividade dos médicos desse hospital.

Se houver causas justificadas, que deverão ser divulgadas ou resolvidas, o assunto fica fechado.

Se não existir causas atendíveis para essa falta de produtividade, os médicos devem ser responsabilizados.

Tão simples como isto.

E ainda mais simples do que escrever para a Visão ou enviar emails.

Ou, até, escrever um post num blog.

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