05 agosto 2007

O Ministério da Cultura, esse reincidente.

Delfim Sardo é um grande nome da arte contemporânea em Portugal e o internediário dos artistas / obras e das pessoas que visitam as exposições que organiza.

Desta vez foi o criador de uma petição online, que referimos há dias, e que hoje ia nas 800 e tal assinaturas a favor de Dalila Rodrigues, reconhecendo o seu trabalho no MNAA e questionando o Governo sobre as motivações políticas da decisão. Porque técnicas, já o director do Instituto de Museus esclareceu, não foram.

É interessante recordar e ver a própria história de Delfim Sardo no CCB e dos seus sucessores, para verporque não foi afastado do cargo [porque se demitiu?], quais as razões da sua demissão e das suas sucessoras.

Lia-se no DN de 5.11.2oo5:

'Delfim Sardo, director do Centro de Exposições do CCB em funções desde Maio de 2003, demitiu-se por entender que o seu projecto "era ambicioso e necessitava de outra relação de confiança" com o Conselho de Administração (CA). A sua carta, datada de 28 de Outubro, terá chegado quarta-feira às mãos dos administradores, abrindo assim mais uma crise na gestão no CCB, que em Dezembro deverá apresentar a programação para 2006.

"Sabia que havia divergências, não sabia mais nada", diz ao DN Margarida Veiga, que foi indigitada há um mês para o CA, em substituição de Guta Moura Guedes. Segundo a assessora do Ministério da Cultura, a arquitecta e ex-directora do Centro de Exposições (de 1996 a 2003) entrará em funções, "em princípio, na próxima semana". Fraústo da Silva, presidente do CA, está em Macau durante 15 dias. E Isabel Trigo de Morais, actualmente a única vogal na administração, não quis comentar esta demissão.

O CCB tem para 2006 uma dotação estatal de oito milhões de euros e deverá gerar outro tanto em receitas próprias. Dizendo só que o seu orçamento é "muito penalizador" - na ordem dos 600 a 500 mil euros, conforme avançado pelo DN e ontem noticiado pelo Público -, Delfim Sardo garante que a sua decisão foi "reflectida" e não se prendeu apenas com o corte de dois terços (em relação a este ano) nas verbas para exposições, o que inviabiliza grandes mostras e projectos de produção própria. "Não estava construída uma relação de confiança entre mim e a administração que permitisse desenvolver um projecto, e não sentia apoio por parte da administração", afirma ao DN.

Delfim Sardo ficará mais "dois meses", para "resolver problemas correntes", e diz que "é necessária uma profunda remodelação do modelo do CCB".

À pergunta sobre se as suas opções são demasiado arrojadas para o CA, responde que sai no momento em que se revê numa programação "com capacidade de risco, que aposta em nomes menos conhecidos e propostas próprias". E defende a transformação do Centro de Exposições num Museu de Arte Contemporânea, com autonomia face ao CA e "capacidade para fazer exposições temporárias mas também para seduzir coleccionadores privados, ter depósitos permanentes e parcerias com instituições congéneres".

Recorde-se que esta demissão ocorre um ano depois da convulsão gerada pela exoneração, a pedido de Fraústo da Silva, dos administradores Miguel Vaz e Adelaide Rocha. Por "graves e continuadas tensões e divergências, reconheceu na altura o ministério. Miguel Vaz esteve no cargo oito meses - substituíra Francisco da Motta Veiga, demitido pela tutela em 2004, que ao DN admitiu então a existência de "elementos de bloqueio" no CCB. E Adelaide Rocha estava na equipa de Fraústo da Silva desde 1996.

Sucederam-lhes Isabel Trigo de Morais e Guta Moura Guedes, que saiu há um mês. "Delfim Sardo é um homem inteligente, persistente, e um curador e teórico de elevado calibre", afirma Moura Guedes ao DN, escusando-se, porém, a comentar "o que se passa dentro do CCB". O Ministério da Cultura, "para já", também não comenta'.

Entretanto apareceu Mega Ferreira, que curiosamente também se demitiu...

Delfim Sardo não era o 'administrador', mas o 'director'. Mas não deixa de ser curioso que a natureza dos problemas é sempre igual. E em todos estes casos, a qualidade da cultura servida aos portugueses é que perde.

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