Jornalismo de vão de escada
ou de atacado para vender e cobrar é o que caracteriza títulos que exploram a vida íntima e em nada interessam ou deveriam interessar ao público, e que nenhum jornal deveria ter o bom senso de publicar.
Num momento em que se discute se a imprensa portuguesa sabe ou não o que é notícia e o que não é notícia [sobretudo à luz dos toques disparatados do Governo PS sobre a rádio Renascença], isto é exactamente aquilo que a imprensa não deve fazer:
'Eusébio arrisca AVC caso decida não ser operado'
era uma notícia de capa do DN de hoje, jornal 'de referência' em Portugal há mais de 100 anos.
É pena ser de referência [e não de deferência] hoje neste blog por tão más razões.
Com tantas coisas relevantes por aí -- algumas no interior do próprio jornal, mas sem honras de capa -- é infeliz para a imprensa portuguesa e para os direitos à privacidade e intimidade da vida privada [e eventualmente para o sigilo médico] que surja este tipo de 'notícia'.
A censura à imprensa é um mal, mas o abuso da liberdade de imprensa é igualmente 'maçador'. sobretudo na edição de 23 de Abril de 2007, tão perto da data histórica do 'vinte e cinco do quatro', como diz um conhecido meu.
Mesmo que o autor do texto no DN ou quem ordenou ou autorizou a sua publicação tivessem a ingenuidade de colocar um texto de incentivo a Eusébio para melhorar a sua saúde, tal podia ser feito através de carta ao dito, ou de resto com uma discrição bem diversa que a de uma notícia de capa num dos jornais diários mais vendidos do país.
Haverá algo mais horroroso que a violação da privacidade? Este caso é um bom teste à utilidade da nova entidade reguladora da comunicação social.
Marcadores: DN, Eusébio, intimidade, jornalismo, privacidade, regulação, vida privada
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