24 janeiro 2007

A recordar a novela da Educação em Portugal em 2oo6


É verdade. Na história de Portugal, a 'Ministra', ou 'Milu', como muitos professores chamam, carinhosamente, à Ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues [a actual, para quem, como Lorenzetti, já não se preocupa em decorar nomes de Ministros que não conhece, que vêm e vão] não é nada.

Até porque os exames deste ano não são assim tão diferentes de outros.

Melhor: os actuais têm uma estrutura diferente, o que faz com que os alunos tenham sido cobaias, porque não lhes foi dada uma prova modelo, como acontece em todo o lado.

Sem uma prova modelo [que por ser modelo não diz o que vai sair, mas diz como vai sair], conforto psicológico para quem as faz e tem de as fazer, e guia indelével de estudo para a verdadeira prova, os alunos foram marionetas. Cobaiazitas de um grupo de políticos [ou de professores armados em políticos] que 'queriam ver como é que os alunos reagiam', esquecendoi que os alunos deste ano não são os mesmos deste ano nem do próximo [a menos que fiquem pendurados por causa desta 'experiência'].

Os alunos deste ano são pessoas por si, e tiveram o 'azar' de fazer exame este ano.

Mas mesmo assim, o mais invulgar não foi a mudança de estrutura [e, claro, o fazer-se exame repetido em duas cadeiras numa míriade de outras que também o justificariam].

O mais invulgar [mas que se percebe] é a Ministra nunca ter respondido [na famosa sessão no Parlamento... coitadinha, isto de responder pelo cargo devia ser só para quem está 'preparado'; sim MESMO em democracia!] à questão da prova modelo. Não dizem porque não a fizeram e tudo o resto perde sentido com tal falha.

Mas o cúmulo das invulgaridades é mesmo o facto de haver erros científicos e afins em todas as provas, em todos os anos, que levam vários professores a berrar junto de um Ministério surdo, fechado numa torre que não é de marfim, mas de simples papelão, e que em última instância [mas uma instância muito vulgar...] obriga os professores, contra toda a autonomia técnica de que beneficia, por exemplo, um advogado, a 'corrigir' um exame de acordo com critérios que entende errados, e que são errados pela ciência das coisas [o que torna os critérios 'políticos' e não científicos?!].

Há pois professores, neste país, que riscam, contra a sua própria vontade, respostas que consideram certas, pelo facto de os critérios do Ministério estarem errados.

Pode haver dissensos de opinião, o que é saudável [e que em todo o caso justificam sempre a validade de uma resposta]. Mas quando se sabe que há erros científicos em provas emitidas por um Ministério, para um país inteiro, com professores por todo esse país a assinalar os mesmos erros, e sendo estes obrigados a considerar erradas respostas que estariam certas ou vice-versa, anda tudo louco.

É que não há explicação possível que não a incompetência científica e humana e problemas de ego dentro de um Ministério.

E o grande problema é que a demissão da Ministra não serve para nada. Nem a mudança de Governos. O problema continua lá dentro. Do Ministério.