14 janeiro 2007

Amadeo, Amadeus, Amadores.


Soube algures que há filas de duas horas para ver a exposição temporária na Gulbenkian de obras de Amadeo de Souza-Cardoso.

Parece que a exposição esteve aberta sem interrupção desde as 10h00 de sábado até às meia noite de domingo.

Isto é extraordinário e é muito muito muito bom.

Pelos vistos, pela primeira vez na história da Fundação, a Gulbenkian manteve-se aberta uma noite inteira para receber os visitantes de uma exposição.

Pergunto-me mesmo se isto terá acontecido de todo em Portugal, numa exposição supostamente de horário de expediente.

Foi o último fim de semana da exposição e a Administração da Gulbenkian deliberou esta abertura excepcional.

Até há poucos dias, o número de visitantes era 86 mil, número interessante para uma cidade como Lisboa, sobretudo tendo em conta que a exposição abriu apenas a meio do mês de Novembro de 2006.

Diz-se que à uma da manhã era preciso esperar cerca de uma hora e meia para ver as mais de 260 obras de Amadeo e de outros 36 artistas seus contemporâneos, como Picasso ou Modigliani. Tirando os 30 minutos para comprar bilhete.

Porém, nada, comparado com as esperas de três horas e meia na tarde de sábado.

A Gulbenkian já merecia, como se sabe, uma atenção especial de Lorenzetti. Em áreas como a música ou a dança a Fundação tem sido praticamente o único actor cultural, trazendo a Lisboa nomes que não vêm de outra forma e contrastam com programas pobres, como o da suposta 'ópera' de S.Carlos, ou salas de concerto clássico. Esta iniciativa demonstra mais uma vez a originalidade da Fundação. Se este foi um acto excepcional e 24h, recorde-se que todos os meses a Tate abre as suas portas à noite, com serviço de bar incluído.

Giro giro giro era 24h policy em todas, everywhere. E com os devidos cuidados, música e serviço de bar.

E não me digam que é caro. Não há paciência para esse tipo de argumento quando se trata de free time. Afinal o dinheiro serve para quê?