Modas.
Quando recebi isto num fw:, que li por ter o título IKEA e ser sempre cómico gozar com o IKEA, lembrei-me da Rita e da Jan. Foram minhas colegas e enquanto que a Rita comprava muito e mau, a Jan comprava pouco e bom. Não excpcional, mas bom, e claramente melhor do que a Rita.
Não sei qual gastava mais ou menos. Mas sei que a Jan tinha alguma qualidade e durabilidade e conforto, e a Rita tinha quantidade que se esgotava rápido, que mudava bastante, e que a fazia parecer uma colegial de centro comercial.
Eram duas opções.
O IKEA é uma opção para 'mobiliário', que foi famosa pelo preço e pela novidade. E há uma terceira razão: por ter apresentado propostas mais inovadoras em termos de design. Se é certo que não eram propostas pedagógicas para os consumidores, eram pelo menos menos chocantes, em muitos casos, que muitas coisas que por aí andam.
Sinceramente nunca achei piada à vida IKEA. E sai-me caro. Não sou do tipo de ir até Alfragide, parar num estacionamento que me faz lembrar o aeroporto ou um centro comercial, entrar num armazém enorme cheio de pessoas em vagas como cardumes e ruidosas como tudo, arrastar caixas até à caixa, esperar, pagar, e ter de por tudo num carro onde não cabe, ou ter de ficar ainda mais tempo [5x o da caixa? mais?] à espera de pagar mais para me levarem aquilo a casa, onde serei eu a montar, caso consiga, tenha tempo e paciência. Se querem detalhes de experiências análogas procurem na vossa memória ou leiam a crónica do 'RAP' na Visão. O problema é o conceito, e não só o facto de as madeiras serem más [perdão, o contraplacado / não sei quê compacto].
E depois de montar sinto-me num escritório ou loja ou cenário de TV. Ou naquelas casas das pessoas que acabaram de se mudar ou casar e estão tão felizes que nem reparam nos móveis e no tão artificial que parece a sua casa, de tão catálogo que parece.
Não tenho prazer em montar móveis, como não tenho prazer em jogar ténis. Gosto de usar e ver os móveis, não do processo em si, que deixo a algém que perceba e/ou goste do assunto. O mesmo com o ténis. Entre ficar suado ou ver a Hantuchova a suar, prefiro a segunda hipótese, e ficaria satisfeito se este ano servissem chá, biscoitos ou cocktails no Court Central do Jamor.
E ainda há aquilo que já todos perceberam: 'se é do IKEA, toda a gente tem'. Monotonia, previsibilidade, contrariamente ao que se espera do mundo do design.
Para minha angústia, não gosto do IKEA. Prefiro herdar ou ir a um antiquário, ou, em desespero de causa, encomendar uma reprodução, que em Portugal se consegue facilmente nas oficinas da FRESS.
Para minha angústia pelo preço, pelo peso, pelos assaltos, pelas mudanças, pelos incêndios, pelos parasitas. E finalmente pelas pessoas que nos acham ricos, quando não temos coisas do IKEA.
Marcadores: IKEA, mobiliário, RAP, Ricardo Araújo Pereira
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