Paixão de Infância
Todas as pessoas que são pessoas e que foram crianças têm uma paixão de infância. Pelo menos uma. Ou entre muitas, certamente uma que se destaca, mesmo que dela não se apercebam num primeiro relance.
L. teve uma que se concretizou, e que não conta. Outras que foram menosres, que não contam.
E uma que não se concretizou porque 'não se podia concretizar'.
De modo nenhum. Desde logo pela idade. Esse clássico gap.
Como iria ela olhar para um puto?
Sobretudo quando era uma certa goddess, a miúda mais radical de aquém e além mar, giríssima, premiadíssima no seu desporto favorito, sem tempo para nada nem ninguém que não os que não a largavam e aqueles que a tinham acompanhado desde sempre?
Alguns de nós entretanto tornaram-se assim. E hoje sentimo-nos ao lado ou mesmo noutro plano, e já nem lhe ligamos.
Há algum tempo L. encontrou-a.
E quis ter a ousadia de a contactar, sobretudo para dizer de alguma forma o impensável, desde logo porque seria inconveniente e sobretudo inconsequente e só a deixaria numa situação desconfortável.
Mas o melhor da vida é quando esta nos surpreende pela positiva.
L. teve lata para a 'interpelar'.
E ela paciência [ou necessidade? estará diferente? creio que para ainda melhor] para responder.
L. gostou do que ouviu. Desde logo porque ela parece ter gostado do que ouviu, 15 anos depois de não saber que L. existia.
E quem lê isto não fica a saber o que se disse [ou se leu, ou se ouviu entre L. e a sua paixão de infância].
Mas L. quer que se saiba que correu bem. A dúvida de L., perante a boa reacção da sua 'paixão de infância', é saber se continua o contacto. Porque tem, obviamente, receio mais que humano [logo falível!] de destruir um 'monumento psicológico de perfeição'. Mas lança o desafio:
se a vossa paixão de infância passar hoje à porta das vossas vidas, o que farão? No caso de L. os melhores resultados vieram do improviso.
Foto: Lagoa Azul, Islândia. [Remember?]
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