Nacionalismo esporádico
Um era sueco o outro português.
O sueco pergunta ao português se um certo bar estaria aberto nessa noite. O português dizia que sim, claro, com um ar de gozo.
O sueco explica a sua dúvida 'I'm aware that you're having a national holiday today'.
O português percebeu: national holiday é feriado. E nesse dia, dia 15 de Junho, era feriado, como em muitos dias desse mês. A 'época dos feriados'. Os 'feriados de Junho'.
E acrescenta o sueco, perante um português ainda com um esgar de gozo e abanando a cabeça afirmativamente:
'why are you having this holiday, anyway?'.
O português estaca. Claramente não sabe. Balbucia e acaba por perder o sorriso por completo. Ou melhor, o seu sorriso de gozo e não cortesia transforma-se num sorriso amarelo de ignorante.
Não fazia a mínima ideia do que estava a falar, ou seja, que feriado estava a gozar.
O sueco responde com um misto de reconforto e de contra-gozo: 'I see, you have a lot of national holidays...'.
E é verdade. Sobretudo religiosos, sendo o país 'laico'.
Mas continuamos com eles, e gostamos. Com eles os feriados, não os santos.
Neste caso era o feriado da festa do Corpo de Deus.
O português clássico continua a ser um religioso de pacotilha.
L. percebe quem o é verdadeiramente e quem verdadeiramente o não é.
Mas não percebe [ou recusa-se a aceitar] que se seja católico só aos domingos, ou quando há festas estilo baptizado ou casamento.
Dizem alguns padres, com razão, ninguém é obrigado a nada. Se não são devotos, não incomodem quem é.
Por estranho que pareça, esta cena fez L. pensar no caso do nacionalismo, além do da religião.
Os portugueses têm outra insistência: o nacionalismo esporádico, tipicamente diagnosticável por bandeiras emaranhadas em decrépitas antenas de carros e janelas de residências ou mesmo escritórios. Neste momento a razão qeue despoletou esta verdadeira herpes, este nacionalismo esporádico, é claro o Mundial de Futebol. Onde não se marcam golos. Esquecendo-se, por exemplo, 'modalidades' como rugby, onde somos assumidamente campeões mundiais.
L. é patriota e gosta de Portugal. Mas não deste Portugal. O Portugal falsamente religioso, o Portugal de nacionalismo de fim-de-semana.
O Portugal hipócrita e ignorante, que exacerba o vácuo e ignora ou pisa o que tem de verdadeiramente bom.
Foto: Porto Underground
O sueco pergunta ao português se um certo bar estaria aberto nessa noite. O português dizia que sim, claro, com um ar de gozo.
O sueco explica a sua dúvida 'I'm aware that you're having a national holiday today'.
O português percebeu: national holiday é feriado. E nesse dia, dia 15 de Junho, era feriado, como em muitos dias desse mês. A 'época dos feriados'. Os 'feriados de Junho'.
E acrescenta o sueco, perante um português ainda com um esgar de gozo e abanando a cabeça afirmativamente:
'why are you having this holiday, anyway?'.
O português estaca. Claramente não sabe. Balbucia e acaba por perder o sorriso por completo. Ou melhor, o seu sorriso de gozo e não cortesia transforma-se num sorriso amarelo de ignorante.
Não fazia a mínima ideia do que estava a falar, ou seja, que feriado estava a gozar.
O sueco responde com um misto de reconforto e de contra-gozo: 'I see, you have a lot of national holidays...'.
E é verdade. Sobretudo religiosos, sendo o país 'laico'.
Mas continuamos com eles, e gostamos. Com eles os feriados, não os santos.
Neste caso era o feriado da festa do Corpo de Deus.
O português clássico continua a ser um religioso de pacotilha.
L. percebe quem o é verdadeiramente e quem verdadeiramente o não é.
Mas não percebe [ou recusa-se a aceitar] que se seja católico só aos domingos, ou quando há festas estilo baptizado ou casamento.
Dizem alguns padres, com razão, ninguém é obrigado a nada. Se não são devotos, não incomodem quem é.
Por estranho que pareça, esta cena fez L. pensar no caso do nacionalismo, além do da religião.
Os portugueses têm outra insistência: o nacionalismo esporádico, tipicamente diagnosticável por bandeiras emaranhadas em decrépitas antenas de carros e janelas de residências ou mesmo escritórios. Neste momento a razão qeue despoletou esta verdadeira herpes, este nacionalismo esporádico, é claro o Mundial de Futebol. Onde não se marcam golos. Esquecendo-se, por exemplo, 'modalidades' como rugby, onde somos assumidamente campeões mundiais.
L. é patriota e gosta de Portugal. Mas não deste Portugal. O Portugal falsamente religioso, o Portugal de nacionalismo de fim-de-semana.
O Portugal hipócrita e ignorante, que exacerba o vácuo e ignora ou pisa o que tem de verdadeiramente bom.
Foto: Porto Underground
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