A gestão da tesoura
A maioria dos gestores portugueses gere com a tesoura e não com a cabeça.
De facto, a primeira regra de gestão em Portugal é 'cortar'.
Cortar no pessoal;
Cortar na qualidade;
Cortar [ou nem cortar, porque só se pode cortar o que existe] no investimento e inovação.
Enfim, cortar 'despesas', cortar 'custos'.
Como se fizessem omeletes sem ovos.
O português não arrisca, não investe.
E se houver um pingo de chuva pede um subsídio para a desgraça.
E claro, o negócio vai sempre mau. 'Isto este ano é uma degraça, está muito fraco'. Contemos os anos: são todos. Está sempre mau. Mas florescem os belos carros, a Hermés, a Cartier e afins abrem lojas em Lisboa onde não pululam necessariamente turistas.
O que interessa é cortar.
Educação, formação, redesign, marketing, scouting, benchmark, auditorias, I&D, isso não interessa nada, porque custa dinheiro. E mesmo que haja subsídio, mais vale ficar com o cacau, para quê 'gastá-lo' na empresa?
E os clientes 'que se lixem', que 'isto de ter uma empresa não é pelos outros' e o cliente 'é um tipo a quem se prestam favores', um 'burro' que 'só dá trabalho'.
E assim andamos. NOT.
Lorenzetti gosta muito da Hermés [não necessariamente das gravatas] e moderadamente da Cartier.
Mas Lorenzetti não tem a menor partícula de paciência para estes patos bravos que não se resumem à empreitada, mas alastram por tudo o que é actividade económica.
Alguém os corta a eles e liberta a economia e a qualidade?
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