30 janeiro 2006

O Cavaquistão


Na página 6 do Público de 24.1.2oo6 vinha um artigo com o título 'Vagos, a nova capital do Cavaquistão'.

Inquiridos sobre a razão do seu voto [85.07% em Cavaco Silva], os habitantes de 'Vagos' [no distrito de Aveiro], responderam que foi pelo que o candidato não disse. Foi pelo que não fez: 'foi um homem de poucas palavras, que não atacou ninguém'.

Por isso, meus amigos, já sabem: se o vosso ego precisa de reconhecimento público, candidatem-se a qulquer coisa. E fiquem calados. A vitória é garantida.

Por aqui sempre lamentámos o facto de termos tido um Secretário de Estado da Cultura [mais tarde Primeiro-Ministro!] que dizia ser grande apreciador dos 'violinos de Chopin'. É claro que ninguém é obrigado a saber que Chopin e violinos não têm grande relação. Mas também devia ser claro que ninguém é obrigado a fingir que sabe. Pior que a ignorância é a falsa intelectualidade.

Feitas as contas, Santana Lopes foi tratado de forma injusta. Como ignorante e vaudeville. Em boa verdade, Cavaco Silva não é muito diferente. É mais idoso, menos elegante, tem um doutoramento em Economia. Porém, não parece mais culto. E não é nada falador. E dele não se conhecem, igualmente grandes obras.

Isto porque ficámos indecisos entre duas imagens:

se Cavaco Silva era o Tino de Rans do PSD;

ou se um Santana Lopes calado, pouco sofisticado e doutorado.

Venha o diabo e escolha.

Os eleitores já o fizeram, mas para já sem Santana como opção.

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