23 outubro 2007

Greve dos pilotos.


Lorenzetti não alinha no habitual argumentário de que os pilotos ganham muito dinheiro e não devem fazer greve por migalhas.

No entanto, importa reconhecer que os passageiros [e Lorenzetti é um deles] foram deixados sem o apoio devido, depois de terem pago o seu bilhete e assumido compromissos importantes numa altura do ano que não é propriamente de férias nem Natal, nem ainda sexta ou sábado.

- a TAP pertence à StarAlliance [que faz 10 anos, segundo se ouve na interminável mensagem de atendimento da TAP na sua linha de atendimento telefónico]: poderia bem beneficiar-se dessa aliança para conseguir lugares noutras companhias para passageiros apeados devido à greve dos pilotos;

- a TAP tem muitas chamadas que entopem a sua linha de atendimento. Isso é sempre assim quando há greves. E sendo previsível, não só pela experiência passada, como pela existência de pré-avisos de greve, não se percebe que não haja maior eficiência no atendimento aos passageiros, nem que seja pelo famoso outsourcing de call centers extra: não faz sentido que a IATA não imponha padrões mínimos de qualidade de serviço a este nível, nem que a TAP não tenha a elegância e competência de, por si, os ter;



- a TAP anuncia, na sua interminável mensagem de atendimento telefónico, que os passageiros devem fornecer o seu telemóvel para serem avisados de atrasos ou problemas com o voo. No último ano deixei sempre o telemóvel e em 20 ou 30 voos, nunca me avisaram dos atrasos constantes, nem agora, da greve e do cancelamento do meu voo;

- ao saber do cancelamento do voo, sou posto em lista de espera para um voo no dia seguinte [que provavelmente é mera esperança vã]. Mas porque é que não me enviam noutra companhia aérea no mesmo dia?

- não se percebe que ninguém seja responsável: a TAP porque diz que o Governo é o responsável pelas pensões e idade de reforma, o Governo porque diz que os pilotos é que fizeram greve, os pilotos porque dizem que têm direito à greve. O que é certo é que em greve os trabalhadores beneficiam [e é compreensível] de um fundo de greve. E os passageiros, como verão compensadas as centenas ou milhares de euros gastos em bilhete e taxas, em transportes, em alojamento, e os negócios ou qualquer outra coisa que perdem por não realizarem a viagem? Será o balanço económico positivo?

- e serviços mínimos? suponho que o meu voo não faça parte deles, uma vez que não vou para a ilha da Madeira...



Fica o desabafo [coisa para a qual os blogs são úteis]. Até porque os tribunais nunca terão pensado em declarar ilegais certos disclaimers de transportadoras. Suponho que o INAC apenas regule o espaço aéreo e nada tenha a ver com os passageiros. Que resultados terá conseguido o INAC nessa matéria?

Numa época em que se fala de escutas, seria interessante que se escutasse os passageiros [e se desse seguimento às suas críticas] e, já agora, que se pusesse escutas nas linhas de atendimento telefónico da TAP [sobretudo a contar os tempos de silêncio, ou de música enquanto se espera], e não só...

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