07 setembro 2006

Dela



'Estou a ouvi-los falar da vida e estou a ouvir-te. Há qualquer coisa por trás disso. Qualquer coisa que não se adapta bem ao modo de ser dessas pessoas. Nós falamos com essas pessoas e elas desvinculam-se da realidade para nos dizer coisas diferentes. Ideias que ofendem. Quando falo contigo sinto-me como se jogasse uma bola contra uma parede e tivesse que a recuperar para continuar a conversar. Estou sempre no risco de perder. Se eu soubesse analisar bem a tua consciência, podes ter a certeza, fazia batota. Mentia-te. Utilizava a mentira para conquistar a tua compreensão. Mas tu estás maliciosamente num plano superior. Não és igual para toda a gente. Estás a lixar-te para o humano.É preciso conhecer o horror quotidiano para ter uma ideia de ti. Ninguém imagina. Enganas todos com a tua escrita. Vai-te foder escritor de pessoas fracas.Só me podes dar aquilo que escreves, e isso, tu sabes, estou farta. Uma escrita que é um espelho viciado. Uma escrita que eu já li dentro do teu silêncio. A consciência está do lado dos que escutam. É um prémio estúpido para quem ainda ama quem não merece ser amado. É engraçado. Também és muito bom a transformar as minhas verdades em defeitos contra mim. Sabes manipular consciências e sentimentos para o fabrico existencial da tua escrita. A verdade é que criaste um universo do qual não me apetece abandonar ... uma vez disseste-me queles que falam muito são os que mais precisam dos outros. talvez por isso eu fale tanto'.