Last call for Timor
L. já escreveu mais de uma vez sobre Timor. É impressionante como um Estado, um elemento tão sério, importante e necessariamente responsável das nossas vidas e do nosso país (dizer Pátria caiu em ‘desuso’, está fora de ‘moda’) age de modo tão pueril. Ou, pelo menos, os seus agentes. A decisão de enviar polícia militarizada (GNR) para Timor foi das mais disparatadas (para não dizer circenses) dos últimos anos da política portuguesa, a ficar no livro de pérolas da política internacional de um Estado Membro da UE.
Isto porque se em 1998 a questão de Timor foi emocional, com o povo português num berreiro incentivado e depois galvanizado, ampliado e mostrado pela comunicação social, o envio de ‘tropas’ em 2006 não tem esse benefício: é simplesmente disparatado.
Em 1998 podia dizer-se que os líderes políticos não sabiam ao que iam. Que se calhar até havia petróleo. Que de facto havia chacinas. E que havia uma certa responsabilidade como ex-colonizador. Podia, mesmo, dizer o líder político que tinha medo da opinião pública. Que como o povo e a comunicação social apoiavam a ida para Timor, tinha de ir-se para Timor. Mesmo que isso contrariasse qualquer técnica diplomática, económica e militar. Ia-se porque convinha. Ia-se porque era popular. Ia-se porque tinha de ir-se.
Hoje não é assim.
Hoje não há imagens do cemitério de Dilí, de catanas, de chacinas. Hoje não há povo português aos brados. Hoje não há um PR de esquerda com belos discursos na ONU.
Hoje há (ou devia haver) saber de experiência feito, calma, prudência, noção de que a crise económica chegou.
Hoje sabemos que desde 1998 não recebemos nada de Timor, nem sequer resultou nada de substancial daquilo que demos em 1998.
Apenas a ideia que a Austrália, país vizinho, aumentou nesses anos a sua margem de influência.
Ao ponto de – L. elogia neste ponto os australianos, em detrimento dos políticos portugueses e seu poder de acção – substituir um governo maioritário por outro, com o apoio do Presidente, que era ele próprio um revolucionário até 1998.
Esta é a ideia que passa a L..
A ideia de que a Austrália fez o homework nestes anos entre 1998 e 2006. E que Timor esteve do lado da Austrália, não do lado de Portugal. Pelo menos no que interessa.
E não é pois por acaso que a famosa GNR em Timor é liderada pelas forças australianas, em solo ‘timorense’.
Parece incompreensível? Não é.
Até se percebe: é estúpido. Pobres GNR, lançados aos mosquitos sem razão. E pobre Orçamento de Estado, delapidado sem qualquer perspectiva de retorno. Nem económico, nem humanitário.
Isto porque se em 1998 a questão de Timor foi emocional, com o povo português num berreiro incentivado e depois galvanizado, ampliado e mostrado pela comunicação social, o envio de ‘tropas’ em 2006 não tem esse benefício: é simplesmente disparatado.
Em 1998 podia dizer-se que os líderes políticos não sabiam ao que iam. Que se calhar até havia petróleo. Que de facto havia chacinas. E que havia uma certa responsabilidade como ex-colonizador. Podia, mesmo, dizer o líder político que tinha medo da opinião pública. Que como o povo e a comunicação social apoiavam a ida para Timor, tinha de ir-se para Timor. Mesmo que isso contrariasse qualquer técnica diplomática, económica e militar. Ia-se porque convinha. Ia-se porque era popular. Ia-se porque tinha de ir-se.
Hoje não é assim.
Hoje não há imagens do cemitério de Dilí, de catanas, de chacinas. Hoje não há povo português aos brados. Hoje não há um PR de esquerda com belos discursos na ONU.
Hoje há (ou devia haver) saber de experiência feito, calma, prudência, noção de que a crise económica chegou.
Hoje sabemos que desde 1998 não recebemos nada de Timor, nem sequer resultou nada de substancial daquilo que demos em 1998.
Apenas a ideia que a Austrália, país vizinho, aumentou nesses anos a sua margem de influência.
Ao ponto de – L. elogia neste ponto os australianos, em detrimento dos políticos portugueses e seu poder de acção – substituir um governo maioritário por outro, com o apoio do Presidente, que era ele próprio um revolucionário até 1998.
Esta é a ideia que passa a L..
A ideia de que a Austrália fez o homework nestes anos entre 1998 e 2006. E que Timor esteve do lado da Austrália, não do lado de Portugal. Pelo menos no que interessa.
E não é pois por acaso que a famosa GNR em Timor é liderada pelas forças australianas, em solo ‘timorense’.
Parece incompreensível? Não é.
Até se percebe: é estúpido. Pobres GNR, lançados aos mosquitos sem razão. E pobre Orçamento de Estado, delapidado sem qualquer perspectiva de retorno. Nem económico, nem humanitário.
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