30 dezembro 2006

TAP e Privatizações


No Expresso de há umas semanas, um artigo de fim de página tinha como subtítulo 'Com a privatização no horizonte, a TAP vê-se obrigada a alcancar objectivos rigorosos de gestão'.

Quem leia isto ao calhas acha, desde logo, que a gestão da TAP tem sido um caos, e que privatizar é algo de fantástico, agradando àqueles a quem agrada a expressão 'metê-los na ordem'.

Parece que até agora não havia ou não se alcançavam 'objectivos rigorosos de gestão'.

O que é totalmente falso. O caso da TAP é, todos o reconhecem, um exemplo de gestão, sobretudo tendo em conta a agitação que se tem vivido no sector internacionalmente, sobretudo devido a factores macroeconómicos, preços do petróleo e questões de 'terrorismo'. Leia-se o Relatório e Contas. E leiam-se todas as notícias na imprensa, sobre a TAP, nos últimos 5 anos.

A privatização é, em muitos casos [tal como em vários casos de nacionalizações] o verdadeiro terrorismo.

Especialmente quando se fixam metas de gestão fantásticas: parece que não se faz nada numa empresa até ser privatizada.

Se está mal é porque não se faz nada [ou porque nada se pode fazer], e algum estarola vem defender a privatização.

Se está bem, pode ser privatizada: afinal quem quereria uma empresa inviável?

Mas sendo viável, porque não fica o Estado com ela? Se assim fosse em todas as utilities, certamente poderíamos baixar impostos, por exemplo.

A conclusão acaba por ser a de o Estado deve ter tudo o que não dá lucro e, uma vez colocando a empresa a dar lucro [não apenas contabilístico, mas a todos os níveis] pode e deve vendê-la.

Curioso raciocínio.

Desastroso resultado.

Depois não digam que não avisei.

29 dezembro 2006

Partidos em Portugal

Como se sabe, Lorenzetti não tem preferências partidárias.

Ainda assim, leu com interesse o artigo de Clara Ferreira Alves publicado no Expresso de 1.12.2oo6, com o título PS e PSD, as essências, com destaque para a frase 'o PSD vive numa espécie de bruma sebastianista'.

Sendo o D. Sebastião do PSD, já se sabe, o defunto Francisco Sá Carneiro [que tendo morrido dentro de um avião que se despenhou, foi ainda assim inspiração peculiar, para não dizer mórbida ou tétrica, para o nome do Aeroporto do Porto...].

E é verdade. O PSD vive mais de Sá Carneiro do que o CDS de Amaro da Costa, ou o PCP de Cunhal, ou o PS de Mário Soares ou outro dos 'históricos'.

Outra tese curiosa de Clara Ferreira Alves -- esta já não partilho -- é a de que o PSD só regressará 'quando o povo português de cansar do PS. E regressará com o líder que tiver nesse dia, cavalgando até ao descontentamento'.

Desde logo porque é duvidoso que o actual governo seja de esquerda. Basta lembrar que o seu líder era da JSD, não parece ter-se curado, e não é por acaso que se dá bem com o PR que, formalmente não o será, mas na prática o é, PSD.

Sendo que o PSD também é de uma direita gelatinosa, que nos idos revolucionários votou a Constituição e apoiou a reforma agrária.

Uma grande confusão.

E isso explica muito do que se passa no país.

'Juiz iraquiano afirma que Saddam será executado o mais tardar amanhã' *

Sim, 'meu senhores', estamos no século XXI.

* notícia do Público Online, 29.12.2oo6

27 dezembro 2006

mais 1 momento pessoal que merece partilha...


'Ela diz:
queres ir para a praia? :S
Ela diz:
mas isso e tipo, tares com brownies a tua frente e nao poderes come-los :P'

26 dezembro 2006

Sorria, está em Espanha !


É a frase num cartaz publicitário do turismo de Espanha no metro de Lisboa.

Desde logo, na estação da Avenida.

Peculiar.

25 dezembro 2006

Music Machine



Morreu James Brown, considerado 'o pai da Soul', um mestre do Funk, o penteado mais mítico ever e um verdadeiro 'animal de palco'.

O mundo vai ficando mais dull e dumb.

24 dezembro 2006

Puro nonsense político.

No Expresso [não vale a pena seguir o link, porque o acesso é pago...] de 8.12.2006, diz-se na última página que 'o Governo vai aprovar um decreto-lei sobre as habilitações para a docência: todos têm de ter mestrado e saber português'.


Que bonito.

Agora o mestre será mesmo mestre.

E até sabe português.

Portanto e de acordo com a notícia, no mestrado, os professores têm de 'demonstrar domínio, oral e escrito, da língua portuguesa'.

Pergunto-me se os actuais não sabem. Quem andou a ensinar-nos então? Vendo bem, nem sabemos falar. E nem sei escrever isto que aqui está.

E o próprio Primeiro Ministro em exercício, não sendo mestre, nem tendo sido ensinado por mestres, não saberá.

Pois como referia Marcelo Rebelo de Sousa [pois, já tem mais do que mestrado], foi bonito ver o Primeiro Ministro em exercício a exclamar 'a proposta está de cima da mesa'.

Pasquimderme?


Dia 8 de Dezembro.

Capa do EXPRESSO, o 'jornal de referência' em Portugal:

'A lista das escolas mais perigosas'
O Expresso divulga as áreas escolares mais violentas
Num estudo enviado para o MAI, a PSP revela números etrríveis sobre o último ano lectivo


yada-yada-yada.

E claro, com uma foto de um branco de capuz, rodeado por negras também de capuz [e uma de boné branco!]. E uma parede grafitada atrás!

Por momentos pensei ser o Daily Mirror ou, mais prosaicamente, o Crime ou o Correio da Manhã.

23 dezembro 2006

Indultos


O Presidente da República 'concedeu' os habituais indultos de Natal...

Portanto é mais um ano em que uma série de reclusos vêm a sua pena terminada e saem da prisão, por terem apresentado requerimento ao PR e este, na sua graça, os ter concedido.

É extraordinário que a República, instituída em 1910 à custa do homicídio de SS.AA.RR. o Rei D.Carlos I e o Príncipe D.Luís Filipe em 1908, inclua no seu funcionamento o indulto.

O indulto é, por excelência um acto divino ou monárquico.

Não se compreende a sua existência num Estado laico e republicano.

Se queremos tê-lo, teremos de mudar de regime.

Se queremos amnter o regime, teremos de abolir o indulto.

Ou podemos continuar assim, em contradição.

22 dezembro 2006

Vídeo de Natal


Do not perimpampalhate a mulher alheia


http://www.youtube.com/watch?v=Yxfh7hFW6Lo

É este o presente de Lorenzetti aos seus.

Resume o que este homem tem [e merece ser elogiado antes de bater a bota, porque os elogios não devem ser póstumos, e apesar de hoje não ter metade da piada e do sentido].

Heathrowing


L em todo o momento crisis management.

18 dezembro 2006

Natal, Natalia, Natalin.


Nesta época os blogs de todo o mundo unem-se e falam do Natal.

Este ano, com particular 'acuidade', alguns governos de algum mundo unem-se numa de ignorar o Natal.

porque está na moda ser laico.

As iluminações de Natal de Londres, adoradas por turistas ávidos de fotografias do mainstream, que depois põem em álbuns, wallpapers de computador, mousepads, ou tshirts e canecas, são este ano, para eles, uma desilusão.

Parece que para estimular a tolerância religiosa o Natal já não é Natal.

Agora chamam-lhe 'Winterval'.

Para Portugal esta tendência é péssima, dada a sua história e matriz católica.

Para o Governo português a notícia é óptima. Afinal, o 'défice' tem sido a pedra de toque do fazer política nacional no Portugal do século XXI.

Assim, Lorenzetti tem um presente para o apparatchik [como se escreve isto?] do 'regimen': 'adiar o Natal'. Passá-lo para Janeiro ou Fevereiro. Publicar um aviso público [aqueles que ninguém nos jornais] ou um anúncio de TV [daqueles que ninguém vê, porque foram buscar pipocas no intervalo de um qualquer telelixo] a informar do seguinte:

'Por razões orçamentais, o Conselho de Ministros deliberou a celebração do Natal de 2006[especialmente a aquisição de bens e consumo de energia] para o mês de Janeiro de 2007.

Tal continuará a suceder nos anos subsequentes, até que estejam estabilizadas as contas públicas.'


E assim, vivendo de saldos, Portugal será um país feliz.

Quanto à celebração laica, uma nota final:

a chamada luta contra o terrorismo, que 'anima' as actuais relações internacionais e ficará como a [inserir adjectivo] da história mundial neste início de século, tem-se relacionado intimamente com o fenómeno da diversidade religiosa.

É com base nesse terrorismo que hoje se anda à pancada no Afeganistão, no Iraque, no Líbano talvez, e outros sítios simpáticos, e que há uma espécie de 'Attica-Alcatraz-campo-de-concentração' em Guantanamo.

E é com base nessa diversidade religiosa que se 'mitiga' as celebrações de Natal.

Como se quando eu vou a um país islâmico eles deixassem de cumprir [à sua maneira muito própria] as regras do Corão.

Se somos o Ocidente e se 'eles' são os inimigos acho que já perdemos.

Porque podemos estar a matá-los e a por o país deles em pó. Eles morrem, mas iguais.

Nós, a maioria, não morremos, mas mudámos por causa deles: deixámos de celebrar o Natal como outrora, temos de tirar os sapatos quando entramos num avião, e levar o líquido para as lentes de contacto num saco de plástico transparente, que possa ser fechado, e não mais de 100 ml.

São consequências bem mais sofisticadas [de medo e de alteração do nosso viver] do que as duas torres que caíram há cinco anos, e que o discurso do mainstream político.

Se eles não ganharam, eu sou a Natalia Vodianova.

16 dezembro 2006

Bolhão Especulativo.


Aquelas coisas que circulam misteriosamente por e.mail.

Esta é uma verdadeira aula de sociologia pura à borla, e que não adormece.

País peculiar. É especialmente interessante se se considerar isto como o típico ser português. Sexo comercial, bimbice, piadolas brejeiras, pancada e futebol. Nem mais.

O pensamento final depois da leitura desta coisa é a confirmação de que não é apenas a senhora em questão [que não faço ideia quem seja, e sobre a qual nada tenho a dizer]que é parola, tal como descrita. Vendo bem, há certamente quem a descreva assim para disfarçar. E parolo por parolo...


10 de Abril

O Jorge Nuno está inquieto. Os nervos estão à flor da pele e já me assentou duas lambadas sem motivo aparente. Mas eu sei a causa. O FC Porto vai receber o Riopele para a Taça de Portugal e, sem caldinhos com os árbitros, ele desconfia que vai perder. Ofereço-me para mandar espancar o presidente do Conselho de Arbitragem da Liga. Diz-me que não, que dá muito nas vistas. Está a amolecer com a idade. E não me refiro só às capacidades para dirigir o clube.

11 de Abril

O alternadeiro do talho, aqui no Ameal, disse que não me fia mais nada sem ver dinheiro. Mandei espancá-lo com um barrote cravejado de parafusos, claro está. Eu não sou dura. Foi a vida que me fez assim.

14 de Abril

Está-se mesmo a ver: sexta-feira à noite e, em vez de sairmos, sua excelência quer jantar em casa com árbitros. E os ares sebosos dos tipos? Um é careca, o outro tem um bigode que me faz lembrar um azeiteiro que trabalhava no Calor da Noite. Só falam de foras-de-jogo e penalties. E só comem fruta e doces, os alarves! Há semanas que não se come outra coisa cá em casa. Ao menos, não se perdeu tudo. O Jorge Nuno prometeu-me que me levava este fim de semana ao estrangeiro para ver monumentos e coisas assim. Vai ser tão romântico!

15 de Abril

Grande besta! O fim de semana romântico no estrangeiro, afinal, foi só eu, ele e... mais 300 Super Dragões em Gelsenkirschen. E a o monumento era o estádio dos alemães. Nunca fui tão apalpada na minha vida. Esta gente não sabe que eu sou uma senhora.

17 de Abril

As finanças recusaram a minha declaração de IRS: não me deixam deduzir a aquisição de um varão Inox nas despesas de "material profissional". Sabem eles que isto custa os olhos da cara? Ou pior. Conheço um rapaz que é trolha em Freamunde. Muito jeitoso de mãos. Pedi-lhe para espancar o chefe do 13.º bairro fiscal do Porto.

18 de Abril

Afinal, era engano. O varão pode ser deduzido no IRS. Se o chefe do 13.º bairro fiscal ainda tivesse nós dos dedos, poderia ser ele a fazer a dedução.
[...]

14 dezembro 2006

Analfabetos, Sádicos ou simplesmente Amorfos?


Hoje deparei com um inquérito online no portal Sapo.

O portal Sapo foi um projecto desenvolvido na Universidade de Aveiro e faz hoje parte da PT.

O portal Sapo é um caso interessante da produção tecnológica portuguesa.

Os portugueses têm uma inteligência funcional duvidosa, e uma peculiar tendência para não compreender as perguntas que lhes são feitas ou um simples mapa.

O analfabetismo funcional é um caso aborrecido da falta de cultura portuguesa.

No dito inquérito, perguntava-se:

Concorda com a legislação que vai permitir reduzir o número de funcionários em 3 ministérios?

Os indígenas, como diria um valente, mas nem sempre polido cronista, responderam as follows, à hora a que os resultados foram consultados por Lorenzetti:


Sim
38.6% (3043 votos)

Não
13.69% (1079 votos)

Se não fazem falta
47.71% (3761 votos)


Esta malta é extraordinária.

Os personagens que consultaram este portal e votaram neste inquérito são algo de surreal.

E metem medo.

Em especial os 3043 indivíduos que 'concordam com a legislação que vai permitir reduzir o número de funcionários em 3 ministérios'.

Para já porque, certamente, nem conhecem a dita legislação.

Em segundo lugar, e mais importante, porque dispondo de uma opção de resposta que inclui a prudente afirmação 'se não fazem falta', insistem em dizer sim, mande-se os tipos para a rua', whatever.

Façam ou não falta...

Quando alguém pensa assim o problema é grave.

E quando alguém que pensa assim vota, o caso é gravíssimo.

Há quem use o voto como autoflagelação. A maçada é que há uns milhões que levam por conta... dos quais uns quantos ainda nem nasceram.

Estilo 'hipoteca nacional perpétua'.

Arrogantes ?


Por alguma razão é o termo aplicado, por estereótipo, aos Franceses.

Uma decisão recente do Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias [designação algo redundante, longa e provavelmente desactualizada], foi rejeitada a legislação francesa que reserva a nacionais franceses a possibilidade de actuar como chefes arquitectos em projectos de intervenção em monumentos nacionais franceses.

O Tribunal considerou que esta legislação violava os artigos 43 e 49 do Tratado da CE, que prevê a liberdade de prestação de serviços no território da Comunidade, até porque França obriga os arquitectos interessados em participar a título temporário na reabilitação de monumentos franceses a sujeitar-se a concurso [para poderem ter direito a exercer a sua profissão, mesmo a título temporário].


Imagem: o famoso projecto das pirâmides do Louvre foi criado por um arquitecto não francês, I.M. PEI, em 1989, no âmbito dos Grand Projects. Após a renovação [pelo mesmo atelier], a afluência terá aumentado 70% e em Setembro de 2006 planeava-se nova intervenção, de modo a reduzir o ruído e a dificuldade de movimento das multidões. Para uma análise de todos os projectos do Louvre [inclusive aqueles que nunca tiveram lugar] vale a pena o livro [X].

12 dezembro 2006

Estado de Penalti.


Leio hoje no Publico que 'No livro, Carolina Salgado afirma ter contratado duas pessoas — alegadamente a mando do presidente do FC Porto — para agredir Ricardo Bexiga, então vereador da câmara de Gondomar, cujas denúncias deram origem à investigação do processo Apito Dourado'.

E leio mais.

Que o actual Procurador Geral da Republica 'justificou a iniciativa por considerar que o processo em causa "é muito importante, tendo em conta a dimensão social do fenómeno do futebol'.

Sobre a primeira citacao, parece obvio que e este o problema de Portugal. Podemos organizar exposicoes mundiais, fazer um satelite, ter descoberto caminhos maritimos ou andar a fazer votacoes para as melhores personagens da nossa historia (pondo Guterres e D.Afonso Henriques lado a lado, e por ai adiante).

Mas em boa verdade, o esquema continua mais basico que a aldeia de Obelix.

Quanto a segunda citacao, sobressai a dimensao social do futebol.

Discordo do Procurador. A dimensao social do futebol nao interessa para nada.

O que interessa [de modo bem deprimente, uma vez que ja ultrapassa o juridico e o criminal] e a dimensao politica e economica do futebol.

Quando as elites de um pais nao sabem articular uma frase [ou articulam frases como 'penso eu de que' ou 'a mim parece-me'], o futuro nao e propriamente auspicioso.

Sem querer desfazer.

Claro.

08 dezembro 2006

Absolute sincerity verges on indecency, la dizia FF


They fuck you up, your mum and dad.
They may not mean to, but they do.
They fill you with the faults they had
And add some extra, just for you.

But they were fucked up in their turn
By fools in old-style hats and coats,
Who half the time were soppy-stern
And half at one another's throats.

Man hands on misery to man.
It deepens like a coastal shelf.
Get out as early as you can,
And don't have any kids yourself.

Philip Larkin
[1922-85]
This Be The Verse

06 dezembro 2006

'Efemerides',


aquelas coisas tipicas de telejornal nacional, ao lado do futebol e dos fait-divers do Parlamento, bem como de um ou outro acidente de estrada com um autocarro para Braganca ou Lagos onde morrem nao sei quantas pessoas e outras ficam queimadas.

E aqui fica a efemeride de hoje: ha oitenta anos, Mussolini criou um imposto sobre os solteiros.

Vejamos o que acontece no nosso proximo orcamento. Ou melhor, na rectificacao ao orcamento rectificativo. As usual.

E assim acontece.

05 dezembro 2006

Em fase terminal.


Diz o Publico de hoje que 'O combate à corrupção e à criminalidade económico-financeira depara-se com alguns entraves, como a falta de peritos e técnicos especializados ou as "descoordenações" entre a base de dados da Polícia Judiciária e a do Ministério Público (MP)'.

Estes dois problemas nao sao exclusivos da policia enquanto instituicao, nem do Estado em geral. E muito menos da justica.

Sao problemas culturais.

O primeiro e a falta de especializacao.

O segundo e a falta de governo.

Sabe-se de tudo e nao se sabe de nada.

Manda-se em tudo e nao se manda em nada.

Falta 'focus', uma certa concentracao, seja naquilo que se estuda e se faz, seja na forma como se faz.

Portugal tem tido, inclusive, uma optima pontuacao no indice de compliance do FATF/GAFI, o que faz com que seja um dos Estados mais protegidos (juridicamente falando, e claro) contra o branqueamento de capitais.

O problema da educacao e um problema nacional. Nao existeuma aproximacao das faculdades ao mercado de trabalho, como se sabe, e no caso de profissionais no activo, sejam policias ou outros, ha pouca actualizacao e sobretudo especializacao.

Expressivo e o curriculum das universidades portuguesas, que so agora contempla pos-graduacoes a serio (num boom dos ultimos anos que incluira, e certo, algumas bem duvidosas), e apenas um LL.M. (da UCP). Como e evidente, a triparticao licenciatura / mestrado / doutoramento nao tem nada a ver com a realidade economica e social de hoje.

Por outro lado, o problema do desgoverno e cronico, e recorda-se sempre nestas ocasioes a frase do alegado lider militar romano segundo o qual Portugal seria uma terra onde nao se governam nem se deixam governar.

Se e certo que esta ideia e redutora (desde logo pelo factor 'problema nacional'), e certo que e tambem um problema nacional e que nao existe em Portugal respeito pelas regras e pelas hierarquias, talvez por complexos democraticos.

E verdade que a democracia portuguesa tem 30 anos, mas e de esperar que dessa democracia resulte uma solucao equilibrada que possibilite a estabilidade politica, social e economica.

A falta de coordenacao referida na noticia acima e o resultado desta falta de equilibrio e demonstra uma desorganizacao mental bastante sul-europeia. Somos felizes na mesa e na cama, mas muito maus no escritorio e no Governo.

O problema esta precisamente no facto que a cama e a mesa desaparecerem rapidamente se nao passamos a trabalhar melhor.

Parece que os visados pela noticia do Publico -- e por muitas outras do mesmo calibre -- nao notam isso. Ou que se preocupam apenas com a sua mesa e a sua cama.

O que nos reduz a um ponto essencial e algo desaparecido: a ideia de servico publico e o espirito de missao que deve presidir a quem lidera um exercito, um Estado, uma empresa, um museu ou uma casa. Vai tudo dar ao mesmo: resultados.

04 dezembro 2006

Boys will be Boys


Ironia do destino, tenho viajado mais com a TAP do que com a Carris ou o Metro. Ou mesmo conduzido.

Por isso li com atencao a nomeacao do novo Conselho de administracao. Nomeacao, porque continua a ser uma empresa controlada pelo Governo Portugues.

Um dos novos membros do CA da TAP chama-se Luis Patrao.

Como em tudo na politica portuguesa (porque sendo uma empresa controlada pelo Governo, e mais uma nomeacao politica do que uma eleicao tipica de uma empresa normal), e interessante ver o passado.

em 23.10.2004 lia-se no DN que 'Patrão saiu do segundo Governo socialista na sequência da polémica sobre a Fundação para a Prevenção e Segurança, que levou igualmente à demissão do ministro Armando Vara. De acordo com fonte da direcção dos socialistas, a nomeação de Luís Patrão foi proposta por José Sócrates na última reunião do Secretariado Nacional do PS, há uma semana, e foi formalmente apresentada aos funcionários do partido na segunda-feira.

Luís Patrão, natural da Covilhã, e o seu irmão Jorge, que foi candidato a líder da JS no início da década de 80, foram os responsáveis pela adesão de José Sócrates ao PS.

Na Assembleia da República, foi chefe de gabinete dos líderes parlamentares do PS António Guterres, Jaime Gama e Almeida Santos.

Após ter sido chefe de gabinete de Guterres, Patrão foi eleito deputado do PS por Faro em 1999'.

O DN referia-se, na altura, a nomeacao de Luis Patrao para a Direccoao Geral do PS.

Nao conheco este Senhor e portanto a nomeacao nada tem, para mim, de pessoal (pessoal em relacao a Lorenzetti, nao sabemos se em relacao a quem o nomeou).

Mas curiosamente, questiono-me sobre o facto de este CV ter zero de gestao. Pelo menos digna de um administrador de uma companhia aerea.

Bem sei, para isso ha o CEO. Entao e o resto das lampadas do candeeiro servem para que, uma vez que nao acendem?