31 março 2006

Os Novos Pobres


Porque é que ninguém fala deles?

Só se fala de novos ricos. Das suas vantag€n$ e saloíces. A malta do Jaguar, tão celebrizado entre as classes médias após Portasgate, o famoso acidente junto às Amoreiras.

Nada sobre os Novos Pobres. Para os quais, quando saem de casa, é chocante ver a forma como a maioria das pessoas vive no dia a dia.

A população em geral, classes baixas e médias.

A violência de movimentos, olhares e palavras; a brutalidade do cuspir na rua e dos erros ortográficos; do perfume de mau gosto à sua ausência; a forma selvática como fazem compras; como casam, quase autómatos que, pelo 'establishment' namoraram e casam 'com tudo a que dizem ter direito', com os mesmos vestidos, as mesmas festas, as mesmas músicas, as mesmas bebidas, as mesmas comidas e as mesmas cadeiras douradas ou com lacinhos e claro, as mesmas viagens; a forma como (não) educam os filhos e como acham que a tudo têm direito sem nada fazer e como ignoram os direitos que têm e não os fazem valer.

Aqueles que não votam porque está Sol, para quem a monarquia faria sentido porque é 'bonita' ou para quem não faz sentido nenhum porque não é 'moderna'.

Os mesmos que se pelam por apelidos 'bonitos' acrescentando 'des' e 'és' e arrastam o seu ego para todos os processos de decisão, sem usar a razão.

Aqueles para quem Figo é o verdadeiro embaixador do país, e para quem o futebol é 'o' desporto e o resto meras modalidades e que adoram usar e oferecer equipamentos desportivos 'oficiais' com o nome dos 'verdadeiros' jogadores

E que adoram a sua 'mini', a sua 'jola' e bricolage. E surfar não por surfar, mas pelo estilo (pelo ego?) e pelo sonho de miúdas. O mesmo para o skate, o rugby e muitas outras coisas.

Que ouvem as músicas da moda, sem qualquer sentido crítico. O mesmo quanto aos filmes. O mesmo quanto aos bares e discos. Não quanto aos livros, porque não lêem.

E presos às marcas, até porque não sabem distinguir qualidade de engodo: champagne tem de ser Moët, malas têm de ser Vuitton (mas falsas, claro), telemóveis Nokia, carros BMW e Mercedes, a casa tem de ser moderna, pseudo-minimal, às vezes com um toque 'rústico'. São as suas 'garantias de segurança'. As marcas... como se alguém verdadeiramente 'conhecedor' estivesse a preocupar-se com a sua satisfação pela qualidade e não apenas com o seu pouco dinheiro.

É assim que se julgam felizes, comprando coisas e arranjando um marido ou mulher, um namorado ou namorada. É esse o seu objectivo, o seu dia a dia. Comprar, consumir, e ter a ilusão de que são amados e, quem sabe, admirados.

Os Novos Pobres continuam ignorados, só os chamam quando precisam do tal 'nome bonito'. Mas como não têm dinheiro, não interessam. São uns Elitistas, diz-se. Mesmo que sejam eles os tais 'conhecedores' e que, respeitando os seus princípios de nobreza, não alinhassem em todo o manancial de indiscrição, histeria, ignorância e depressão mitigada que caracteriza a realidade presente. Um homem com 'princípios' deixou de merecer o epíteto de 'pessoa séria' para ser, nos dias de hoje, um 'pato'.

Como é perigosa, a mediania. Que afunila e cega, dando a ilusão da felicidade e do esclarecimento, enchendo o ego, como se houvera verdades únicas, simples e acessíveis. E como é banal.


Mas será finita?

30 março 2006

Fio Dental


Está na 'moda'.

Usa-se mesmo não sendo confortável nem higiénico. Usa-se sendo gorda ou magra, gira ou horrível.

FIO DENTAL... sem ser nos dentes!

FIO DENTAL...

Liberta a Bitch que há em todas as mulheres que o compram ou aceitam.

E claro, está na moda...

27 março 2006

A Alternativa


Encontrei-a nas escadas. Tinha-a conhecido há pouco tempo e agoa já nem a vejo, mas na altura, ao vê-la com os auscultadores e o já banal leitor de MP3, fiquei com a curiosidade de saber o que ouvia. Diz-me aquilo que ouves e...

E lá perguntei.

E lá respondeu.

'Ah é música alternativa, você não conhece...'.

Os meus neurónios ficaram a conjugar os elementos da coisa:

- o idiota 'você', a fazer-lhe lembrar as entrevistas da Maria João Avillez;
- o 'Ah';
- o tom;
- a palavra 'alternativa'.

Ao lado a parte emocional [a saber, o tom, o ah displicente, e o 'você' oscilante entre o blasé e o menorizante] tilintou a palavra 'alternativa'.

Alternativa a quê?

Música alternativa a quê? à Rock? e essa não era alternativa à Pop? Ou vice-versa? E essas não eram alternativas ao jazz? e o jazz à clássica? E todas umas às outras, não?

O que é que há de alternativo nisto tudo?

Não faço a mínima ideia. E não vou perder muito mais tempo a descobrir.

Mas faz-me lembrar um post anterior... será Ego?

Sei é que nunca mais falei com ela.


Imagem: Juan GRIS [1926-27] Guitar and Music Paper, Saidenberg Gallery, New York

Marcadores: , ,

Espacos Vazios


Claro que Lorenzetti conhece este edifício. Quem conhece Lisboa conhece este edifício,o primeiro claramente associado ao conceito de loft, mais um momento 'moda' em Portugal, num movimento que oscila entre a abertura ao cosmopolitismo e aos novos conceitos culturais, artísticos e sociais de espaço e... o novo riquismo provinciano.

'Mas isso agora não interessa nada'.

O que interessa é que Lorenzetti descobriu este projecto num website camarário relativo a uma revista que já não existe. Diz-se aí que 'a publicação do Boletim Lisboa Urbanismo encontra-se suspenso. Ficam aqui à disposição os números antigos'.

Em 2oo6, acaba de descobrir uma revista disponibilizada também online e que terá acabado em... 2oo1. Acabado não... muito melhor: 'suspensa'. Um sopro de mistério camarário, numa espécie de 'Harry Potter e o Caldeirão Municipal'.

Cinco anos volvidos [foi só fazer as contas...]L descobre a dita revista que, aparentemente, ainda não regressou.

Há 5 anos, portanto, que se vive num limbo de ignorância urbanística na cidade de Lisboa [que é o mesmo do que dizer, no país], até porque não se vêm outras formas de grande e rigorosa informação sobre projectos urbanísticos que mudam a cidade e que marcam a arquitectura, a arte, a cultura e a sociedade portuguesas, ainda que em ritmos diferentes.

E isto é muito, muito importante.

Pelo menos numa cidade à qual L aplicaria a palavra 'civilizada'. Que é fundamental para sermos felizes. 'Digo eu... não sei'.

Marcadores: , , ,

25 março 2006

a eterna moda do subsídio


Lê-se na newsletter na ModaLisboa que 'O segundo dia da ModaLisboa Black terminou com o desfile da dupla Alves/Gonçalves. À semelhança da edição anterior, os criadores optaram por uma pequena apresentação, restrita a convidados, no Palácio de Santa Catarina'.

Isto soa muito bem. A ML é uma iniciativa óptima, que tem demonstrado muita qualidade dos designers portugueses, e a dupla Alves+Gonçalves ficará para a história.

Ainda assim, há coisas a corrigir. Como o facto de se fazerem apresentações privadas à custa do erário público, o grande patrocinador da ModaLisboa.

Afinal, o que ganhará Lorenzetti, enquanto contribuinte, não estando lá a vender, nem a comprar, nem sequer a beber um copo? Porém, o dinheiro de Lorenzetti está lá, uma vez que não foge ao fisco...

Marcadores: , , ,

24 março 2006

The Blood of Christ


de Damien HIRST, é uma instalação de comprimidos de paracetamol gigantes colocados em cima de sangue num armário de medicamentos.

Estamos na dúvida: no futuro será considerada uma obra de arte marcante [e valorizada] ou um desperdício de dinheiro para quem compra, de tempo [para quem vê] e de papel e tinta [para quem escreve sobre ela]?

O último caso é o do já aqui citado Donald Kuspit, que capeou o seu livro 'The End of Art' com uma instalação de Hirst... um cinzeiro banalíssimo cheio de cigarros banalíssimos apagados de forma banalíssima.

Ainda assim, esta apela-nos esteticamente. Na sua onda minimal, dá-nos fome. Provoca várias sensações. Lorenzetti não pagaria os 3 milhões de dólares pagos pelas duas obras acima [o caso Jorge Vergara, CEO da empresa de vitaminas Omnilife] e que praticamente pagaram a casa gótica que Hirst comprou em Gloucestershire, mas certamente não a descartaria de todo [coisa que faria com o cinzeiro...].

Marcadores: , ,

Ego


Só quem não tem complexos de Ego é verdadeiramente sincero.

E só quem é sincero passa ao lado dos complexos de Ego.

Lorenzetti
já terá citado por aqui a frase extraordinária de Federico Fellini sobre a sinceridade:

'As soon as you reveal yourself to be completely sincere, you're either breaking the rules or making yourself incomprehensible. Excessive sincerity verges on indecency'

E assim acontece. Ser sincero e não ter problemas de ego -- desde logo tratar os outros, sejam quem forem, de igual para igual e não esconder pensamentos -- continua a ser um escândalo, algo de indecoroso, indecente, desagradável... 'inconveniente'!

Azar.

Ser um complexado de Ego é ser normal. Viver com segredos e fingir que está tudo bem. Inventar histórias de cama, apanhar bebedeiras não pelo gozo, mas para contar, não avançar num projecto empresarial ou amoroso com medo de falhar e dar a cara.

Ser pobre, negro, gay, velho demais, novo demais, ser mulher, correr o risco de a mulher andar com outro, viver na Reboleira e não na Av. do Restelo, tudo faz os Portugueses complexados.

As pessoas não são aquilo que querem, são aquilo que acham que os outros querem ver.

E fazem isto em relação umas às outras, o que não deixa de ser uma peculiar reciprocidade. Toda uma complexa rede de complexos...

Sinceramente não há paciência.

O atraso de país não é económico, é endémico e cultural. É não saber escrever nem estar à mesa, é cuspir para o chão, bater na mulher, nos filhos, é os filhos andarem à pancada com os colegas por uma borracha ou um borracho, ou simplesmente andarem emborrachados.

É o pânico das compras, muitas vezes que coisas sem gosto nenhum (mas 'estão na moda') nem personalidade própria.

É dizer que não têm dinheiro para impostos, educação e saúde e gastarem milhares por ano em tabaco, vodkas, TV cabo, pastilhas elásticas, fotografias, caipirinhas, roupa, chocolates, batatas fritas, algodão doce, tremoços, cerveja, concertos de verão, jogos de futebol, cafés, cinema, férias...

É o ego, aquele complexo. Ter de ter, mais do que ter de ser ou, melhor, gostar de ser. Manadas e hordas. É o fenómeno 'classe média', que quer ser tudo menos média, e que é tudo abaixo de mediana.

O país que temos não é o do choque tecnológico ou fiscal.

É um país que precisa de saber escrever e sobretudo pensar. Pensar não só em números e letras, em Filosofia, Física Quântica e Fundos de Investimento Mobiliário.

Precisa de pensar em si, ter personalidade própria e forte, sem no entanto ser egoísta ou insensível.


Lorenzetti
não me parece muito esperançado, mas não deixa de tentar.


Imagem: Jonathan Rhys-Meyers no papel de Chris Wilton em Match Point - uma personagem que transpira ego. Como o slogan do filme, 'there are no little secrets', acompanhado das taglines 'Love / Lust; All / Nothing; Truth / Deception'. É isso.

23 março 2006

Ego


Só quem não tem complexos de Ego é verdadeiramente sincero.

E só quem é sincero passa ao lado dos complexos de Ego.

Lorenzetti
já terá citado por aqui a frase extraordinária de Federico Fellini sobre a sinceridade:

'As soon as you reveal yourself to be completely sincere, you're either breaking the rules or making yourself incomprehensible. Excessive sincerity verges on indecency'

E assim acontece. Ser sincero e não ter problemas de ego -- desde logo tratar os outros, sejam quem forem, de igual para igual e não esconder pensamentos -- continua a ser um escândalo, algo de indecoroso, indecente, desagradável... 'inconveniente'!

Azar.

Ser um complexado de Ego é ser normal. Viver com segredos e fingir que está tudo bem. Inventar histórias de cama, apanhar bebedeiras não pelo gozo, mas para contar, não avançar num projecto empresarial ou amoroso com medo de falhar e dar a cara.

Ser pobre, negro, gay, velho demais, novo demais, ser mulher, correr o risco de a mulher andar com outro, viver na Reboleira e não na Av. do Restelo, tudo faz os Portugueses complexados.

As pessoas não são aquilo que querem, são aquilo que acham que os outros querem ver.

E fazem isto em relação umas às outras, o que não deixa de ser uma peculiar reciprocidade. Toda uma complexa rede de complexos...

Sinceramente não há paciência.

O atraso de país não é económico, é endémico e cultural. É não saber escrever nem estar à mesa, é cuspir para o chão, bater na mulher, nos filhos, é os filhos andarem à pancada com os colegas por uma borracha ou um borracho, ou simplesmente andarem emborrachados.

É o pânico das compras, muitas vezes que coisas sem gosto nenhum (mas 'estão na moda') nem personalidade própria.

É dizer que não têm dinheiro para impostos, educação e saúde e gastarem milhares por ano em tabaco, vodkas, TV cabo, pastilhas elásticas, fotografias, caipirinhas, roupa, chocolates, batatas fritas, algodão doce, tremoços, cerveja, concertos de verão, jogos de futebol, cafés, cinema, férias...

É o ego, aquele complexo. Ter de ter, mais do que ter de ser ou, melhor, gostar de ser. Manadas e hordas. É o fenómeno 'classe média', que quer ser tudo menos média, e que é tudo abaixo de mediana.

O país que temos não é o do choque tecnológico ou fiscal.

É um país que precisa de saber escrever e sobretudo pensar. Pensar não só em números e letras, em Filosofia, Física Quântica e Fundos de Investimento Mobiliário.

Precisa de pensar em si, ter personalidade própria e forte, sem no entanto ser egoísta ou insensível.


Lorenzetti
não me parece muito esperançado, mas não deixa de tentar.


Imagem: Jonathan Rhys-Meyers no papel de Chris Wilton em Match Point - uma personagem que transpira ego. Como o slogan do filme, 'there are no little secrets', acompanhado das taglines 'Love / Lust; All / Nothing; Truth / Deception'. É isso.

Marcadores:

22 março 2006

Marketing 5*


Há marketing bom e marketing mau.

Recebi a mensagem abaixo, que é uma delícia: short, sharp, to the point, one (really) fits all.

Read and learn.



Dear Ladies and Gentlemen,

As discerning travelers, you appreciate the consummate level of service, the relaxed, casual elegance, and the exquisite amenities you find at The Ritz-Carlton.

We are pleased to include you in our email communication service. On occasion we will send a brief note highlighting our exceptional properties, with valuable information regarding hotel openings and enticing opportunities to enhance your travel experiences.

Since your privacy is important to us, it is only our intention to send email to those who truly wish to receive it. If you prefer to be removed from our list, please click the link below.

Whether for business, leisure or special occasion, The Ritz-Carlton offers a variety of resorts and destination hotels in the world's best locations. We proudly feature spa, golf and, of course, our award-winning restaurants.

Thank you for your valuable time. We look forward to welcoming you at The Ritz-Carlton in the very near future.

Sincerely,



Simon F. Cooper
President and Chief Operating Officer
The Ritz-Carlton Hotel Company, L.L.C.

Marcadores: , ,

Afinal, não é só na Bolsa.


'What I'm really after are instant executions. Instant as in less than five seconds, less than two seconds, he clicks as he scores, tight now, instant.

The promise of instant execution is what has made day trading plausible. If you're going to be in and out of a stock in less than a minute, every second counts. Gone are the days when you phoned your order into a broker and he sent it to a specialist on the floor of the New York Stock Exchange and the specialist wrote it down in his book and made the trade when he damn well pleased. When I type my order into the computer I want it done. Now.

There's a catch to instant executions, though; You have to make choices for yourself. This reduces the number of people you can blame when the trade becomes hopelessly messed up'[I]

Isto de facto serve para tudo.

Até para o sexo.

[I]: ANUFF, Joey + WOLF, Gary [2ooo] Dumb Money, Adventures of a Day Trader, London: Methuen, p. ... 69!

Marcadores: , , ,

21 março 2006

Pombos


Bird flu, gripe das aves.

A desculpa para arrumá-los a todos.

Os que nos sujam, os casacos, as janelas, as esculturas, os bancos, o chão, as mesas e debicam os nossos bolos nas esplanadas.

Sujas demais para conviver, doentes demais para comer.

Inúteis.

É deixá-las no campo e no prato.

E limpar a cidade.

Time is now...

Marcadores:

20 março 2006

Le nouveau western


É a nossa música favorita de MC Solaar, esse nome algo esquecido do grande rap francês.

Porque não recordá-la, em plena fúria de cowboiada gay?


Le vent souffle en Arizona Un état d´Amérique dans lequel Harry zona Cow-boy dingue du bang bang du flingue De l´arme, du cheval et de quoi faire la bringue Poursuivi par Smith & Wesson, Colt, Derringer, Winchester & Remington Il erre dans les plaines, fier, solitaire Son cheval est son partenaire Parfois, il rencontre des indiens Mais la ruée vers l´or est son seul dessein Sa vie suit un cours que l´on connaît par cœur La rivière sans retour d´Otto Preminger Tandis que John Wayne est looké à la Lucky Luke Propre comme un archiduc. Oncle Sam me dupe Hollywood nous berne. Hollywood berne ! Dans la vie de tous les jours comme dans Les nouveaux westerns

On dit gare au gorille, mais gare à Gary Cooper Le est installé dans le secteur Quand la ville dort: les trains ne sifflent pas Les sept Mercenaires n´ont pas l´once d´un combat Harry désormais est proche de gare de l´Est Il saute les époques et les lieux pour un nouveau Far-West Les saloons sont des bistrots, on y vent des clopes Pas de la chique, du top ! Du CinémaScope Il entre dans le bar commande un indien Scalpe la mousse, boit, repose le verre sur le zinc Une 2 CV se parque, saouls, des types se beignent Pour des motifs futiles comme dans Les nouveaux westerns

Les States sont comme une sorte de multinationale Elle exporte le western et son modèle féodal Dicte le bien, le mal, Lucky Luke et les Dalton Sont camouflés en Paul Smith´s et Weston On dit que ce qui compte c´est le décor L´habit ne fait pas l´moine dans la ruée vers l´or Dès lors les techniques se perfectionnent La carte à puce remplace le Remington Mais Harry à Paris n´a pas eu de chance On le stoppe sur le périph´ avec sa diligence Puis on le place à Fresnes pour que Fresnes le freine Victime des directives de ce que l´on appelle Le nouveau western...

Parfois la vie ressemble à une balle perdue Dans le système moderne se noie l´individu pour rester lucide il s´abreuvait de Brandy Désormais on brandit, télé, shit et baby Blanche est la Chevauchée Fantastique Toujours à contre-jour, c´est bien moins héroïque Dans le monde du rêve on termine par un Est-ce aussi le cas dans ce que l´on nomme Le nouveau western



03. Nouveau Western
Disc 2 - Le Tour de la Question , Mc Solaar, East West, 1998

Marcadores: ,

19 março 2006

Entronização


Era assim que um jornal se referia, na capa, à tomada de posse de Cavaco Silva como Chefe de Estado, a fazer lembrar a frase de Manuel Alegre durante a campanha: 'em democracia não há cabeças coroadas'.

Pelos vistos há.

Ainda faltam 5 anos. Ou serão os famosos 10?



Imagem: A autocoroação de Napoleão.

Jacques-Louis DAVID [1806-1807] Sacre de l'empereur Napoléon Ier et couronnement de l'impératrice Joséphine, Musée du Louvre

Marcadores: , , ,

18 março 2006

Submissão


No suplemento económico do DN de 6.3.2006 vinha uma 'notícia' de pé de página com o título Marca de 'vodka' neozelandesa 'oferece' noiva russa.

Mais um daqueles fait-divers que enchem os jornais. E no melhor pano cai a nódoa, diz-se. É claro, quer isto dizer que mesmo o portador de bom pano pode ser um desajeitado, um incompetente ou um negligente.

De acordo com a 'notícia', uma certa marca de vodka neozelandesa oferece uma viagem a Moscovo com direito a uma excursão 'Encontre uma noiva'.

Diz que 'este tipo de mulher é submissa e que, por isso, é o sonho de todos os homens'.

Mais do que saber se é isto que os homens querem, ficamos a pensar se este é o protótipo da russa ou se a mulher submissa é difícil de encontrar.

Whatever.

Qualquer mulher (ou homem) numa situação de pobreza é, em regra, submisso. Não por vontade, mas pelas circunstâncias. E tal conjuntura económica ou social não é necessariamente russa. É africana, americano-lantina, asiática, e por aí em diante.

E pelo caminho da economia e educação nacionais, quem sabe se as mulheres portuguesas não serão ainda mais submissas.

Whatever.

Isto quanto a elas e a quem as quer.

Num momento Carlsberg e comn base nesta história, diríamos que a submissão é, provavelmente, a palavra mais inútil do mundo.

Imagem: A Submissão de Pancrácio
[pan (tudo) + kratos (força)]

Pancrácio, de 14 anos, era solicitado pelos seus colegas para brincar com eles. Como o rapaz não quis e ao correr a voz de que portava os mistérios cristãos (pão para a eucaristia), quiseram à força poder contemplá-los ao que Pancrácio se opôs, apesar dos golpes que o deixaram quase morto. Quadratus, cristão, tentou socorrê-lo, mas era tarde demais.

Marcadores: , , , , ,

17 março 2006

Crush pelo Crash


Já falamos aqui do filme Crash, que parece ter sido a surpresa dos Óscares dos filmes de 2005.

Não ligamos nenhuma aos Óscares. Nem ficar a ver TV até às tantas, nem arrastar baba para vê-los ao vivo, nem ver os resultados nos jornais.

Desta vez -- ainda sem ver -- ligámos, pelas conversas que tem havido: é que o filme é mesmo bom.

'Vá lá'...

Marcadores: , ,

16 março 2006

The Importance of Being... ?


'You're not lying down in a bed or sitting up as you would in a chair. You're somewhere in between'

Richard MEIR.

Isto.


Este 'intermezzo' é a nossa posição favorita, para ler, ver filmes, ver as árvores, ver o céu, dormir, comer coisas leves, falar ao telefone, conversar e tudo o resto que possa imaginar-se.

Isso pode fazer-se na clássica chaise longue, a primeira peça que Lorenzetti exige numa sala.

E a Wallpaper deste mês tem uma bem gira na capa. Fica a ideia, mesmo que só por uns tempos.


Métamorphique
Roger TALLON
€ 35.000,00

Marcadores: , , ,

15 março 2006

PR sai, escutas ficam.


O Governo grego anda grego para saber da veracidade de um relatório publicado por um jornal ['soa' familiar?] local, o Ta Nea, segundo o qual os telefones do Primeiro Ministro Costas Karamanlis, vários membros do seu gabinete e Governo e responsáveis pela segurança nacional [cerca de 100 personalidades] foram escutados através da instalação ilegal de software na Vodafone Grécia, durante todo o ano das olimpíadas de Atenas. Todas as ligações eram reencaminhadas para 14 telefones sombra ligados a um sistema de gravação. O cúmulo está nas alegadas ligações do governo americano a estas mesmas escutas.

Tirando a parte filme americano, 'soa' familiar, não 'soa'?

Mas desta vez parece que ninguém ouve.

Esperamos, ainda, pelas 'rapidíssimas' investigações solicitadas pelo PR português ao PGR português que, apesar de solicitadas com urgência e determinação, parece que não serão fornecidas antes do fim do mandato do requerente.

E assim acontece. Estão a gravar?

Marcadores: , , , ,

14 março 2006

On Portugal.


I have failed to write more often on Portugal and the Portuguese people.

I do apologise. I now feel the need of sharing this and hope you to understand it from inside or outside. As always, queries or tips are welcome.

Until recently, I was sure that the biggest change in 21st century Portugal would be the end of the generation that lived during the dictatorship period between 1926 and 1974.

I was wrong.

Although part of it is true -- and to dictators, revolutionaries and countrymen a generation of consumers and non-ideologues has followed -- change will be even more difficult.

And this derives from the fact that even the structure previous to the 1974' transition [i.e. the generation pertaining to the 1911' transition, where Republic has been implemented against that of Monarchy] has not ended.

Monarchy has sure ended in political terms.

Notwithstanding, socially we are still in a transition period.

In fact, Portuguese élites are all bonded by family ties which come from the mnonarchy days.

We are all cousins, from north to south, in this little but very ancient country.

Tradition speaks louder whatever we do, because we are not able to change [even if we wish] our family ties.

One of our cousins will always be in the church, in the ministry, in the university, in the military, in the securities commission, in the gym, in a restaurant, everywhere.

This is the fate of a little country. We may not know all our family -- although most of times we do or are able to do so -- but tehre is always a link are no escape possible.

And according to our culture [which extended into the limit would represent something like favouring someone just because he is originary from the same country zone] we always protect our family.

Conflicts are not to be created amongst equals: family is the utmost example of this.

Peculiarly, family ties do create conflicts, especially when decisions are not taken not to prejudice either of the parties. Some call it incompetence, some call it corruption, some call it fear, I call it family ties, tradition and confidence.

That is why I have decided to live abroad for some time. It is the only way of living away from favours or revenge, from not knowing if a door is being opened by merit or by the applicant's surname and / or title, where I can sneeze without fear.

Some say this is a long and difficult way. I want it to be long and it would be more difficult to live in this country which is socially a house of dolls where tempests happen behind your shoulders.

Appart from this, I will always love my country and remain a patriot, for I do not forget history.

Yes you are true. Running away is impossible when you are running from yourself.

This is what tradition and family ties do: they do not simply trap you into a social line, an élite. They trap you into yourself.

Marcadores: , , ,

13 março 2006

Desenhos do Renascimento e do Barroco em Lisboa


Falámos aqui de como é raro e necessário animar os museus, sem que esse animar seja a pedagogia parva do costume.

No final de Fevereiro recebemos e aceitámos um convite de origem misteriosa: a inauguração de uma exposição bem interessante no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa [MNAA].

A origem do convite [ou melhor, como descobriram Lorenzetti e a sua morada] é um mistério, mas aceitámos de bom grado a ideia, e lá respondemos ao Museu com a nossa presença.

Numa sexta feira às 18h e com chuva, e um cocktail bem modesto, o número de pessoas espantou pela positiva [ainda que a média de idades devesse ser uns 40].

O balanço global é positivo, tanto da iniciativa, como da forma como decorreu, como da exposição, que muito se recomenda, sobretudo os desenhos sobre papel colorido, que foi uma forma [possivelmente involuntária] dos autores contornarem a traição dos 500 anos de idade de alguns dos desenhos:


Grandes Mestres do Desenho na Colecção do MNAA
24 de Fevereiro a 22 de Abril

Numa exposição que reúne 270 desenhos da colecção do MNAA, cronologicamente situados entre finais do séc. XV e meados do séc. XIX, mostram-se alguns dos mais significativos mestres do desenho europeu.

Esta exposição abre portas a uma série de aguardadas 'mega-exposições' internacionais no MNAA que, quem sabe, serão um regresso à[ou um ultrapassar da] qualidade que marcou a abertura do CCB e que -- por falta de fundos, disse-nos um programador -- acabou por esvair-se, em igual.




Camillo PROCACCINI [1550-1629] São Mateus e o anjo
Desenho a traço e aguada de sépia, realçado a branco, sobre papel azul.

Marcadores: , , ,

12 março 2006

Negócios de Estrangeiros?


'Ora, sempre que há uma expectativa de novo ministro após demissão de outro ou por queda de governo, os diplomatas gastam horas a debater se próximo ministro deva ser político ou diplomata. Quase sempre, depois do desempenho ministerial por um diplomata, deseja-se um político - o que se compreende bem, a avaliar a colecção de vinganças pessoais consumadas e de represálias de grupos que daria já em bom museu nas Necessidades. Mas também, após uma gestão da Casa por um político, anseia a maioria por um diplomata, mesmo que este seja pior que as cobras - «Sempre é um diplomata! É sensível aos problemas da Casa!», é o que se ouve nos claustros da mesma Casa até ao torneio do próximo movimento ou até ao jogo das próximas promoções.

E com Freitas do Amaral? Entrou como político e chegou-se a ver nele alguns traços de diplomata. Todavia, nas últimas semanas, perdeu a patine de um político que a muitos até pareceu apto a uma caminhada para Belém, e, talvez como consequência disso, se traços de diplomata se procurava vislumbrar, esses traços desapareceram
.'

Uma das Notas Verbais do jornalista [alias Correspondente Diplomático] Carlos Albino, 'o' português a escrever sobre Diplomacia [tal como, por exemplo, 'a' secção sobre Antiguidades do Expresso, caso único no jornalismo português de massa[s]].

Pelo que temos visto, o Ministro dos Negócios Estrangeiros [tratado directamente como DFA... a saber, Diogo Freitas do Amaral] que se cuide, porque Notas Verbais são clinicamente atentas, jornalisticamente verborosas, politicamente [mas não partidariamente, esperamos] mordazes e cientificamente conhecedoras, além de reconhecidas no meio [diplomático].

Além das observações acima citadas, não podemos deixar de referir as Notas feitas quanto à ausência do MNE das reuniões formais dos MNEs da UE [4 faltas em 7 meses] ou as 'faltas sistemáticas' Às reuniões Gymnich, a saber, reuniões informais entre MNEs que, como é referido em Notas Verbais, são mais das vezes mais importantes que as formais.

Marcadores: , , , ,

11 março 2006

Ser Especial.


Ela é muito gira.

E sabe disso e representa isso naquilo que faz, que é, pelo que julgo saber e em grande parte, fotografia.

É simpática e acessível.

Mas isso não a faz nada de especial.

Faz coisas simples, que são geniais porque à mão de semear, mas não colhidas até ela chegar lá.

Mas:

Ela tem 16 anos.

Não vive propriamente numa cidade como Tóquio ou New York.

Não é filha de Andy Warhol nem de Magritte.

Fazendo o que faz, onde, quando e como está, só pode ser Especial.

E Eu. Eu, por aqui, sinto-me Especial por tê-la conhecido através daquilo que ela faz. E que eu vejo. E que a torna muito, muito Especial.

Ainda que me magoe, quando diz 'é estranho quando dou por mim num mundo bizarro e mais ainda quando o lado mais bizarro do mundo sou eu'.

Marcadores: , , , , ,

10 março 2006

Les uns et les autres


nao sei quem é, não sei quem tirou

mas claro, pedi-lhe para a por.

diz-me tantas coisas, sem saber quem é.

que não descrevo, mas enumero, sem ter fim.

Diz-me

piscina

hockney

copacabana

peões

steve meisel

idiotas

pop art

confusão

cadência

incompreensão

ser original, não ser convencido

calma

chatos

apport

moda

detroit

neutros

dinâmica

laroca

bulício

consumo

laranja

vida as it is

urbanismo

24-h

vida comum, vida banal

self-made artist

les uns et les autres

09 março 2006



Nas nossas ruas, ao anoitecer, Há tal soturnidade, há tal melancolia, Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia Despertam-me um desejo absurdo de sofrer.
O céu parece baixo e de neblina,


[...]

E os edifícios, com as chaminés, e a turba

Toldam-se duma cor monótona e londrina.

Batem os carros de aluguer, ao fundo,

Levando à via-férrea os que se vão. Felizes!

Ocorrem-me em revista, exposições, países:

Madrid, Paris, Berlim, Sampetersburgo, o mundo!

Semelham-se a gaiolas, com viveiros,

As edificações somente emadeiradas:

Como morcegos, ao cair das badaladas,

Saltam de viga em viga, os mestres carpinteiros.

Voltam os calafates, aos magotes,

De jaquetão ao ombro, enfarruscados, secos,

Embrenho-me a cismar, por boqueirões, por becos,

Ou erro pelos cais a que se atracam botes.

E evoco, então, as crónicas navais:

Mouros, baixéis, heróis, tudo ressuscitado

Luta Camões no Sul, salvando um livro a nado!

Singram soberbas naus que eu não verei jamais!

E o fim da tarde inspira-me; e incomoda!

De um couraçado inglês vogam os escaleres;

E em terra num tinido de louças e talheres

Flamejam, ao jantar, alguns hotéis da moda.

[...]


Cesário Verde [1880]Sentimento de um Ocidental [escrito aos 25 anos]


Foto:

70 Pine Street
New York

Marcadores: , ,

08 março 2006





Nel mezzo del cammin di nostra vita
mi ritrovai per una selva oscura
che' la diritta via era smarrita.

Inferno, Canto I



Incipit Comoedia Dantis Alagherii,
Florentini natione, non moribus.







Projecto Gutenberg

[17.ooo livros on-line, acesso gratuito]

Marcadores: ,

06 março 2006

A Vicunha (Vicugna vicugna) é o animal que possui o menor tamanho entre os camelídeos andinos chegando no máximo a 1.30 metros de altura e podendo pesar até 40 Kg. Sua pelagem é muito fina e tem alto valor comercial, por esse motivo, a vicunha esteve à beira da extinção por causa dos caçadores ilegais. A população de vicunhas, que chegou a ter apenas 25.00 exemplares, chega a quase 170.000 atualmente (aproximadamente 100.000 vivem no Peru), e o número vem crescendo em média 8% por ano.

05 março 2006

Modernismo na Tate


Albers and Moholy-Nagy: From the Bauhaus to the New World

9.1.2oo6 - 4.6.2oo6

na TaTe MoDerN

Marcadores: , , , ,

04 março 2006

M.I.T.


O mui-famoso MIT na actualidade portuguesa é uma peça de um baralho. E nem todos estamos a vê-lo todo. Éstá em vista um EIT... mais do que Massachussets, um European Institute of Technology. Fica a newscast do Financial Mirror:



EU wants its own "MIT" hi-tech university


22/02/2006


The European Union plans to set up a European Institute of Technology - its own version of an elite research centre designed to close an ever-widening high-tech gap with economic rivals US, China and Japan.

The EU must step up research into innovative products and services in a drive to boost the bloc's competitiveness, the European Commission said.

The EU plans are inspired by the world-renowned Massachusetts Institute for Technology (MIT).

"Europe consistently falls short in turning research and development results into commercial opportunities," EU education commissioner Jan Figel told reporters.

"Our deficit in Europe is not in the humanities, but we have the urgent problem of lagging behind the US in science, research and innovation," Commission chief Jose Manuel Barroso added.

The EIT would not be a new university on a single site but would comprise of a management board for European research which would coordinate research across the bloc, connecting academic research with business.

Energy, environment, information technologies and nano technologies will be key areas of research, Barroso said.

The EIT would be designed to upgrade research done at the EU's universities, but above all give it "a European dimension" which existing institutions lack, he added.

"They don't get much funding from the private sector now and will never do because of their purely national dimensions," the Commission chief said, adding that laws in many member states constrict research and innovation.

Barroso underlined that the EU injects one third less in research and development than the US. "Investment in (this area) in the Union is currently at a standstill," he added.

The 25-nation bloc wants to raise spending on research and development to 3% of Gross Domestic Product by 2010. The bloc currently pumps 1.96% of its GDP into the sector, compared to 2.6% of GDP in the US and 3.1% of GDP in Japan.

With many young and brilliant scientists leaving Europe for America once they finish their studies, experts estimate that the EU needs 700,000 skilled researchers by 2010.

While a group of members of the European Parliament want to base the EIT's governing board in the Parliament's buildings at its main seat in Strasbourg, the Commission did not comment on the location.

France has already vetoed the MEP's initiative. European leaders are scheduled to take up the plan for setting up an EIT at a summit in March that will focus on efforts to modernize and speed up the EU's sluggish economy.

Marcadores: ,