31 janeiro 2006

Cavaco Silva


Houve quem tomasse como 'fortes' as observações de Lorenzetti a Cavaco Silva.

Como sempre, nada daquilo que aqui se diz é pessoal, tal como não é intransmissível...

Cavaco Silva pode ser óptima pessoa, pode até não ser arrogante, mas sim gentil e encantador, óptimo pai de família. Esse é um facto privado que em nada nos interessa.

O problema não está no personagem; está no eleitorado.

O eleitorado ignorante [mais de 50% dos maiores de 65 anos em Portugal é analfabeto absoluto, não apenas funcional] comprou o sabonete que o marketing PSD-PP vendeu, com um sucesso que merece felicitações.

Não se entenda com isto que há aqui qualquer complexo quanto ao sufrágio universal: ele é a pedra de toque da democracia.

Porém, não podemos ignorar a ignorância.

Ela existe. Desde logo nos eleitores. E agora na Presidência.

Não temos nada contra Cavaco Silva. Temos pena que não tenha tido uma formação cultural e humanística adequada, da qual dependeria o seu perfil para Presidente e, porventura, a sua completude enquanto ser humano.

E lamentamos a ignorância que grassa em Portugal, sem que com isto nos coloquemos num palácio de marfim.

E é tudo.

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O Cavaquistão


Na página 6 do Público de 24.1.2oo6 vinha um artigo com o título 'Vagos, a nova capital do Cavaquistão'.

Inquiridos sobre a razão do seu voto [85.07% em Cavaco Silva], os habitantes de 'Vagos' [no distrito de Aveiro], responderam que foi pelo que o candidato não disse. Foi pelo que não fez: 'foi um homem de poucas palavras, que não atacou ninguém'.

Por isso, meus amigos, já sabem: se o vosso ego precisa de reconhecimento público, candidatem-se a qulquer coisa. E fiquem calados. A vitória é garantida.

Por aqui sempre lamentámos o facto de termos tido um Secretário de Estado da Cultura [mais tarde Primeiro-Ministro!] que dizia ser grande apreciador dos 'violinos de Chopin'. É claro que ninguém é obrigado a saber que Chopin e violinos não têm grande relação. Mas também devia ser claro que ninguém é obrigado a fingir que sabe. Pior que a ignorância é a falsa intelectualidade.

Feitas as contas, Santana Lopes foi tratado de forma injusta. Como ignorante e vaudeville. Em boa verdade, Cavaco Silva não é muito diferente. É mais idoso, menos elegante, tem um doutoramento em Economia. Porém, não parece mais culto. E não é nada falador. E dele não se conhecem, igualmente grandes obras.

Isto porque ficámos indecisos entre duas imagens:

se Cavaco Silva era o Tino de Rans do PSD;

ou se um Santana Lopes calado, pouco sofisticado e doutorado.

Venha o diabo e escolha.

Os eleitores já o fizeram, mas para já sem Santana como opção.

30 janeiro 2006

O Cavaquistão


Na página 6 do Público de 24.1.2oo6 vinha um artigo com o título 'Vagos, a nova capital do Cavaquistão'.

Inquiridos sobre a razão do seu voto [85.07% em Cavaco Silva], os habitantes de 'Vagos' [no distrito de Aveiro], responderam que foi pelo que o candidato não disse. Foi pelo que não fez: 'foi um homem de poucas palavras, que não atacou ninguém'.

Por isso, meus amigos, já sabem: se o vosso ego precisa de reconhecimento público, candidatem-se a qulquer coisa. E fiquem calados. A vitória é garantida.

Por aqui sempre lamentámos o facto de termos tido um Secretário de Estado da Cultura [mais tarde Primeiro-Ministro!] que dizia ser grande apreciador dos 'violinos de Chopin'. É claro que ninguém é obrigado a saber que Chopin e violinos não têm grande relação. Mas também devia ser claro que ninguém é obrigado a fingir que sabe. Pior que a ignorância é a falsa intelectualidade.

Feitas as contas, Santana Lopes foi tratado de forma injusta. Como ignorante e vaudeville. Em boa verdade, Cavaco Silva não é muito diferente. É mais idoso, menos elegante, tem um doutoramento em Economia. Porém, não parece mais culto. E não é nada falador. E dele não se conhecem, igualmente grandes obras.

Isto porque ficámos indecisos entre duas imagens:

se Cavaco Silva era o Tino de Rans do PSD;

ou se um Santana Lopes calado, pouco sofisticado e doutorado.

Venha o diabo e escolha.

Os eleitores já o fizeram, mas para já sem Santana como opção.

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29 janeiro 2006

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Aldo Romano na Culturgest


La Culturgest e l'Istituto Italiano di Cultura di Lisbona sono lieti di presentare il prossimo 4 Febbraio presso il Grande Auditorio della Culturgest (alle 21h30) il concerto jazz del Trio di Aldo Romano. Strumentista versatile e originale, Aldo Romano é considerato uno dei migliori batteristi del panorama jazz europeo. Nel 2004 ha ricevuto il prestigioso Jazzpar, uno dei premi più importanti del jazz internazionale, in riconoscimento della sua prestigiosa carriera. Il pubblico portoghese potrà ascoltare in quest'unica tappa lisboeta brani tratti dal disco Threesome, realizzato nel 2004 con Danilo Rea al piano e Remi Vignolo al contrabbasso.



Aldo Romano nasce a Belluno, Veneto, Italia, nel 1941. Ancora molto giovane si trasferì in Francia, mantenendo la nazionalità italiana. Autodidatta, ha cominciato con la chitarra prima di dedicarsi alla batteria. A Parigi, nei club jazz, agli inizi degli anni '60, ha suonato con grandi musicisti americani in visita in Europa, come Jackie McLean, Bud Powell, Stan Getz o Kenny Drew.
Nel 1964 faceva parte di un gruppo di free jazz e nel 1965 cominciò a lavorare con Carla Bley, Steve Lacey, Enrico Rava, Gato Barbieri, Don Cherry. Verso la fine degli anni '60 ha suonato con Dexter Gordon, Jean-Luc Ponty, Michel Portal, Phill Woods, Joachim Kühn, Keith Jarrett. Nel 1970 ha formaro il suo primo gruppo, "Total Issue", seguito, nel 1974, da un altro "Pork Pie", percorrendo la strada, in voga in quel momento, della fusione del rock con il jazz. Oltre ad aver suonato con Chet Baker o René Urtreger, ha formato un quartetto italiano con Paolo Fresu, Franco d'Andrea e Furio Di Castri con i quali ha inciso quattro dischi, uno dei quali, Canzone, arrangiamenti di canzoni popolari.

Aldo Romano è musicista e compositore immaginativo, che supera le frontiere del jazz accademico, senza demagogia musicale, analizzando temi evocativi delle più diverse origini geografiche (America Latina, Africa, Europa, oltre agli Stati Uniti) sia di musica popolare, sia di musica erudita, inventando, provando nuovi stili, partecipando a numerose e diverse formazioni.

Aldo Romano é uno dei maggiori nomi del jazz europeo.




4 Febbraio 2006, alle 21h30
GRANDE AUDITÓRIO DELLA CULTURGEST

Rua Arco do Cego
1000-300 Lisboa

Durata 1h30
20 Euro
Fino ai 30 anni: 5 Euro.

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28 janeiro 2006

Carissimi,



Para uma das composições mais extraordinárias possíveis quanto a este excerto:

'Laudamus te, benedicimus te, adoramus te,
Glorificamus te, gratias agimus tibi propter magnam gloriam tuam'

Giacomo Carissimi [1605-1674].


Ou não tivesse sucedido a Monteverdi e ensinado Charpentier.


É sublime e radical como aqui se conjuga a espiritualidade do tema [e do local de execução] à vivacidade do contraponto barroco.

A caçar.

Carissimi Missa a Três Vozes para Dois Tenores, Baixo e Contínuo

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27 janeiro 2006

Ó Pai...


... se o João tem de preparar um Curriculum e ir a entrevistas porque é que os candidatos a Presidente e a Primeiro-Ministro não têm?

Bom, o teu irmão está à procura do primeiro emprego e eles nã.... bem, alguns...olha, vai ali perguntar à mãe!

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26 janeiro 2006

Ressaca Presidencial

Soares serviu o PS

O PS serviu-se de Soares

Mesmo que aproveitando-se do seu alegado narcisismo.

E mesmo assim, Soares saiu a ganhar: deu o corpo [e saúde] ao manifesto.

E o Governo de Sócrates safa-se bem melhor com Cavaco Silva na Presidência... do que com Alegre.

E assim acaba esta 'Campanha Alegre'.




Assim foi que, chegando da Universidade com o meu Proudhon mal lido debaixo do braço, me apressei a gritar na cidade em que entrava: Morte à tolica!

Uma Campanha Alegre, 1890

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25 janeiro 2006

The End of Politic[ician]s


The last Presidential election in Portugal [last January 22nd] proved once more that Portugal, as many other European States [for the least] lacks a new generation of strong political leaders.

One might say that this has always happened and that electors are simply more demanding.

In any case, the Portuguese King D. Sebastião de Portugal, which disapeared in a military campaign within the Portuguese conquests which took place in northern Africa in the 16th century is still a present image [a metaphor, obviously], for the almost divine salvation of the Portuguese Nation: his return in a white horse, covered by mist and mistery.

As it is made obvious, H.H. D Sebastião de Portugal will not return and one even ignores if H.H. would be the answer for all our problems.

In any case, one must find new leaders and it was mentioned here some weeks ago, the two main candidates for the Presidency have already assumed relevant positions as leaders of Government and, in one case [Mr. Soares], as a President for two mandates.

We do value experience, but we also value expertise.

Representation is the upmost feature of a President and it is thus demanded a strong fibre in moral terms and image towards the world [which clearly includes sound preparation for social venues and relationships and the sense of compromise].

Is Mr. Silva up to it?

In nowadays Europe, everything seems possible. Let us try and trick the probabilities by investing in Education and Culture. Please prioritise. Resources and time are limited and one wants sharp results. Our wanted result is better quality of life for all. Are you in?

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24 janeiro 2006

A compilação do P





1. Pink Panther Theme - Henry Mancini 2. Panther Theme (Fischerspooner Remix) - Henry Mancini
3. Fever (Gabin Remix) - Peggy Lee
4. Corazon - Titan
5. Smokebomb - Ursula 1000
6. The Girl From Ipanema - Pizzicato Five
7. Weapon Of Choice - Fatboy Slim
8. Sacre Francais - Dimitri From Paris
9. Summer Sun - Koop (featuring Yukimi Nagano)
10. Bachelor Pad - Fantastic Plastic Machine
11. Voulez Vous? - Arling & Cameron
12. The Pink Panther Theme - Colored by St. Germain
13. San Antonio - Kinky
14. Shot In The Dark/Peter Gunn (Under The Gunn Mix) - Chris Mancini & Lennart
15. Bossa Per Due - Nicola Conte
16. Intraspettro - Les Hommes
17. Tres Tres Chic - Mocean Worker
18. The Pink Panther Theme (Malibu Remix) - Henry Mancini

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23 janeiro 2006

Socrates v Alegre


A petite grande question da sobreposição Sócrates / Alegre [ou, como referem alguns, PMinistro / segungo candidato mais votado na Presidenciais] merece melhor análise.

Com efeito, ninguém nega a sobreposição: o Primeiro-Ministro [ou líder do PS, como queiram] fez declarações sobre os resultados das eleições presidenciais antes de os candidatos, eles próprioas, as fazerem.

Pior: entrou a meio do discurso de um candidato que [por sinal?] era o segundo candidato mais votado e [também por sinal?] é do PS e que [já são sinais a mais] se cadidatou à margem do apoio do PS e [que confusão de sinais] tem posições mais radicais quanto ao actual Governo de Portugal do que o alegado candidato da direita.

José Sócrates diz que não quis sobrepor-se, que não sabia que o candidato Manuel Alegre ia a meio do seu discurso.

Para não saber, é porque o seu staff é muito mau.

Qum assessora o Primeiro-Ministro / líder do PS?

Das duas uma: ou os assessores estavam a dormir [e devem tirar-se daí todas as consequências -- leia-se demiti-los e responsabilizá-los tanto quanto possível] ou a interrupção foi deliberada.

Qual a pior para a democracia?

Provavelmente uma terceira hipótese, que é a mais realista: vai ficar tudo na mesma.

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22 janeiro 2006

Presidenciais 2oo5


O General Ramalho Eanes apoia a candidatura de Cavaco Silva para a Presidência da República de Portugal.

Por aqui, apoiávamos o General Ramalho Eanes para a Presidência da República. Sempre apoiámos.

Pois é o único com perfil.

Lembramo-nos de outro sénior, na idade, na cultura, no rigor, na disciplina e na seriedade: Vieira de Almeida, sugerido para a Presidência por Baptista Bastos.

Um óbice: Vieira de Almeida dificilmente conquistaria o apoio das massas. E não haveria tempo para uma learning curve.

Surgiu porém como apoiante incondicional de Márrio Soares, que, a nosso ver, não é melhor que o mestre, e que, pensamos, não tem perfil. Nunca teve.

Eanes seria a solução. Foi Presidente, cremos, na altura errada. Hoje precisamos dele. E 'ele' sugere-nos uma decepção.

Vieira de Almeida e Ramalho Eanes, ambos 'presidenciáveis', sugerem duas decepções, dois políticos que já foram, respectivamente, Presidente (e Primeiro-Ministro) e Primeiro-Ministro.

É uma pena.

E demonstra aquilo que temos lamentado: a falta de líderes com carisma, dignidade e competência.

Não encontramos isso em nenhuma das candidaturas, sobretudo nestas eleições que se avizinham. Votaremos com algum pesar.

Portugal, Presidenciais 2oo6


A antecipar as discussões de Domingo, há três questões práticas a colocar quanto ao futuro Presidente da República:

I. Irá residir para Belém?

II. Irá desempenhar o cargo com dignidade, designadamente em matéria de política externa?

III. O que irá mudar na política interna?


Há duas correntes de 'opinião' quanto à residência em casas oficiais:

1. É chique, é aproveitar!
2. É saloio, que disparate!

Por aqui não achamos chique nem saloio, achamos que faz parte do cargo que, caso contrário, não incluiria uma residência oficial.

Não residir na residência oficial é pois incumprir os deveres do cargo.

Está tudo dito.


E em termos de política externa? Será que o próximo Chefe de Estado desempenhará com dignidade o cargo, representando de forma sóbria uma Nação com quase mil anos de história? Conhecemos várias histórias de vários candidatos e isso ajuda ao nosso sentido de voto quanto a este aspecto. Podemos usar aquele critério simples e eficaz quando se trata de um cargo de forte componente diplomática e social: não votemos em alguém que nos embaraçasse caso o convidássemos para jantar em nossa casa. E perguntemo-nos, caros co-eleitores: convidaríamos qualquer um dos cinco candidatos a jantar nas nossas casas? Claro que não. Da mesma forma, não nos sentiríamos bem em ser representados por tal indivíduo no exterior. É a nossa imagem que está em jogo. E à mulher de César não basta sê-lo... E ao Chefe de Estado, passe a expressão, a nossa 'mulher' e a 'mulher' da nossa Pátria, não basta ser mulher de Portugal (César)... Tem de parecê-lo e comportar-se com dignidade. Pois uma Nação fundamental na civilização ocidental, como é a nossa, tem de dar o exemplo, ser exemplar. E não motivo de chacota e desilusão. Cuidemos pois de eleger um representante digno. E para isso, bem sabemos, de nada serve um doutoramento. A verdadeira educação social está em casa, na academia está a formação profissional.

E o que irá mudar na política interna? Provavelmente nada, dada a ausência de poderes do Presidente neste aspecto, salvo a famosa bomba atómica, as mensagens ao Parlamento e o poder de influência em termos de opinião pública e através da comunicação social. Como 'provedor' dos Portugueses, e porque estamos em democracia, o Presidente não vai, pois, alterar o expectro político.

O critério de voto, por estes lados, é pois simples: um homem capaz de gerar consensos, não belicoso, com uam educação que lhe permita representar Portugal de forma digna.

No seu íntimo, os Portugueses sabem quem [não] tem estas características.

A responsabilidade pelo que suceder é vossa, não é dele.

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20 janeiro 2006

O que é que te move ?


Descobrimos a pergunta fundamental. Será que mudaremos de ideias quanto a isso?

19 janeiro 2006

Português na ONU


Petição que tem por objectivo apelar ao reconhecimento oficial do idioma Português na Organização das Nações Unidas, à semelhança do que já sucede com o Árabe, Chinês, Espanhol, Francês, Inglês e Russo.

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18 janeiro 2006

Analfabetismo quase nacional

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17 janeiro 2006

Bob Richardson


Mais uma baixa na alta da fotografia.

Desta vez Bob Richardson. Com a particularidade de ter sido diagnosticado esquizofrénico aos 21 anos [facto que manteve em segredo durante décadas, e que 'alinhou' com drogas e álcool], Bob Richardson tornou-se um dos fotógrafos mais requisitados na área da moda, apesar de o próprio afirmar [em entrevista à PDN em 1997] que New York não lhe ligava nenhuma:

'People like Liz Tilberis and Anna Wintour should be ashamed of themselves.

Most of the stuff they put out is shit.

New York has definitely succeeded in raising mediocrity to an art form. It's ridiculous. In Europe I'm considered a genius; in New York I'm nobody
'.

Fica a sua obra e, também na fotografia, o seu filho Terry Richardson.

Rest in Peace.

'That's another lie. People aren't moral. You know when I was a little boy - my father gave me a dictionary - probably the best thing I ever got for Christmas. It was a huge dictionary that was printed in England and it had a red morocco leather cover.

PS - 'That's another lie. People aren't moral. You know when I was a little boy - my father gave me a dictionary ... The first word I looked up in the dictionary was 'hypocrisy' because I knew that I was surrounded by it. I had heard the word in school and I came home and something told me to look it up and under H there it was -hypocrisy. And I was right - I was surrounded by it. There is no 'morality' in this world. But I'm a very moral person because I was trained by my parents to try to be civilized. Don't be a Neanderthal, don't be a monster. Don't hurt people, fight to defend yourself - but don't hurt people. So to me that's all a civilized person is and it wasn't to do with education or anything else - it's instinct'

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15 janeiro 2006

'O país do decreto'


Todos sabemos do amor dos políticos portugueses às leis [pelo menos em fazê-las], naquilo que alguém chamou, de forma deselegante mas certeira, de desinteria legislativa, ainda que [paradoxos da vida] não seja raro encontrar áreas não reguladas, naquele preciso momento em que surgem problemas graves e aí, toca a sair um acto legislativo.

No Lorenzetti houve recentemente uma petite-question automobilística, que nos levou a ver a legislação automóvel.

É um belíssimo caso de toda uma árvore genealógica de diplomas, numa família de imortais: todos eles em vigor e cada um a regular o detalhe dos detalhes no que se refere ao mundo automóvel.

É daqueles pequenos casos onde seria interessante um Código. Aliás, ele já existe. Código da Estrada, diz-se. Mas assim é que é. Com um código e largas dezenas de diplomas vamos longe...

Vejam a panóplia nesta página da DGV.

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[H]à Escuta[s]


percebe-se que não estamos a falar de escutas, mas de 'meros' registos de chamadas, meros extractos detalhados quanto à originação e terminação de chamadas vocais, com indicação das horas de início e de fim de chamadas e sua duração.

A ser isto não há escutas.

É evidente que se colocam questões relacionadas com o segredo de Estado e/ou privacidade, conquanto estejamos a falar ou de linhas e conversas entre titulares de órgãos de soberania ou de linhas e conversas pertencentes a particulares, ainda que sendo estes titulares de órgãos de soberania.

In any case, a habitual histeria popular e mediática em torno de questões como esta -- que é muito grave -- em nada ajuda à resolução do problema.

Desde logo, importa saber de forma clara e decisiva qual a fonte do jornal 24 Horas, que terá dado o mote à polémica.

Em segundo lugar, responsabilizar os responsáveis pela fuga de informação.

E em terceiro e provavelmente último lugar, apurar se além da fuga de informação, estamos perante informação que, ela própria, pela sua natureza, era detida e/ou processada legalmente [e aqui não nos referimos naturalmente ao operador de telecomunicações, mas à entidade ou entidades que acederam à informação e a transmitiram ao jornal ou relativamente às quais o jornal obteve informação, até porque em declarações a um canal de televisão, um responsável do mesmo jornal disse, em jeito de graça [na óptica do próprio, dada a forma como o disse], que não tinha sido o jornal a roubar os dados à PT.

É certo. Aquilo veio de algum lado, e isso é que importa.

Se o Procurador se demite ou não... isso é o menos.

14 janeiro 2006

À escuta


percebe-se que não estamos a falar de escutas, mas de 'meros' registos de chamadas, meros extractos detalhados quanto à originação e terminação de chamadas vocais, com indicação das horas de início e de fim de chamadas e sua duração.

A ser isto não há escutas.

É evidente que se colocam questões relacionadas com o segredo de Estado e/ou privacidade, conquanto estejamos a falar ou de linhas e conversas entre titulares de órgãos de soberania ou de linhas e conversas pertencentes a particulares, ainda que sendo estes titulares de órgãos de soberania.

In any case, a habitual histeria popular e mediática em torno de questões como esta -- que é muito grave -- em nada ajuda à resolução do problema.

Desde logo, importa saber de forma clara e decisiva qual a fonte do jornal 24 Horas, que terá dado o mote à polémica.

Em segundo lugar, responsabilizar os responsáveis pela fuga de informação.

E em terceiro e provavelmente último lugar, apurar se além da fuga de informação, estamos perante informação que, ela própria, pela sua natureza, era detida e/ou processada legalmente [e aqui não nos referimos naturalmente ao operador de telecomunicações, mas à entidade ou entidades que acederam à informação e a transmitiram ao jornal ou relativamente às quais o jornal obteve informação, até porque em declarações a um canal de televisão, um responsável do mesmo jornal disse, em jeito de graça [na óptica do próprio, dada a forma como o disse], que não tinha sido o jornal a roubar os dados à PT.

É certo. Aquilo veio de algum lado, e isso é que importa.

Se o Procurador se demite ou não... isso é o menos.

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13 janeiro 2006

Livros & 'Enquêtes'


Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?
O Guia Michelin.

Já alguma vez ficaste apanhadinha(o) por uma personagem de ficção?
Hannibal. Só me aborrece que ele coma a cara às pessoas.

Qual foi o último livro que compraste?
The End of Art, de um tal Donald Kuspit.

Qual o último livro que leste?
Vermeer, do Lawrence Gowing.

Que livros estás a ler?
O End of Art, The Urban Lifeworld, Islamic Arts [Phaidon], A Little History of the World [Gombrich, a ver se é digno de oferta aos meus priminhos], Unfinished Journey [Yehudi Menuhin], La Constitution de l'Angleterre [Jean de Lolme].

Que livros (5) levarias para uma ilha deserta?

Provavelmente quebrava a regra dos 5: era ler tudo o que tive a sorte de ter sem precisar de comprar. E que enche paredes que raramente vejo. A lista de leituras vai aumentando com as gerações. O tempo vai diminuindo. E a visão também.

A quem vais passar este testemunho (3 pessoas) e porquê?

Aos meus leitores [não, não tenho tripla personalidade].



Da [Indis]Pensáveis.

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12 janeiro 2006

PT


PT é muitas vezes utilizado como sigla para Portugal.

É igualmente sigla de um conhecido grupo empresarial Português: a Portugal Telecom.

Grupo que lançou uma campanha publicitária, de 30 de Dzeembro e até 22 de Janeiro de 2oo6, que tem causado algum frisson.

Aqui no Lorenzetti causou aquela sensação do 'olha mais uns'.

Como diria alguém, 'já não há pachorra'.

Continuam a debater-se estas questões, mas nada acontece. É um país inconsequente, sem que daqui devam retirar-se conclusões políticas transviantes...

Para ficarmos desde já entendidos,' a Bandeira Nacional, símbolo da soberania da República, da independência, unidade e integridade de Portugal, é a adoptada pela República instaurada pela Revolução de 5 de Outubro de 1910. O Hino Nacional é A Portuguesa. A língua oficial é o Português [Art. 11 da Constituição].

E 'quem publicamente, por palavras, gestos ou divulgação de escrito, ou por meio de comunicação com o público, ultrajar a República, a bandeira ou o hino nacionais, as armas ou emblemas da soberania portuguesa, ou faltar ao respeito que lhes é devido, é punido com pena de prisão até 2 anos ou com pena de multa até 240 dias. Se os factos descritos no número anterior forem praticados contra as Regiões Autónomas, as bandeiras ou hinos regionais, ou os emblemas da respectiva autonomia, o agente é punido com pena de prisão até um ano ou com pena de multa até 120 dias' [art. 332 do Código Penal].

A bandeira nacional é um assunto complexo, como a imagem demonstra [!] e é um dos símbolos nacionais, devendo ser utilizada em momentos solenes de carácter nacional e oficial. Não em campanhas publicitárias nem no topo de barracas. Seja o produto um telefone ou um rolo de papel higiénico.

Isto parece-me pacífico à esquerda e à direita do espectro político.

Creio ser consensual. A Nação é una, indivisível, e os cidadãos respeitam-na porque estão dentro dela e garantem a sua dinâmica e revêm-se nela, percebendo a sua utilidade afectiva e funcional.

A bandeira nacional, 'como símbolo da Pátria, representa a soberania da Nação e a independência, a unidade e a integridade de Portugal, devendo ser respeitada por todos os cidadãos, sob pena de sujeição à cominação prevista na lei penal' [Art.1/1 do DL 150/87, em plena democracia...].

E a bandeira nacional 'será usada, em todo o território nacional, de harmonia com o previsto' no DL 150/87.

Prescindir dos símbolos nacionais [o mesmo se aplica ao Hino] a publicidade não é falta de ousadia, é bom senso.

Usá-los é falta de imaginação e de criatividade: é um verdadeiro ready-made; é mau serviço publicitário e um abuso evidente e desnecessário dos símbolos nacionais.

Continuamos sem perceber qual a mente destorcida que teve uma ideia [ou, precisamente, não tem ideias...] tão infeliz e pobre.

É um mau dia para a publicidade em Portugal e para Portugal no mundo. Mesmo que não se considerasse [e considera-se, pelo menos por aqui] um acto fora da lei.

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09 janeiro 2006

Be the love generation...




H. Rodney Nevitt Jr. [2003] Art and the Culture of Love in Seventeenth-Century Holland, Cambridge University Press

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08 janeiro 2006

Financiamento dos Partidos


Se há coisa que demonstra a seriedade de alguém é sua vida financeira.

E se há coisa que Lorenzetti valoriza nos partidos é transparência nas contas. As conclusões retiradas pelo Tribunal Constitucional na análise que faz às contas dos partidos merecem pois alguma atenção.

A ideia de chamar a questão dos financiamentos das campanhas no âmbito destas presidenciais em Portugal é simplesmente deliciosa. Uma ideia da esquerda, disse o DN, que nem é propriamente de esquerda.

É que aqui caem as máscaras.

Afinal quem paga a quem?

E, sobretudo, quem é pago por quem?

E é interessante ver as 'ideias' [!] dos candidatos e a correspondência da natureza dessas 'teses' [ou mesmo 'promessas', ainda que não se trate de legislativas] com a natureza das entidades ou pessoas que financiam os candidatos.

O único candidato que vi pronunciar-se sobre o assunto, num qualquer telejornal [não vejo muita TV, confesso] foi Cavaco Silva, que afirmou ser essa uma questão do seu Director Financeiro.

Uma jornalista perguntou-lhe quem eram, não todos, mas quais os seus maiores financiadores. Cavaco disse algo como 'não me lembro'. E percebeu-se bem o que disse Cavaco, porque desta vez não havia bolo.

Continuamos sem perceber de onde vem o dinheiro dos muitos bolos eu por aí andam.

Podemos dar largas à imaginação com base em ideias feitas sobre os candidatos:

O dinheiro para a campanha de Louçã vem do próprio Louçã, de outros Louçãs, e de alguns misteriosos doadores, desde o sector circense até [pasme-se] o sector religioso;

O dinheiro para a campanha de Cavaco vem de empreiteiros de Boliqueime e banqueiros de Lisboa e Porto com contas na Madeira e Zurique;

O dinheiro para a campanha de Soares vem [ver supra e juntar alguns democratas];

O dinheiro para a campanha de Jerónimo de Sousa vem das assets do PCP, e das doações de militantes vivos ou de legados de falecidos.

Será assim?

Pois é, têm razão: não sabemos.

02 janeiro 2006

Portugal e Funcionalidade



Encontra-se na colecção permanente do Museu do Louvre uma peça feita para D. José de Portugal que, inadvertidamente, simboliza a falta de pragmatismo nacional. Trata-se de um centro de mesa executado pelo grande mestre François-Thomas Germain (bem representado em Lisboa no Museu de Arte Antiga e também na Colecção Gulbenkian, para os interessados...).

A característica da peça que aqui refiro é esta: ao contrário da função originária (Luís XIV) dos centros de mesa – que contêm elementos para iluminação, sal, azeite, ... – o ‘surtout de Joseph 1er est, au contraire, purement décoratif’, como refere o próprio Louvre.

Este desprezo pela funcionalidade do objecto é pois como que um mal nacional: não interessa para que serve, interessa quem serve: é a lógica da ostentação, do gasto supérfluo, para o qual a máxima ‘à mulher de César não basta ser...’ de nada serve. Pelo contrário, o ideal será unir à funcionalidade ao belo (evito pois a posição extrema da identificação belo/funcional...).

O problema não é infelizmente apenas estético... O chamado ‘imobilismo nacional’ exige uma reprovação e, mais, uma alternativa: uma demonstração de acção, de rigor, de eficiência.

Refiro-me de forma vaga a algo muito abrangente: esta lógica aplica-se à Educação, à Ciência, à Economia, à Arte... Será que ainda alguém pode contestar a separação entre estas áreas?